WAGNER,
Richard Wilhelm (1813-1883) –Tem muito idiota que não
gosta de Wagner porque ele seria anti-semita. Sandice, ele se
interessou durante toda a sua vida apenas por duas coisas: fuder e
compor. Se não tivesse existido, provavelmente a ópera moderna não
existiria. Falar em romantismo é falar neste homem de fortíssima
personalidade e penentrantes olhos azuis que, para os medíocres de
ontem e de hoje, tinha um grave defeito: sabia que era um gênio e
queria ser reconhecido como tal.
O
mundo seria bem mais pobre do que é sem o Anel dos Nibelungos,
uma série de quatro óperas baseada na mitologia nórdica, para não
falar de Parsifal, sua última produção, que foi produzida
por três judeus.
Dava-se
ao luxo de escrever seus próprios libretos, cujo valor musical não
excedia o valor poético.
No
seu tempo nenhum homem conseguiu cantar, representar e reger suas
óperas como ele.
Aprendeu
a tocar piano sozinho e aos quinze anos já havia escrito uma
tragédia em versos. Antes disso, porém, já havia comido todas as
empregadas que passavam pela casa de seus pais (que mexiam com música
e teatro) e um sem-número de primas.
Tinha
essa capacidade incomum de botar os olhos numa mulher e ter a certeza
– sempre confirmada – de que ela iria para a cama com ele.
Em
1833, deixou a Universidade de Leipzig para ser maestro de pequenas
companhias de ópera que viajavam pelo interior da Alemanha e da
Áustria. Comeu quem quis.
Aliás,
houve uma que não deu para ele: Christianne Wilhelmine Planer, atriz
de uma companhia da qual ele era maestro. Perseguiu-a durante dois
anos até que ela disse: “Dou, mas só casando”.
Casaram,
ele com vinte e três e ela com vinte e sete anos. Amavam-se muito,
mas cedo ela descobriu duas manias do marido: uma tesão que ia além
dos limites da sua cama e uma capacidade fora do comum de viver
atolado em dívidas.
Richard
Wagner achava que dava muita beleza ao mundo e que merecia ser
recompensado, pagando ou não as suas contas.
De
1839 a 1842, os dois passaram um tempo tumultuado em Paris. Lá
conheceram Jessie e George Laussot. Ela inglesa, boérrima, de vinte
e um anos, e ele francês, riquíssimo, amante da boa música, com
quarenta anos.
George
manteve Wagner financeiramente durante dois anos até descobrir que
há dois anos ele comia a sua mulher. Com um revólver na mão, o
francês disse ao compositor alemão: “Você é um filho da puta
mal-agradecido. Tira o time antes que eu te dê um tiro”.
Antes
de tirar o time, Wagner tentou convencer Jessie a fugir para a Grécia
com ele. Ela, porém, havia se afeiçoado ao dinheiro do francês.
Wagner
ficou putíssimo, mas continuou compondo, comendo o mulherio sempre
fascinado por seu talento músico-sexual, gastando acima de suas
posses e se desculpando com a mulher: “Minna, eu te amo muito. Não
podes dizer que sou um mau amante. Mas tenho uma tesão gigantesca.
Essas mulheres todas, porém, são paixões passageiras. Não valem
nada comparadas ao nosso amor”.
“E
se eu resolver sair dando por aí?”, perguntou ela.
E
ele: “Por que, se faço amor contigo sempre que sentes vontade?”
Assim
foram levando a vida até o dia em que Wagner conheceu Karl
Wasendonck, um homem riquíssimo que, penalizado com as dívidas do
compositor, sempre perseguido por credores e pela polícia, resolveu
pagá-las.
Karl
o apresentou a sua belíssima mulher, Mathilde. Assim que se viu
sozinha com ela, ele não perdoou: “Você sabe que nós nos amamos,
não é mesmo?”
Mathilde
devia ter uma personalidade extraordinária, pois respondeu: “Eu te
amo e você me ama, mas antes de irmos para a cama quero contar tudo
ao meu marido”.
Não
só contou como convenceu o marido: 1) a aceitar a situação; 2) a
desistir de fuder com ela; 3) a sustentar Wagner e a sua mulher Minna
e a instalá-los numa casa vizinha à deles.
Mathilde
e Wagner eram extremamente discretos, mas um dia Minna descobriu uma
carta dele para ela em termos francamente fodais. Ficou irritadíssima
e foi tomar satisfações com Mathilde, que também ficou putérrima.
Respondeu: “Em primeiro lugar, eu pensei que você soubesse, e em
segundo lugar, acho uma sacanagem ele não ter te contado”. Ipso
facto mandou Wagner à merda e voltou para a cama do marido, cujo
moto era “quem espera sempre alcança”.
Aliás,
Minna também mandou o marido à merda e foi viver a sua vida.
Ocasionalmente, ele a visitava para uma fodinha, mas nunca mais
voltaram a viver juntos.
Pouco
antes disso tudo acontecer, porém, Wagner recebeu a visita de seu
aluno predileto, o pianista Hans von Bülloweda e a mulher dele,
Cósima von Büllow, filha do grande concertista e grande comedor
Franz Liszt, apenas dois anos mais velho que Wagner que, na época,
tinha quarenta e cinco anos.
O
grande erro da vida de Büllow foi ter dito a Cósima, logo após o
casamento: “Vamos passar a Iua-de-mel na casa do meu mestre,
Richard Wagner”.
Lá
eles foram apresentados à amante Mathilde e à mulher Minna. Cósima
não sabia que seria a terceira.
Ela
tinha vinte e cinco e ele quarenta e cinco anos. Wagner já havia
comido a irmã mais velha de Cósima, mas levou três anos para
convencê-la a trepar com ele.
Durante
muito tempo ela ficou dividida entre von Büllow e Wagner, mas este
era um profissional.
Cósima
acabou abandonando o marido e indo viver com o amante, levando com
ela as duas filhas.
Foi
nesta época que alguém se apaixonou loucamente por Wagner, já
considerado gênio e irresponsável. Nada menos que Luís II, da
Baviera. Tinha dezoito anos, gostava de música e de tomar no rabo.
Wagner
estava longe de qualquer tendência homossexual, mas o seu ego ficou
inchadíssimo: “Porra, estou com quase cinquenta anos e tem um rei
apaixonado por mim. Será que vou conseguir renunciar às mulheres?”
O
rei idolatrava Wagner, a quem chamava de “Meu amado mestre”, e
Wagner idolatrava a grana do rei, que durante um ano gastou à
vontade, até que os conselheiros do Viadarca lhe informaram:
“Majestade, ousamos informar que a influência do compositor
Richard Wagner não é saudável nem para o senhor e nem para a
Baviera”.
Ninguém
sabe se Wagner introduziu a sua batuta na tuba real, mas o fato de
acabar com o rei parece não tê-lo afetado.
Aproveitou
o fato de Minna ter morrido e de von Büllow ter pedido o divórcio
alegando infidelidade conjugal para se casar com Cósima, que acabou
se revelando a mulher da sua vida. “Ele é um gênio e eu tenho que
conviver com isso.” Tiveram dois filhos e viveram felizes para
sempre.
Treze
anos depois do casamento, Wagner já rico e famosíssimo, estava num
castelo em Veneza compondo à luz de vela. Como era também um
atleta, disse a uma das suas filhas: “Quer ver como seu velho pai
ainda dá umas cambalhotas?” A menina disse que sim e ele deu dois
saltos mortais e caiu de pé. Voltou para o piano e continuou
compondo.
De
madrugada, Cósima o encontrou agonizante. Dizem que ela teria ficado
vinte e quatro horas abraçada ao seu cadáver e em seguida teria
cortado seus longos cabelos e os colocado dentro do caixão sobre o
peito do marido.
Lizst,
seu sogro e outro grande fudedor, embora bem mais discreto e menos
agitado, teria comentado: “Desconfio que este sacana comeu mais
mulheres do que eu”.
WENDY
Carlos (1939- ) – Já imaginaram, vocês estarem vendo
televisão cm casa à noite e de repente aparecer uma cantora de seus
quarenta e poucos anos chamada Caetana Velez? Até aí nada demais.
Mas se ela for autora da música, a música for excepcional e ela
possuir uma voz bela e afinadíssima? Vocês, certamente, se
perguntarão: “Mas quem é esta mulher maravilhosa? Onde esteve
escondida este tempo todo?”
E se, em seguida, Caetana Velez se
tornar uma sensação com milhões de fãs no Brasil inteiro,
faturando os tubos com discos onde só aparecem composições
interpretadas por ela?
Vocês compreenderiam tudo se depois de alguns
anos, Caetana Velez desse uma entrevista à revista Playboy e
confessasse: “Em verdade, eu já fui Caetano Veloso. Hoje, depois
da operação, sou Caetana Velez”.
É
claro que isso não aconteceu com Caetano Veloso, que continua aí
mais caetaníssimo que nunca, amado por centenas de milhares de fãs.
Mas
aconteceu com Walter Carlos, cantor, compositor e músico, cujo álbum
Switched on Bach vendeu milhões de cópias no fim dos anos 60
nos Estados Unidos e na Europa.
Rico,
famoso, boa-pinta, Walter não era feliz pois se sentia uma mulher,
presa num corpo de homem.
Um
dia, encheu o saco e começou a andar vestido de mulher.
Não
deixou de fazer sucesso por isso.
Ao
contrário: foi co-responsável pela trilha sonora do filme Laranja
Mecânica, escrito por Anthony Burgess e dirigido por Stanley
Kubrick.
Depois
disso, Walter Carlos desapareceu durante alguns anos e em seu lugar
surgiu Wendy Carlos, que em 1979, confessou numa entrevista à
revista Playboy: “Eu já fui Walter Carlos. Hoje sou Wendy Carlos”.
O
que restava de Walter ficou na mesa de operações do médico que
extirpou o pênis e os testículos do famoso músico. '
P.S.:
Em verdade, este verbete deveria estar na letra “C”, pois o
sobrenome é Carlos, mas quando vi já era tarde. Há quem garanta
que Wendy Carlos disse a amigos depois da operação: “Quando
acordei da anestesia, me arrependi. Mas quando vi já era tarde”.