WEST, Mae (1892 ou 1893-1980) – Mulher incrível, totalmente sem preconceitos, foi perseguida por mais de quarenta anos pela liga da moral americana, por insistir em mostrar no palco e na tela o que as moralistas mostravam entre quatro paredes.
Entra
neste meu ABC porque – segundo as suas palavras – foi a mulher
mais fudida do mundo. Explico: em sua autobiografia ela declarou que
um homem chamado Ted fez amor com ela durante quinze horas sem parar
nem para tomar um cafezinho.
Como
só publicou o livro aos setenta anos, a esta altura o Ted, que tinha
quinze mais do que ela quando a sessão fodal ocorreu, já não dava
nem mais para o cafezinho.
Se
Mae foi comida por mais tempo, sua coleguinha Clara Bow foi comida
por mais gente ao mesmo tempo: teria dado num dia para todo o time de
futebol da Universidade da Califórnia, reservas incluídos. Ao todo,
quarenta armanhos em doze horas.
WHITMAN, Walt (1819-1892) – O maior poeta americano do século XIX, se considerarmos Pound um poeta do século XX. Era enrustidão, mas o seu livro mais conhecido, Leaves of Grass (que começou com uma edição de noventa páginas e acabou com mais de quatrocentas nas edições subsequentes), não deixa dúvidas sobre suas preferências.
Observem
este pedaço de poema: “E quando eu pensei que meu querido amigo,
meu amante, estava a caminho (o texto original é o seguinte: “And
when I thought, how my dear friend, my lover was on his way
comming...”, que alguns mais sacanas podem interpretar como “E
quando eu senti que meu querido amigo, meu amante, estava para
gozar...), Ó, então eu fui feliz! Pois aquele que eu mais amo
dormia ao meu lado sob a mesma coberta na noite fria. No silêncio do
outono, a sua face se inclinava em minha direção e o seu braço
descansava suavemente sobre o meu peito – e naquela noite eu fui
feliz”.
Era
muita viadagem dele querer esconder a viadagem. Mas ele não era
exatamente uma bichona louca, dessas que não podem ver uma fita no
meio da calçada sem botar no cabelo. Ao contrário, quando John
Symmons, poeta menor e baitolo maior, tentou fazê-lo confessar o
coleguismo, Whitman, que era forte pacas, lhe deu um cacete pouco
poético e ainda berrou: “Como é que este sacana tem coragem de me
chamar de bicha? Logo eu que fiz mais de seis filhos ilegítimos?”
Grande
poeta ou não, forte ou não, pai ou não, a verdade é que Whitman,
se não enfornou muitos robalos, pelo menos um ele meteu no forno. O
robalo de Peter Doyle, um cocheiro de bonde a cavalo.
Uma
noite, em 1867, Doyle estava conduzindo o seu bonde quando notou um
único e silencioso passageiro. Como Doyle também estava se sentindo
entediado, decidiu levar um papinho com o passageiro solitário que –
vocês já devem ter percebido – era o poeta. Foi amor à primeira
vista.
Doyle
botou a mão nos joelhos de Whitman, que decidiu não desembarcar no
fim da linha. Desembarcaram juntos muito felizes horas depois e
felizes viveram juntos durante vinte e quatro anos (é isto mesmo!)
até a morte de Whitman.
Aliás,
depois da sua morte, vieram à tona as suas cartas, nas quais o poeta
chama o cocheiro de “meu menino querido” e se despede sempre com
muitos beijos. Quando perguntaram a Doyle sobre as mulheres na vida
de Whitman, ele não gostou e limitou a comentar: “Walt não era
chegado”.
WIG CLUB – Rico, quando não está sacaneando pobres, tem muito pouco para fazer e morre de tédio. Uns aristocratas vagabundos de Londres, por falta de coisa melhor, decidiram fundar em 1767 o Wig Club, ou seja, Clube da Peruca.
O
nome do clube onde os sacanas comiam suas amantes se deve ao fato de
seu símbolo ser uma cabeleira feita dos pentelhos das amantes de
Charles II, rei da Inglaterra e tremendo garanhão. Aos pentelhos das
amantes do rei, os nobres juntaram os pentelhos das suas amantes.
Aliás,
nego só podia entrar para o clube se junto com os pentelhos da
amante trouxesse também uma declaração dela mais ou menos do
seguinte teor: “Venho através desta confirmar que os pentelhos
trazidos para o Wig Club pelo lorde Moray foram raspados da minha
vagina”. Seguia-se a data e a assinatura.
O
clube acabou quando este mesmo lorde Moray pediu demissão e levou
consigo a longuíssima peruca.
WOLSEY Thomas (1475-1530) – Cardeal e estadista que dominou o reinado de Henrique VIII. Era um bom filho da puta e subiu à custa de intrigas. Além de ladrão, ainda se dava ao luxo de ter filhos ilegítimos. Os nobres não gostavam dele porque era filho de um açougueiro. Tinha grande influência sobre o rei, que preferia fuder e deixar os negócios da corte a cargo do cardeal, entre 1515 e 1529.
WOLSEY Thomas (1475-1530) – Cardeal e estadista que dominou o reinado de Henrique VIII. Era um bom filho da puta e subiu à custa de intrigas. Além de ladrão, ainda se dava ao luxo de ter filhos ilegítimos. Os nobres não gostavam dele porque era filho de um açougueiro. Tinha grande influência sobre o rei, que preferia fuder e deixar os negócios da corte a cargo do cardeal, entre 1515 e 1529.
Oficialmente,
ele foi julgado e condenado, por não ter conseguido fazer com que o
papa permitisse que Henrique VIII se divorciasse de Catarina de
Aragão para se casar com Ana Bolena (que devia ter uma chave na
xota, pois além de feia, tinha seis dedos numa mão).
Extra-oficialmente,
o rei teria ficado puto dentro das calças ao descobrir que a sífilis
que tinha lhe fora transmitida pelo cardeal. É que a fim de botar no
popô dos seus inimigos, o cardeal passou quase quatorze anos
cochichando no ouvido do monarca. Sua saliva teria transmitido a
sífilis.
Sifilítico
ou não, a verdade é que o rei casou com Ana Bolena, mãe da futura
rainha Elizabeth, e depois mandou decapitá-la. Reinou ainda dezoito
anos depois da morte do cardeal que ele ia mandar matar de qualquer
maneira, caso ele não houvesse morrido de cagaço ao ser chamado
pelo rei para ouvir a sentença de morte.
WOOLF,
Virgínia (1882-1941) – Maluquete, mas trabalhava bem as
pretinhas (as teclas da máquina de escrever) e foi, juntamente com
Proust, Kafka e Joyce, uma das pioneiras da literatura moderna. Fora
de brincadeira, quem não leu a obra dos quatro não pode nem começar
a pensar em discutir literatura do Século XX.
Proust
entregava o anel e escrevia muito, Kafka provavelmente morreu virgem
e Joyce era taradão: andava com as calcinhas usadas da mulher pelas
ruas de Dublin. Virginia aparentemente não gostava do esporte, mas
se tivesse que ir para a cama com alguém preferia que fosse uma
mulher.
Seu
desinteresse pelo sexo oposto devia-se a seus dois meio-irmãos,
também meio-babacas, Gerald e George Duckworth. O primeiro tinha
mais de vinte anos quando começou a boliná-la e olhem que ela só
tinha seis aninhos.
Até
os vinte e dois anos ela aguentou as visitas de George à sua cama.
Discretíssima, não dizia nada, mas no íntimo a raiva contra
mastruços e mastrucinhos crescia como urtiga.
Juntamente
com os irmãos fez parte de um clube de intelectuais de Cambridge, o
Bloomsberry, cujo hobby era sacanear as pessoas sérias.
Uma
vez, disfarçados de árabes, fizeram uma visita “oficial” a um
vaso de guerra britânico e receberam as honrarias estabelecidas pelo
cerimonial. Comeram, beberam, se divertiram e depois deram no pé.
Não
posso, realmente, lhes assegurar se ela era bonita, mas classuda ela
era. Embora meio nariguda, tinha o olhar misterioso da nossa poeta
maior, Cecília Meirelles.
Aos
vinte anos se apaixonou por Violet Dickenson, que tinha trinta e
sete. Escrevia-lhe cartas na base de “meu amor”, “minha
mulher”, “beijo-te as mãos, os lábios e...”
Embora
este “e” pareça muito loquaz, quem conheceu a dupla garante que
elas não foram para a cama.
Fazia
parte do Bloomsberry Club um viado chamado Lytton Stachey, conhecido
como arquisodomita. Ele propôs casamento a Virginia em 1909 e ela
chegou a ficar assanhada com a ideia, pois a bicha tinha fama de ser
uma intelectual brilhante.
No
dia seguinte, porém, o “ele-ela” disse para o “ela-ele”:
“Não vai dar, meu bem. Não suporto mulher me beijando”.
Entretanto,
foi Lytton que sugeriu ao escritor e ativista político Leonard Woolf
que namorasse Virginia. Ele namorou, noivou, casou (foi assim que ela
virou Virginia Woolf, pois antes era Virginia Stephen) e até trepou
com ela. Ela gostou do namoro, do noivado, do casamento, mas detestou
a trepada.
Apesar
disso – ao modo deles –, eles se amavam. Infelizmente, ao fim de
cada romance – escrevia, pelo menos, um por ano –, ela tinha
acessos de loucura, sofria de melancolia e era internada em
sanatórios.
Sua
grande paixão em termos sexuais (foram para a cama umas vinte vezes,
realizando lutas aranhais extremamente bem-comportadas) foi uma
lésbica, igualmente casada, chamada Vita Sackville-West, que outro
dia estive lendo e que escrevia direitinho.
Vita,
além de despertar tesão em Virginia também despertava inspiração.
Ela foi a musa do seu romance mais conhecido, Orlando, uma
biografia de Vita, vista como um adolescente, em forma de ficção.
O
marido de Vita, Harold Nicolson, disse que Orlando foi a carta
de amor mais longa e charmosa da história da literatura ocidental.
O
marido de Virginia também não se importou, pois afinal de contas
“Vita é bonita, inteligente e no meio das pernas tem um clitóris”.
Embora
deixasse escrito para o marido que “nunca houve no mundo duas
pessoas mais felizes do que nós”, um dia, depois de uma crise de
angústia, Virginia encheu os bolsos de pedras, entrou no rio Ouse e
morreu discreta e elegantemente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário