YEVTUCHENKO,
Yevgeni Aleksandrovich (1933- ) – Poeta, se tornou líder da
juventude russa depois da morte de Stálin, ocasião em que caiu de pau no
falecido ditador. Viajou pela Europa Ocidental e Estados Unidos como
garoto-propaganda de Kruschev. Caiu em desgraça em 1963 quando publicou sua
autobiografia. Alguém devia lhe ter dito que a autobiografia era precoce
demais.
De qualquer modo, foi reabilitado em 1967, quando publicou
seu ciclo de poemas Estação Bratska.
Nos anos 70 andou meio desaparecido e eu já estava pensando
em escrever um conto chamado “Whatever happened with Geny Tuchenko?”
quando ele pintou aqui no Rio de Janeiro em 1987.
Não é um grande poeta, mas passei a gostar mais da poesia
dele depois que me disseram que, apesar dos insistentes pedidos dos poetinhas
locais para discutir literatura, Yevtuchenko só queria saber de tomar cana.
Aparentemente, por onde passou, não sobrou puta pobre. Quem
diz que só se faz poesia escrevendo?
YING-YANG
– A cidade gaúcha de São Borja, onde nasceram Getúlio Vargas e João Goulart, é
uma homenagem a um santo italiano chamado Bórgia que teve muitos filhos –
alguns deles, papas – que, por sua vez, tiveram muitos filhos. Apesar disso,
apenas agora – e muito reticentemente – a Igreja admite que o ato sexual pode
ser praticado por outros motivos que não os puramente reprodutivos. Motivos
recreativos, digamos.
Dois mil e quinhentos anos antes de Cristo, os religiosos
chineses já haviam descoberto este segredo de polichinelo. (Não, não se trata
de um chinelo para usos múltiplos, mas sim o nome aportuguesado de Pulcinela,
personagem da Commedia dell'Arte, cujos segredos eram de conhecimento
público).
Ying-Yang é um símbolo chinês cuja origem se perde literalmente
nas improváveis esquinas do tempo. Trata-se de um círculo dividido em duas
partes iguais por uma linha curva e significa a união perfeita dos opostos,
principalmente da mulher, Ying, e do homem, Yang.
Segundo os taoístas, e creio que poucos imbecis ousarão
duvidar disto, quando Yang e Ying se amam, o orgasmo de ambos os transporta
para outra dimensão, a dimensão de total harmonia com o universo.
Ou, como eu coloquei num romance chamado O Acrobata Pede
Desculpas e Cai: “E é neste momento, da união mais profunda, que eu e a
mulher sentimos a presença de Deus”. Pode ser pouco carola, mas sem dúvida é
muito católico, no sentido universal do termo. Se Deus houvesse feito o sexo
apenas para efeitos reprodutivos não faria do ato sexual a coisa mais gostosa
do mundo.
Mas voltando ao Ying-Yang: os taoístas achavam que tudo que
fosse humanamente possível devia ser tentado para que a trepada entre um homem
e uma mulher fosse a mais harmônica e transcendental possível.
Eis o que diz o já citado neste ABC, TungHsuan Tzu, no
século VII, em seu livro A Arte de Alcova: “Todos os homens têm
obrigação de conhecer os diversos modos de se ter prazer com uma mulher. Ele
deve saber os diversos modos de deitar (se de frente ou de lado, se sentado ou
de pé) e escolher o momento exato de preferir a parte da frente ou a parte de
trás: de penetrá-la violenta ou suavemente. Se souberem, viverão felizes. Caso
contrário, perecerão miseravelmente”.
O Livro dos Ritos diz o seguinte: “Não basta ao homem
saber fazer amor bem. Ele deve fazer amor com frequência. Até os cinquenta anos
o homem deve entrar no pavilhão do prazer de suas mulheres pelo menos de três
em três dias. Deve entrar no pavilhão de suas concubinas pelo menos de cinco em
cinco dias. No pavilhão das outras mulheres da sua casa, quando lhe der na
telha. A esposa principal deve permanecer na alcova enquanto o marido estiver
fazendo amor com uma concubina de extração inferior. Depois do ato a esposa
pode mandar a concubina embora e ficar no quarto com o marido pelo resto da
noite. Sua posição merece honra e respeito”.
Se isto deixar as feministas menos irritadas, devo informar
que Mao Tsé Tung não concordava com esta trepação toda e acabou com a alegria
fodal da classe dominante chinesa. É que para os pobres da China, desde sempre,
durante dezenas de séculos, sexo era “papai-mamãe e vamos trabalhar que o dia
tá raiando”.
Estou, porém, de acordo com o imperador Huang Ti que mais de
2 mil anos antes de Cristo, no primeiro livro de sacanagens jamais escrito,
sentenciava: “Se queres conhecer o cérebro, investiga-o com o sexo”. Que é que
vocês acham? Ele estava se referindo ao pentelho luminoso ou à foda cerebral?
YOUNG,
Brigham (1180-1877) – Tremendo cara de pau, foi o segundo presidente
da igreja mórmon e o responsável pela transferência dos fiéis de IIlinois para
Utah, nos Estados Unidos. Através de Smith, o primeiro presidente, Young
descobriu no livro dos mórmons a necessidade de casamentos múltiplos. De todos
os mórmons foi o que mais praticou o que pregava. Tinha cerca de setenta
mulheres.
Conhecido como o “Leão do Senhor”, o pastor Young mandou
construir uma casa enorme num quarteirão central de Salt Lake City e nela nunca
dormiam menos de doze esposas ao mesmo tempo. As demais tinham casas
monogâmicas espalhadas pela cidade, onde esperavam a eventual visita do marido.
Quando Young decidia com que esposa ia passar a noite,
marcava a porta do quarto dela com uma cruz de giz. Antes, porém, comia duas
dúzias de ovos “para aumentar a minha virilidade”. Não é à-toa que, apesar do
manto religioso que envolve a cidade, ainda recentemente disseram que se alguém
pusesse um teto sobre ela, Salt Lake City seria o maior bordel do mundo.
YPACARAI – Lago ao sul do
Paraguai, com 12 quilômetros de comprimento e 6,5 de largura. Tornou-se famoso
no Paraguai, no Brasil e até mesmo nos Estados Unidos graças à uma guaraña na
qual o compositor narra as sacanagens que fazia com uma índia chamada Cunãtaí.
A música diz, entre outras coisas: “En una noche tibia nos conocimos junto al
lago azul de Ypacaraí. Tu cantabas triste por el camino, viejas melodias en
guarany”. Sentiram a falta de vergonha?
Aliás, as sacanagens junto ao lago azul de Ypacaraí não vêm
de hoje, uma vez que recentemente foram encontrados fósseis de homens e
mulheres pre-históricos às suas margens.
Passei a simpatizar mais com o Stroessner, ditador do
Paraguai, depois que ele mandou explodir o filho da puta do Somoza, que andava
levantando a asa para a nora dele.
Ainda assim acho que, em vez de ficar comprando terras no
Paraná (para onde pretende fugir quando quiserem pregar seus ovos num muro),
deveria fazer uma campanha chamada “Venga amar en Ypacaraí”, uma vez que no
Paraguai existem oito mulheres para cada homem.
YÜGEN
– Este Yügen aí tem trema. Aviso porque editor brasileiro acha que trema é como
fio dental em bunda de mulher: se tirar não faz a menor diferença. Se o Yügen
não tiver trema, vocês podem parar de ler por aqui, pois continuar dá azar. Se
tiver trema podem prosseguir, pois todos os desejos de vocês serão atendidos.
Yügen é um termo japonês indefinível que se refere a uma
qualidade especial de beleza ou de essência estética, cujo significado é
misterioso e profundo como, aliás, tudo o que aconteceu no Japão depois da
invasão dos jesuítas, dos transistores e do software que, como todos sabem,
quer dizer vara borrachuda.
Se vocês quiserem maiores informações procurem se
familiarizar com a obra do dramaturgo Zeame Motokiyo. Yügen, quando não é marca
de queijo, é palavra doce que traduz muito amargor; Yügen é como se fosse
espinho cheirando a flor. Leu sem trema? Fudeu-se.
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