XANTIPA
(Fim do Século V a.C.) – Mulher do filósofo Sócrates. Era feia,
chata e forte. Vivia cobrindo o Só (para os íntimos) de porradas. Apesar disso,
ele conseguiu ter três filhos com ela.
Há quem diga que Xantipa o aporrinhava porque, em vez de
ficar em casa, ele vivia batendo papo e coxas com os rapazes nas saunas de
Atenas, papos sobre Ética, Estética, Verdade, Virtude, conforme Platão anotou
tão bem em seus Diálogos.
De lá para cá, se excetuarmos Leibniz, Kierkegaard, Marx e
alguns poucos outros, nada mais se fez em matéria de filosofia.
Se o Sócrates era chegado a uma mandioca entre uma aula e
outra? Era.
Aliás, foi condenado por corromper a juventude. Deram-lhe
amplas possibilidades de fugir, mas ele preferiu beber veneno (cicuta) a voltar
para Xantipa, que jamais imaginou que mais de 2 mil anos depois iria aparecer
neste ABC só por sacanear o marido.
XANTORRÉIA
– Perdão, leitores, menti. No verbete anterior eu disse que Xantipa só apareceu
neste meu livrinho porque sacaneava o bom Sócrates. Em verdade ela só faz parte
desta seleção de vocábulos, acontecimentos e personalidades porque seu nome
começa com “X”. Se um sacanólogo fosse depender da letra “X” para viver, não
daria pra média, pão e margarina.
É que essa letrinha, além de dar nome ao cromossomo feminino
XX, só é chegada à química e aos povos incas, astecas e maias, que os espanhóis
do século XVI gostavam de chacinar em nome de Deus, porra!
Depois da Xantipa e antes de encontrar a xantorréia, eu só
conseguia lembrar de um carteiro chamado Xavierzinho, que gostava de pegar nos
pauzinhos da gurizada da avenida Farrapos em Porto Alegre, durante os anos 40.
Nunca me aproximei do Xavierzinho, mas os meninos de oito a
dez anos contavam que a coisa era nesta base: “Quer uma balinha? Então deixa eu
segurar o pintinho”.
Quase tão sacana quanto o Xavierzinho, que hoje já deve
estar morto ou, pelo menos, aposentado de suas funções de correio da manhã
viadal, é a xantorréia, também conhecida como xantorreia australis.
Trata-se de um cacto típico das regiões desérticas da
Austrália. O tronco é muito grosso e curto e termina num tufo floreáceo. Do
meio deste tufo se levanta uma inflorescencia longa, reta e dura.
Dizem os aborigines (aquele pessoal que gosta de furar os
lábios com ossos e que come lagartixa crua) que a xantorréia é a sua única
atração turística.
Baitolos milionários do mundo inteiro aparecem por lá apenas
para enfiar a inflorescência no rabo e morrer com o próprio cheio de espinhos,
com um sorriso nos lábios. Deve ser simpatia.
XINGU – O rio Xingu, como todo mundo
que estudou geografia no primário já devia ter esquecido, passa pelo Mato
Grosso e pelo Pará. Juntamente com seus afluentes, acaba desembocando seus
1.980 quilômetros no Amazonas, ao sul da ilha Grande de Gurapá.
O Xingu foi explorado pela primeira vez pelo etnologista
alemão Karl Von Steiner, por volta de 1884.
Dá o ar da sua graça neste ABC porque em 1959, fazendo uma
reportagem para a revista Manchete (tinha esperanças de acabar na
Academia, como o Arnaldo Niskier), deparei com alguns puteiros bem pobrezinhos
às suas margens.
A periguete, fui ver as moças, que vinham de longe e
cobravam caro para atender à clientela composta quase que exclusivamente de
mineradores.
Quando disse à moça que estava na cama comigo que queria
algo mais que papai-mamãe, ela me mandou à merda.
Disse: “Eu sou puta, mas tenho noivo e minha boca é só para
ele”. Devia tomar lições com algumas senhoras da sociedade carioca.
Ficamos no papai-mamãe e não peguei gonorréia. Fazia-se
chamar Tânia Verônica, mas em verdade se chamava Das Dores. Era sarará e tinha
um dente de ouro.
XOCHIQUETZAL
– Deusa asteca da beleza, do amor sexual, das artes, associada também às flores
e às plantas em geral. Na mitologia, ela teria vindo de Tomoancham, o paraíso
verde do oeste. Originalmente, mulher de Tlaloc, o deus da chuva, como era boa
demais, acabou sendo raptada por Tezcatlipoca, o nefando e sacaníssimo deus da
noite.
Tezcatlipoca (bom nome de um jogador do Madureira para ser
pronunciado por aquele cara que diz “dá-lhe garotinho!”), depois de trepadas
divinas, acabou por coroá-la deusa do amor.
Em algumas regiões ela é confundida com Chalchithlicue, a
deusa da água fresca. Já imaginaram esses dois fudendo: “Você é demais,
Xochiquetzal!”. “Me chama de Chal-chithlicue!”. “Você é demais
Chalchithlicue!”. “Bondade tua, Tezcatlipoca”.
YAB-YUM
– A letra Y se amarra em clãs japoneses, arranjos florais e porcelana chinesa.
Mas o Yab-Yum é do Tibete e em tibetano quer dizer pai-mãe. Na Índia, no Nepal
e no Tibete é representado como a divindade masculina abraçada à sua consorte
feminina.
Ela é branca e está sentada sobre as pernas dele enquanto
que ele, que é escurinho, vai fundo.
Representa a união mística da força ativa
ou método (upaia) masculino com a sabedoria (praina) feminina.
Trata-se da fusão necessária para sobrepor a falsa dualidade
do mundo de aparências na luta por um plano espiritual mais alto.
O uso da união sexual como símbolo da união mística vem do
tantra hindu e também está presente no hinduísmo, embora nunca tenha sido
aceito pelos budistas da China e do Japão. Ignoro a razão deste caretismo
sinonipônico.
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