Essa parece ser uma questão meio óbvia, mas o óbvio precisa
ser dito: por que as bundas provocam tanto fascínio (para não dizer tesão) em
nós, brasileiros?
Sabemos, por exemplo, que os americanos não se ligam tanto
nas rechonchudas, arredondadas e proeminentes partes do corpo feminino.
Eles preferem os peitos. Grandes, de preferência. Uma das explicações é que a mulher americana não tem bunda. São planas, “flats”, na retaguarda. Assim, na ausência, prefere-se o que existe e está
disponível.
Pode fazer sentido.
Já aqui no Brasil somos abundantes em bundas, sem intenção
de trocadilhos.
Essa característica pode ser atribuída à miscigenação
inigualável que tivemos com os africanos, normalmente bem dotados dessa
qualidade única (e tão aproveitável). Azar dos americanos.
A bunda é atraente porque é graciosa, feminina e dá uma
“quebra”, um suave desequilíbrio sensual à mulher.
Daí é que surge o rebolado, aquele movimento natural,
despreocupado e altamente eletrizante que tanto nos enlouquece.
E como não enlouquecer?
Mas não só isso: bundas oferecem um contato físico
insuperável por qualquer parte do corpo.
Sentir aquela massa uniforme, rígida e generosa em contato
com o seu corpo é uma dádiva da natureza do sexo.
É uma questão de consistência e forma.
Por outro lado, nada é mais broxante do que uma bunda
murcha.
Muitos homens se apaixonam por mulheres com doces e
graciosas bundas e, ás vezes, só por isso.
Proliferam-se as Raimundas, feias de rosto e boas de bunda,
satisfeitas por serem tão procuradas apesar de suas poucas qualidades a não ser
essa.
E como evitar aquela conferida básica, fundamental, na franga
que veio e agora vai, exibindo seus atributos posteriores.
Quem não confere a bunda da gostosa, levanta a mão.
Bundas são poemas sem palavras, arte sem cores e telas,
música sem sons.
E, além de tudo tem esse nome, de poderosa sonoridade,
evocando sonhos e ideias de noites profundas de prazer.
Bunda é a melhor coisa do mundo.
Afinal, quem é que não gosta de comer uma bunda fornida?
Vai me dizer que tem um tipo de homem, lá do Manchúria ou
das ilhas da Polinésia, que não gosta tanto assim?
A bunda é a suprema manifestação da sexualidade.
Na sua forma perfeitamente arredondada e na sua projeção
sútil e arrebitada estão guardados os melhores sonhos masculinos.
O prazer de possuir aquele pedaço de carne, em toda a sua
plenitude, é o ponto mais alto do desejo masculino.
Não apenas de possuir.
De ver, admirar, observar e tocar.
Por que tanto assim?, me indaga a garota, ela mesma com
caprichosos e suculentos glúteos. Ora, por que?...
A pergunta não é boa e a resposta não pode ser melhor. Porque sim.
Mas, por mais tivesse explicações inteligentes, a garota não
mudaria o seu comportamento.
Sim, ela sabe que os homens enlouquecem com bundas em geral
e, particularmente, a dela, já que a tem bela e bem dotada.
Por isso, todos os dias, sem exceção, a garota se veste
pensando em valorizar seus mais valioso pertence.
A calça jeans dá formato arrebitado e consistente. Boa para situações diurnas, incluindo o trabalho.
A saia curta revela formas e inspira a imaginação. Boa para as baladas.
O shortinho promete surpresas e gestos ousados. Bom para os passeios no parque e na praça.
E assim a garota vai tecendo sua própria política do bumbum,
como safadamente denomina e me revela.
Não, ela não está se oferecendo. Ela não precisa expor suas qualidades para ganhar adeptos.
Mas ela quer, sim, enlouquecer os homens, atiçar a
imaginação dos incautos que observam aquele pedaço de pecado requebrar quando
passa.
“Ela mexe com as cadeiras pra cá, ela mexe com as cadeiras
pra lá. Ela mexe com o juízo do homem que vai trabalhar”, cantou Dorival Caymmi,
explicando, com maestria essa questão.
Eu canto o trecho da música e a garota encerra o assunto,
como se já tivesse revelado mais segredos do que deveria.
E se afasta, mantendo longamente, em meu campo de visão,
aquele pequeno, harmonioso e delicioso pedaço de puro tesão.
Como não gostar de um diabo desse?!
Como não gostar de um diabo desse?!
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