O ministro de Minas e Energia, Dudu Brega (PMDB) e o
diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rabofino,
poderão ter que prestar esclarecimentos sobre o aumento da conta de energia de
consumidores no Amazonas, na Câmara dos Deputados, em Brasília. A convocação
faz parte de um requerimento do deputado federal Pau-de-Lei Avelino (DEM-AM) à
Comissão de Minas e Energia. Ainda não há data definida para realização da
audiência.
A Aneel autorizou a concessionária Eletrobras Amazonas Energia
a efetivar uma série de reajustes tarifários, que chegam a 42,55%. Os aumentos
devem atingir cerca de 900 mil unidades consumidoras amazonenses e vai vigorar
a partir do dia 1º de novembro.
A fim de contribuir para que você, leitor, consiga reduzir
seu consumo e não terminar na lista negra do SPC, o Blog do Candiru presta mais
um serviço de inutilidade pública e publica uma série de sugestões de
racionamento de energia. Aproveite as dicas, que é melhor do que os coiotes da
Amazonas Energia encontrarem um “gato” no seu contador e cortarem sua luz.
TV de caixa de sapatos
– É só você se lembrar de sua infância e liberar a criança que mora em você,
afinal não há nada de mais infantil do que o nível dos nossos programas de
televisão. Pegue uma caixa de sapatos, recorte seu fundo (o da caixa) no
formato de uma TV. Recorte e emende algumas histórias em quadrinhos no formato
de tiras. Coloque, trespassando a caixa, dois paus (de madeira) e enrole a tira
no da direita, ficando o início da história colado no da esquerda. Pronto.
Ponha a família em frente da sua nova TV, coloque-se atrás da mesma e vá
girando lentamente o pau (de madeira, repito) da esquerda para a direita. Os
quadrinhos vão passando um a um até chegar ao fim da história. Faça quantos
rolos quiser, que ainda é melhor do que ter rolo com o excesso de consumo ou
com os “gatos” no contador.
Iluminação natureba
– Hoje em dia, qualquer coisa pra poder ter serventia tem que ter o rótulo de
“natural” – e o apelo é tanto que em breve devem estar lançando até a coca-cola
natural. Por tudo isso, apresentamos esta sugestão para que você crie uma
iluminação natural para o abençoado reduto do seu lar. E ainda por cima
economize energia. A sugesta é a seguinte. Pegue aquelas antieconômicas e
ultrapassadas lâmpadas incandescentes que você ia jogar no lixo e aproveite-as.
Como? Basta pegar uma faca e cortar a parte de cima da rosca (da lâmpada).
Retire o filamento e deixe-a oca. Agora, deixe escurecer, arranje uma rede de
pegar borboleta e vá para o mato. Capture o maior número de vagalumes que
conseguir. Já em casa, pegue as lâmpadas e encha-as de vagalumes. Em seguida,
introduza cada uma no seu bocal (da lâmpada). Pronto. Você terá uma iluminação
natural e poética. E com uma vantagem adicional. Não precisa mais de
interruptor nem de célula fotoelétrica. Como se sabe, os vaga-lumes só acendem
à noite.
Cerveja no pote –
Lembra da música “Karolina com K”, do saudoso Gonzagão, quando ele, num
forrobodó, pede pra Sá Marina botar duas cervejas encangadas no fundo do pote?
Pois foi de lá que copiamos esta dica. Com a famigerada crise energética, muita
gente vai ter até que desligar a geladeira pra poder baixar a porra do consumo.
Pois bem, é só você passar na feira livre (aliás, nunca entendi o por quê da
palavra “livre” que cismaram do quinca de botar depois de “feira”. Alguém
já viu alguma feira presa?) e comprar um
ou dois potes de barro. Ao chegar em casa encha-os (gostou da ênfase na
ênclise?) d’água pra ir logo esfriando e pronto. Quando quiser uma braminha da
antarctica bem geladinha é só encangar algumas garrafas, botar no fundo do pote
e deixar passar algumas horas. Não fica estupidamente gelada, mas que fica
friinha fica, isso a gente garante. E sem consumir um só quilowatt.
Liquidificador a manivela
– Pra que gastar seu rico dinheirinho com energia e ainda correr o risco de ter
sua luz cortada? Os cientistas do Candiru criaram pra você algo revolucionário.
Pegue seu liquidificador, introduza uma chave de fenda no buraco que fica
embaixo (do liquidificador), desatarraxe o parafuso e pronto. Num passe de
mágica, você conseguiu soltar a tampa e o motor do bicho. Corte os fios que
ainda o prendem (o motor) e pronto. Agora, no lugar do botão da velocidade,
você vai acoplar uma manivela que acionará as lâminas. Está pronto seu novo
liquidificador. Quando quiser bater sua vitamina ou seu milk-shake de maracujá
predileto é só girar a manivela em alta velocidade. Uma sugesta final: quando
estiver girando a bicha (a manivela), use um braço e outro, alternadamente,
senão, daqui a pouco você vai estar de um lado parecendo Maciste e do outro, o
Josué Filho, que, além de magro, é enjoado.
Ergométrica com
dínamo – Agora vamos juntar saúde com economia. Lembra que o médico lhe
recomendou sair dessa vida sedentária, senão ia acabar no Prontocord? E qual
foi a sugestão? “Meu filho, gaste mais essa energia”. Daí você passou foi a
ficar mais tempo na frente da TV, só pra “gastar mais energia”. O médico, puto,
lhe disse que não era bem isso. “Por exemplo, faça regularmente umas caminhadas
olhando um espaço verde”. E você, prontamente, passou foi a jogar sinuca com outro
bando de marmanjos, enquanto enchia a moringa caveira. E ainda se amostrava lá
fora. “E aí, Rogê Casê, tava onde?”, perguntavam, e você, em cima da bucha: “Porraí,
dando minhas tacadinhas...” Mas agora é pra valer. Compre uma bicicleta que
pode ser velha, pois quando a gente não tem uma nova a gente monta na velha mesmo,
né não? Em seguida, vá numa loja de acessórios pra bicicleta e compre um
daqueles dínamos próprios para a magrela. Agora, pegue-o (o dínamo) e instale
na roda traseira (da bicicleta). Em seguida, coloque-a sobre dois cavaletes de
madeira para ela não sair do lugar. Do dínamo você vai puxar um fio para
distribuir a energia gerada para toda a casa. Pronto. Agora é só montar (na
bicicleta) e mãos à obra. Quer dizer, pés à obra. Enquanto você gasta energia
das calorias a mais da cervejinha, gera a dita cuja em substituição à da Amazonas
Energia. Tá ligado, doido? Então desliga um pouco, pra não gastar energia.
Bateria de celular
Moura – Como se sabe, o funcionamento de um celular depende da bateria. E a
bateria, da eletricidade. E a eletricidade está cara pra caralho. Então, o que
fazer? Muito simples, amigo leitor. Basta você trocar sua bateria Motorola,
Ericcson, Nokia, seja lá qual for, por uma bateria Moura. Se ela tem energia
pra fazer um bregueço grande e pesado feito um carro funcionar imagine um
simples celular. A única diferença é o carregador. Enquanto a bateria comum
exige um carregador fixo, a bateria Moura vai precisar de um carregador móvel e
meio acrescentado. Acessório este que você pode adquirir na Manaus Moderna,
mais precisamente na zona portuária. Lá o que não falta é carregador doido pra
pegar uma garrafa de cachaça e carregar uns duzentos sacos de açúcar ou de
farinha por qualquer merreca. Quer dizer, por uns trocados a mais você contrata
seu carregador. É você andando na frente, lépido e fagueiro por estar reduzindo
seu consumo de energia e contribuindo pra um mundo mais sustentável, e o seu
carregador de bateria atrás, feliz da vida pelo seu novo e bem remunerado
emprego.
Refrigeração à bwana
– Lembra daqueles antigos filmes de Jim das Selvas, quando só os nativos
tomavam no papeiro? Eram eles que carregavam aqueles fardos enormes, enquanto
os homens brancos se divertiam matando tigre, jacaré, elefante e tudo o mais
que se movesse. Eram eles – e só eles – que despencavam daqueles imensos
desfiladeiros e eram eles que, com uma folha de bananeira, abanavam os brancos
enquanto estes dormitavam (gostou?) nas redes E ainda viviam chamando a
brancaiada de “bwana”. Pois taí uma boa dica pra você dormir sem ter que ligar
o consumista ar condicionado. E ainda contribuir para a diminuição do
desemprego. Arranje uma folha de bananeira e depois contrate um negão – ou pode ser uma negona,
ou brancão, ou uma brancona, ou um morenão, ou uma morenona, dependendo do
gosto do freguês. Depois é só se balançar na rede e ordenar que ele (ou ela)
lhe abane suavemente, sem se avexar. Não esqueça de mandar que ele (ou ela),
enquanto faz isso, fique lhe chamando de buwana. Se, além da abanada
tradicional, ela (ou ele) partir pro cafuné explícito, aí já estamos deixando o
campo da economia energética para entrar no terreno da sacanagem propriamente
dita.