O leitor Humberto Mendes, lá de Lisboa (PT), me escreve querendo saber se o livro “Receitas de Sedução para Gays e Lésbicas”, dos escritores portugueses Bruno Horta e Hugo Campos, já se transformou em best-seller no Brasil por conta do avanço exponencial da viadagem em nosso país.
Porra, meu caro Humberto, só mesmo sendo escritores portugueses para falar de sedução entre os praticantes do “amor que não ousa dizer seu nome”.
Deve ser um livro de humor, correto?
Como todo membro da AMOAL já está careca de saber, seduzir significa levar para a cama uma pessoa que você deseja e que tenha obrigatoriamente um sexo diferente do seu.
A arte da sedução ou a chamada dança tribal do acasalamento, portanto, só funciona a contento quando os dois interessados são heterossexuais convictos.
Esta é uma regra de ouro, onde não há meio-termo.
Trocando em miúdos, sedução é a arte da conquista praticada entre duas pessoas de sexo diferente.
Não, meu caro Humberto, não é nada disso!
O fato do seu pingolim ser pequeno e fino e o do seu amigo ser grande e grosso realmente torna seus “sexos diferentes”, mas não é dessa diferença que estamos falando.
Presta atenção, gafanhoto, ou você é boiola?!
O sexo heterossexual é predominante em todo o reino animal e vegetal, com exceção de alguns legumes frescos que, vira e mexe, aparecem envolvidos em práticas sodomitas.
Sim, estamos falando do pepino, do nabo, da cenoura e, dependendo da safra, do chuchu e da macaxeira.
Isso irrita bastante o mamão-macho, que já tentou se mudar para o reino mineral, mas achou a vizinhança muito paradona.
O homo sapiens provavelmente surgiu em nosso planeta há uns 30 mil anos, mas o homo boiolis deve ter surgido há uns 50 mil anos porque boiola adora aparecer primeiro do que todo mundo.
Dado esses esclarecimentos iniciais, salientamos que o único animal que vira bicha depois que cresce é um tipo de macho geneticamente modificado, quase sempre criado pela avó.
Aí, quando a rabiolagem é descoberta, o pai dele vira bicho, a mãe corta os pulsos, os padrinhos se jogam do 15.º andar e os outros irmãos tomam guaraná com formicida, para não compartilhar da infâmia.
Entretanto, nenhum bicho nasce bicha e isto inclui até o veado que, curiosamente, não é chegado a uma viadagem, a despeito do que dê a entender o desenho animado Bambi.
O heterossexualismo, portanto, é uma forma clássica e consagrada de reprodução da espécie, o que nos leva a uma indagação bastante séria e pertinente: se os viados não se reproduzem pela via usualmente aceita, por que existem cada vez mais boiolas no mundo?
O renomado cientista japonês Fujiro Nakombi, Ph.D em Ciências Boiológicas pela Universidade de Kyoto, afirma que os boiolas se reproduzem por cissiparidade, feito, digamos assim, as amebas.
Durante as madrugadas, em mictórios infectos situados no cais do Porto ou em boates decadentes na periferia da cidade, o homossexual entra num deles pra retocar a maquiagem e, de repente, se divide em dois.
O mais interessante é que cada uma das partes vira uma bichinha novinha em folha, já de brinquinho na orelha, tatuagem tribal no braço esquerdo, óculos de lente amarela e cantando “I Will Survive”.
Entretanto, a palavra “viado”, utilizada como sinônimo de homossexual masculino, não tem nada a ver com “veado”, nome do macho da corsa.
Viado é uma corruptela da palavra “desviado”, que era como os boiolas eram chamados em meados do século 20.
Naquela época, a medicina tradicional considerava o homossexualismo uma doença contagiosa, igual a lepra e a tuberculose.
Os rapazes que agasalhavam croquetes eram considerados “desviados” do comportamento sexual normalmente aceito e tratados com desprezo pelo resto da macharada.
Isso quer dizer que qualquer sujeito que utilize o lorto para funções menos nobres do que expelir excrementos está automaticamente inserido na categoria dos “viados”.
Esse assunto, aliás, já foi amplamente debatido pela Real Academia de Sacanagem, em um encontro em Ponta Grossa (PR).
Também chamado de baitola, mandrake, qualira, fruta, florzinha, travoso, pêra, maricas, cabrão, tinhoso, fresco, zoiúdo, paneleiro e mais cerca de 237 epítetos, sinônimos ou apelidos, todo mundo sabe que não existem ex-viados, mas até hoje ninguém sabe, rigorosamente, se o cara nasce viado, fica viado ou está viado;
Se o homossexualismo masculino é uma doença física ou mental;
Se o viado precisa de respeito e consideração ou de porrada e choque elétrico;
Se dar o rabo é um direito previsto na Constituição Federal ou um crime hediondo previsto no Código Penal;
Enfim, o viado ainda hoje é uma grande incógnita que fala por evasivas, frequenta mictórios públicos e perdeu a prega-rainha antes dos 14 anos.
Existem vários tipos de viados, mas o Inmetro adota a seguinte classificação:
Viado do mato – Também conhecido como viado verdadeiro, esse bicho corredor é o mais antigo e tradicional de todos. Todo mundo conhece um.
Ele fala com a voz desafinada e a língua entre os dentes.
Também costuma virar os olhos enquanto fala e sempre desmunheca.
É sempre – chova ou faça sol – sexualmente passivo.
O viado do mato anda se requebrando, usa roupa de mulher e sobrevive de pequenos expedientes, tais como costurar fantasias para escolas de samba, apresentar programas de tevê onde ensinam a tirar manchas de roupas usando borra de café ou agenciar mulheres de programas em puteiros da periferia.
Tem cinco variações: viadinho, viadaço, viadão, viado-filho-da-puta e o mais antigo e tradicional deles, o viado velho, que gosta de bolinar moleques nos sanitários de cinema.
Bicha – É o viado mais rampeiro que existe, daqueles que fedem a mijo e usam calça “corsário” com tamanco.
Suas duas variações mais conhecidas são a bicha-louca, que é uma espécie de viado consumidor de maconha, crack e cocaína, e a bicha-nojenta, que é aquela que trabalha com a gente na empresa e vive pedindo o nosso celular emprestado.
Em algumas regiões remotas e bem distantes da civilização, a bicha é chamada de omossexual, que é o termo correto para designar o viado analfabeto.
Gay – É o viado metido a intelectual de alto coturno só porque estuda inglês e já está quase concluindo o primeiro livro do CCAA.
Ele é alegre, inteligente, extrovertido, mas dá o rabo igualzinho aos outros. Só que com mais criatividade.
O gay fala de sexo anal o tempo todo e costuma pregar que boceta só tem fama, bom mesmo é cu. O dele, evidentemente.
O gay normalmente pratica esportes de baixo impacto (chupar pica, por exemplo), usa roupas de homem e sobrevive de grandes expedientes, tais como ser funcionário público comissionado, aspone de político profissional ou laranja de investidor da Bolsa de Valores.
Boneca – É a mais fêmea dos viados, a que gostaria de ser chamada de “viada”, por ser totalmente feminina.
Na realidade, ela se acha a própria me-ni-na-mo-ça e sonha com um casamento ma-ra-vi-lho-so.
O único problema é que como toda boneca de verdade ele tem sempre a bunda malfeita.
Fruta – É aquele viadinho meigo, frágil, branquinho, pálido, com gestos graciosos e delicados.
Geralmente foi criado por pais adotivos, jogando bola-de-gude no carpete e colorindo revistas Recreio.
Na melhor das hipóteses, é aquela “filha” que a mãe não pôde ter e foi criado usando camisolinha rosa e laço de fita no cabelo desde pequenininho.
O “fruta” só dá o rabo mediante solicitação expressa, pois é extremamente tímido.
Baitola – É a bicha nordestina. Normalmente, é um fio-duma-égua bem abestado que nasceu florzinha e se mandou pro Sul Maravilha pra trabalhar na construção civil e poder fazer saliência bem longe da família, senão o pai matava o desajustado de porrada.
Pederasta – É um viado em desuso. Teve sua vez na época dos grandes bailes de carnaval no Clube Municipal ou no Ideal Clube, quando se fantasiava de “Esplendor da Corte Assíria de Hamurabi” e podia pagar alguns trocados para ser comido pela molecada.
Hoje, a bunda murchou, apareceram as varizes e as estrias, o rosto se desmantelou, enfim, virou um verdadeiro lixo.
Qualira – É o viado discreto, enrustido, que ainda não conseguiu sair do armário. Em geral, é rico e se casa com uma mulher gostosa para camuflar suas atividades. Paga bem e pede discrição.
Freqüenta muito o proctologista e é capaz de trair a mulher com o próprio cunhado garotão, em troca de emprestar o carro.
Às vezes, sofre de crise existencial e cai em depressão. Mas nunca se arrepende. Aí, também já é pedir demais, né, santa?
O qualira gosta de promover festas de arromba e sobrevive de grandes expedientes, tais como dar desfalques em bancos, fazer lobbies de empreiteiras em licitações de obras públicas ou vender cocaína malhada para o pessoal do jet-set.
Meigo – Também conhecido como viado de bombacha, é aquele tipo de viado que você nunca tem certeza se ele realmente atraca de popa.
Você desconfia pelos seus gestos e trejeitos, mas se souber que ele não é viado não vai ficar decepcionado. Ele deixa dúvidas.
Quando você acha que um cara é meio viado, mas não tem certeza, chame ele de “meigo”, que é a abreviatura de Meio Gay.
Colírio – Esse é o viado que ninguém, absolutamente ninguém, imagina que seja.
Ele fala como homem, se veste como homem, anda como homem, coça o saco como homem, pode ser casado e até ter filhos, compra a revista Playboy e comenta “Meu Deus, que mulher gostosa!”.
O colírio costuma ser inflexível quanto a odiar os homossexuais e se fosse possível mandaria matar todos sob tortura (pode ser uma maneira de eliminação da concorrência através de uma ação inconsciente).
Ele chama-se “colírio”, porque se aparecer uma oportunidade de se relacionar com outro homem sem que ninguém saiba, o sacana vai pra cama e dá tanto o rabo que tem de passar colírio (Moura Brasil ou similar) no olho do cu, de tão ardido que fica.
Dizem que quando o colírio é pingado no anel de couro ainda quente, chega a fazer tzzzzzzz e a biba abre logo uma cerveja.
Quando você quer chamar alguém de viado, mas não quer que ele desconfie, diga assim: “Esse sujeito aí tem cara de quem usa colírio...”
Jibóia – É o tipo mais dissimulado de viado. Geralmente vive camuflado, é sempre engraçado e muito “dado”, e se oferece para tudo.
Gosta de ser popular e chamar atenção.
Só conversa tocando as pessoas, principalmente se o interlocutor for homem.
O jibóia é muito encontrado em repartições públicas e empresas estatais de turismo.
Ele vive esperando algum colega dizer a frase do dia: “Vou dar uma mijada. Tem alguém pra balançar pra mim?”.
Tome cuidado com o seu colega de trabalho, cujos olhos brilham ao escutar essa frase. Ele pode ser um tremendo jibóia.
Frango – Trata-se do viado adolescente que foi criado pelos avós desde os cinco anos.
Cultiva o hábito de vestir as roupas das irmãs mais velhas e sentar no colo dos cunhados.
Gosta de brincar de boneca e de pintar os lábios de batom rosa-choque para recitar poemas de Baudelaire, Verlaine e Rimbaud.
Coleciona pôsteres de artistas de tevê que saem nas revistas Capricho, Contigo e Anal Sex.
Adora brincar de médico com os priminhos, quando faz o papel de enfermeira.
Não se mistura com os colegas da escola, só com as colegas.
Ouve música clássica e estuda piano.
Chama a avó de mami, o avô de papi e o primo mais velho de mon amour.
Faz beicinho e puxa os cabelos sempre que é contrariado.
Quando vai na taberna e alguém faz fiu-fiu, ele vira o rosto, dá uma desmunhecada clássica e sai se requebrando, como se estivesse se equilibrando de salto alto em cima de tijolos.
O casal de velhinhos o acha excêntrico e divertido.
A molecada da rua, que já comeu seu toba, sabe que ele gosta mesmo é de cagar pra dentro.
Goiaba – Conhecido como bicha-louca em estado demencial, é o viado meio senil que tem passagem pela polícia por botar o brioco de fora para argumentar em qualquer tipo de discussão.
São extremamente delicados, adoram Phillip Glass, Laurie Anderson e Agnaldo Timóteo, conversam revirando os olhinhos, desmunhecam quarenta e oito horas por dia e detestam mulheres em quaisquer circunstâncias.
São inofensivos e gostam de trabalhos manuais, principalmente tocar punheta no pau de curumins.
Costumam freqüentar barzinhos ditos culturais, sempre em bando, onde todo mundo canta meio deitadinho, se escorando um no ombro do outro, passando a mão e dando risinho besta.
Mas se você botar o pau pra fora e der um tiro pra cima eles param com essas viadagens.
Sua máxima favorita é um dito popular: quem não agüenta pica não se mete a fresco!
Gilete – Gênero de viado superdesconfiado e arredio, o gilete ou bissexual costuma cortar dos dois lados com a mesma eficiência.
Pra ele não tem tempo ruim, entende tanto de vara quanto de boceta e quer ver é o circo e o palhaço pegando fogo.
Quase todos são modelos, praticam musculação, fazem strip-tease em Clubes de Mulheres e possuem uns bíceps que, pra ficar daquele tamanho, só mesmo o cara sendo rendido.
Odeiam ser confundidos com viados: pra eles, dar o cu é uma escolha de foro íntimo, uma atitude em relação à vida, uma forma superior de ser e estar.
Não tem nada a ver com praticar jardinagem, gostar de filmes do Almodóvar ou usar rabo-de-cavalo preso por maria-chiquinha.
Todos os estudos da OMS apontam esses cretinos como os grandes responsáveis pela escalada da aids entre o mulherio, logo atrás dos viados tradicionais e na frente dos viciados em drogas injetáveis, nesse trenzinho da alegria que vai dar (êpa!) no cemitério.
O macho que encontrar um gilete pela frente deve, no mínimo, lhe dar umas boas porradas no toitiço pra eles pararem com essa carnificina.
Michê – Também conhecido por “garoto de aluguel”, é um viado urbano meio aparentado com o gilete.
A única diferença é que o michê é um profissional do sexo, ou seja, enraba ou é enrabado mediante pagamento módico.
Não nutrem nenhuma simpatia por homens ou mulheres: pra eles é tudo cliente.
Acreditam que transar com pessoas do mesmo sexo, passiva ou ativamente, é uma profissão como outra qualquer.
Na infância foram molestados sexualmente por algum vizinho conhecido por Paulinho Jumento, Nelson Tripé, Totonho Cavalão ou coisa parecida.
Parecem-se com lutadores de jiujítsu em uma balada, principalmente se estiverem usando o kit completo de “garoto de aluguel”: camiseta apertada, calça apertada, pulseira de prata e coturno.
Mas não se deixe enganar pelas aparências.
Apesar da feminilidade no andar, da doçura na voz e da inocência nos olhos, na alma de cada um se esconde um psicopata em potencial.
Só um psicopata pode acreditar que beijar macho e dar o cu seja uma profissão como outra qualquer.
Drag Queen – As drag queens são, até agora, a principal criação da colunista Erika Palomino, a profeta-mor da cena dance paulistana.
Aparecem na MTV, recebem um bom cachê para fazer recepção em festas ou em desfiles e podem até ganhar um bom dinheiro chupando os paus de colunáveis nos banheiros do Massivo, Columbia e Sr.ª Krawitz.
Não fosse a mania de usar sapato plataforma, unhas gigantescas e embalar-se em roupas como um enorme ovo de páscoa ou um bolo de aniversário cor-de-rosa, com uma vela acesa enfiada no quincas, a drag queen até que passaria por um ser humano normal.
Na realidade, drag queen é a versão moderninha, informada e cosmopolita de qualquer mancebo gay que, no sábado à noite, veste um modelito informal (coisinha simples, como macacão rosa choque com gola de kanekalon, peruca azul piscina fosforescente, unhas e sapatos roxos combinando) e, depois de três horas de maquiagem, vai sacudir o esqueleto fazendo caras e bocas na pista de dança de algum club da moda.
Para elas, a atitude do life style gay – sem a opção sexual de dar a bunda – dos clubbers ainda não foi compreendida por todo mundo. Daí a velha briga com os travestis tradicionais e a afirmativa recorrente de que não dão o rabo nem sob tortura. Mas que chupam um pau, isso chupam.
Se você apertar determinado ponto de suas costas, entre a 9.ª e a 12.ª vértebra, ela sorri, mexe os cílios postiços e diz: “Eu me considero uma hostess e não um objeto sexual”. Mas que chupam um pau, isso chupam.
Transexual – Conhecido por invertido ou transviado verdadeiro, é o único tipo de viado que troca de sexo (não me perguntem com quem) por que se considera uma mulher aprisionada dentro de um corpo de macho e não um simples macho degenerado com vontade de dar o cu.
A operação cortar o excedente é feita, quase sempre, em clínicas de Casablanca, no Marrocos, com anestesia geral e tudo.
O pinto é extraído (cruz credo!) e no seu lugar é enxertado uma boceta de matéria plástica, aço escovado, fibra de carbono e sensores eletrônicos de última geração.
Depois, a xana passa por um processo de vulcanização pra garantir que não vai ficar frouxa com o tempo, sem dúvida um avanço tecnológico em relação às bocetas tradicionais.
O caso brasileiro mais bem-sucedido é o de Roberta Close, que leva uma vida igual à de qualquer dona de casa: lava, cozinha, passa pano no chão, faz tricô, costura pra fora e vive sonhando em ser mamãe.
Infelizmente, apesar de todo avanço da ciência nesse campo, ainda não se conhece nenhum transexual que tenha engravidado pelo toba.
Muitos médicos advertem que a extirpação do cheio-de-varizes provoca diversos efeitos colaterais, podendo levar os transexuais à loucura ou ao júri de programas de televisão, quando eles dão notas baixas a outros infelizes em situação parecida.
Metrossexual – Metrossexual é a contração de “heterossexual” com “metropolitano”.
Para alguns teóricos, esta é a denominação que vem sendo dada para os homens que, supostamente, gostam do sexo oposto, mas se permitem cuidados com a pele, cortes de cabelo sofisticados, decoração aprimorada, e assim por diante.
Eles também têm várias amigas mulheres e são sensíveis o suficiente para gostar tanto de filmes de arte quanto de futebol americano. Ou seja, um gay que gosta de fazer sexo com mulheres.
O termo “metrossexual” foi usado pela primeira vez em 1994 pelo escritor gay Mark Simpson, no artigo “Lá vêm os homens do espelho”, publicado pelo jornal britânico The Independent.
Passou anos na gaveta para ganhar força total nos últimos anos, muito por conta de um estudo da Euro RSCG e do rebuliço que ele causou no mercado de produtos voltados à vaidade masculina ao declarar que a tribo pode unir até 15% dos homens desta faixa etária nas grandes cidades.
É superior aos dos 10% de gays assumidos.
Os metrossexuais lêem Details, GQ e Vanity Fair, usam roupas de grife, discutem as novidades da linha masculina da Clinique e são capazes de fazer um ranking com os cinco melhores “day spas” de qualquer capital européia em questão de segundos.
O representante supremo dessa classe de neoviadinhos é o jogador de futebol britânico David Beckham, ex-Real Madrid, que pinta as unhas, muda o corte e a cor do cabelo como quem troca de camisa no final do jogo, gasta milhares de libras com produtos de beleza e confessou já ter usado algumas vezes as calcinhas da mulher, a ex-Spice Girl Victoria.
Para reconhecer um metrossexual é simples. Ele é antes de tudo um narcisista.
Se tiver dificuldade de encontrá-lo numa multidão, experimente disparar o flash de uma câmera. É só reparar em quem faz pose.
Se for levar o briefing a uma agência de propaganda, ele será o contato que está retocando as unhas com esmalte incolor.
Se for deixar um release na redação de um jornal, ele será o jornalista que está procurando cravinhos no rosto com um espelho de bolso.
Se for entrevistar um político moderninho, ele será o vaidoso assessor de imprensa de gravata roxa.
Aliás, se algum dia o assunto em uma mesa de bar acabar, diga que você conhece um “metrossexual” no primeiro escalão do governo.
É a garantia de mais algumas horas de conversa no boteco.
Übersexual – Um metrossexual com sotaque alemão.
Neosexual – Um metrossexual usando aquelas ridículas roupas do filme Matrix.
Emoboy – Qualquer garoto de franjinha, que usa o batom das irmãs, ouve as bandas Fresno e Restart, e está criando coragem para dar o cu.
Boiola – É um viado mais moderno, mais antenado, mais globalizado.
Ele pratica surf, aeróbica, jiu-jítsu, capoeira, rapel e pára-quedismo.
Gosta de usar óculos espelhados na testa.
Finge que namora a coleguinha de turma.
Freqüenta rodas de pagode, mas, no fim da noite, dá sempre uma passadinha no Bingo pra botar a “cartela” em dia.
Por serem viados de marca, também conhecidos como “viados globalizados”, os boiolas possuem uma subclassificação, que os diferencia das bichas rampeiras e sem pedigree:
Boiola-Superman – pode inventar pica que ele tem o anel de aço.
Boiola-BigMac – tem sempre um molho especial.
Boiola-DisneyWorld – fazem fila para entrar nele.
Boiola-OB – gosta de tudo bem enfiadinho.
Boiola-Brahma – é gay até em pensamento.
Boiola-Swatch – dá de uma em uma hora.
Boiola-Kia Besta – dá para onze de uma só vez.
Boiola-Cinemark – o sujeito só entra depois de pagar.
Boiola-Batom-Garoto – todo mundo come.
Boiola-Flamengo – é o queridinho das multidões.
Boiola-Viagra – quando toma o pinto sobe.
Boiola-Rexona – onde sempre cabe mais um.
Boiola-Aspirina – depois que toma, passa a dor de cabeça.
Boiola-Lux Luxo – usam ele da cabeça aos pés.
Boiola-Ericsson – tem cobertura garantida em qualquer lugar do Brasil.
Boiola-Dunkin’Donuts – tem a melhor rosquinha.
Boiola-Maggi – ainda dá o maior caldo.
Boiola-Miojo – todo mundo come, mas vive negando.
Boiola-Skol – gosta de tomar no redondo.
Boiola-Windows 2000 – passa a maior parte do tempo no pau.
Boiola-Land Rover – aceita engate na traseira sem reclamar.
Boiola-Bombril – seu toba tem mil e uma utilidades.
Boiola-Sadia – o que mais entende de peru.
Boiola-Maksoud Plaza – quem entra, se sente em casa.
Boiola-Tostines – está sempre fresquinho, fresquinho.
Boiola-alfinete – pede que só coloquem a cabecinha.
Boiola-calculadora HP – pisca quando metem o dedo.
Boiola-cofre – dá muito trabalho pra entrar.
Boiola-pipa – todo mundo segura pelo rabo.
Boiola-serra-elétrica Still – não deixa um pau em pé.
Boiola-Gillete – corta dos dois lados.
Boiola-máquina-de-escrever Remington – quanto mais batem, mais ele gosta.
Travesti – De acordo com o jornalista e escritor Edson Aran, muito antes da existência do vegetal transgênico e do carro total flex, já havia o travesti, que é o sonho transformista de consumo de todo boiola de marca.
Ninguém sabe a origem dessa criatura híbrida, mas escavações conduzidas em Copacabana pelo antropólogo Jennifer Spielberg (ex-Wellington Jorge) revelaram uma ossada com traços de rímel, batom e pó de arroz.
Cientistas acreditam que o fóssil solitário pertença a um travesti jurássico que se perdeu da manada numa passeata gay.
Naquela época, era comum avistar cáfilas de xibungos saltitando pela praia no verão.
Bem, hoje em dia também, pra falar a verdade.
Mas a questão que mais intriga antropólogos, ornitólogos e análogos é a reprodução travestícia.
Existem cada vez mais deles nos cafofos de ex-craques balofos, embora ninguém jamais tenha visto travestis grávidos ou com travestinhos no colo.
O cientista Shakira Shyamalan (ex-Charles Darwin) defende a tese de que o travesti é um espécime mutante derivado do decorador-de-interiores ou do ator-de-teatro-infantil.
Isolado em comunidades esquecidas por deus e pela civilização, o boiola primordial vai, pouco a pouco, incorporando características travestícias.
Esta teoria, no entanto, é questionada veementemente pelo bispo Madeleine Tarantino (ex-Dom Avelão de Orleança), que reclama da inexistência de um elo perdido entre o travesti transmorfo e o transviado tradicional.
Pesquisadores tentam em vão encontrar o elo, que continua perdido nesta sociedade desumana, preconceituosa e cafajeste.
O maior travesti do mundo foi avistado brevemente, em 2006, na Galeria Alaska, no Rio de Janeiro.
Segundo testemunhas, a coisa tinha dois metros de altura, pesava mais de 200 quilos e atendia pelo nome de Beyoncé Peckinpah (ex-Rodiclêison Solimões).
Mas expedições posteriores não encontraram vestígios do abominável traveco da Alaska, levando pesquisadores a considerá-lo apenas uma fantasia sexual de jogadores dentuços.
Seja como for, o travesti continua uma incógnita.
Sabe-se que para adotar uma alcunha travestícia tudo o que o praticante do amor que não ousa dizer seu nome tem a fazer é pegar o primeiro nome da cantora favorita dele (Britney, Elis, Ivete, Christina) e juntar ao sobrenome do cineasta predileto (Lucas, Polanski, Meirelles, Kubrick).
Dublar a Gal Costa se esgoelando faz parte do ritual de iniciação do travesti. Tribos mais modernas preferem Ivete Sangalo.
Jogadores de bola acima do peso (o jogador, não a bola!) sentem atração irresistível por travecos nos fugazes embates de Eros.
Isso pode ser apenas efeito colateral do rude esporte bretão, no qual entradas duras por trás, bolas divididas e marcação homem a homem são atividades corriqueiras.
Mas também pode ser só sem-vergonhice e descaramento.
Quando surpreendido no meio de travestis, o jogador deve culpar o stress e afirmar que nunca antes na história desse país levou bolada nas costas. Não cola, mas enrola.
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