1. Abdul Aziz Ibn Saud (1880-1953) – Depois de levar um pé na
bunda da família Rashid, meu velho amigo Abdul armou um exército e retomou o país
que rebatizou com o nome de Arábia Saudita, ou seja, Casa do Saud. Sob seu
reinado, as tribos nômades da região foram forçadas a adotar um regime
sedentário e a abandonar seu tradicional estilo de vida, que incluía vinganças,
rixas e guerras tribais. Do mesmo modo, garantiu-se a segurança das
peregrinações religiosas a Meca e Medina. Não construiu hospitais porque o país
não tinha médicos, e nem escolas, pois tudo que o povo precisa aprender “está
no Corão”. Tinha duzentas mulheres e 500 Rolls-Royce. Ele foi pai de 50 filhos,
dos quais cinco o sucederam no trono da Arábia Saudita: Saud (1953-1964),
Faiçal (1964-1975), Khalid (1975-1982), Fahd (1982-2005) e Abdulah (desde
2005). Até hoje, filhos, netos e bisnetos tentam imitá-lo, mas nenhum deles tem
a elegante simplicidade do velho.
2. John Barrymore (1882-1942) – Dele, só não posso perdoar o
insulto à cronista Louela Parsons: “Você parece uma teta de vaca velha”. Seu
negócio era beber e trepar. Aos 15 anos comeu a madrasta, no caso, boadrasta.
Logo depois, a mulher de Harry Thaw, milionário psicopata. Fugiu para
Hollywood. Lá encontrou carne para seu apetite. Comeu Talulah Bankhead e em
seguida Mary Astor, que só tinha 17 anos. Ela aparecia na sua suíte com a mãe,
amante oficiosa do garanhão. Barrymore mandava a mãe tomar sol no terraço para
bronzear a bundinha enquanto comia a filha no quarto. Como se vê, nada de novo
sob o sol. Ele comeu quase todas as atrizes do seu tempo, bebendo duas garrafas
de gim por dia. Moribundo, uma enfermeira e um padre entraram no seu quarto e
ele se confessou: “Tenho desejos carnais”. E o padre: “Com quem?” E ele,
apontando para a enfermeira: “Com ela.”
3. Gabriele D’Annunzio (1863-1938) – Fascistão, com muita
honra, feio, careca, baixinho, poeta, grande escritor, piloto e o maior herói
da aviação italiana durante a I Guerra Mundial. Casou-se com a riquíssima filha
do duque Galleses e se dedicou a dilapidar toda a fortuna da moça. Teve mais de
mil amantes, mas não descuidava do dever de casa. Enviuvou, virou herói e
deitou na cama enquanto o mulherio fazia fila do lado de fora do seu castelo.
Feministas, atenção: ele tratava mal as mulheres e jamais aceitou a
possibilidade de que tivessem cérebro. Só saía da cama da escritora Eleonora
Duse para dar uma bimbada com uma fã mais afoita. Apesar de ser muito influenciado
pelo simbolismo francês, por Richard Wagner e Friedrich Nietzsche, não
conseguiu convenceu a atriz francesa Sarah Bernhardt a liberar o marquês de
rabicó. “Aquele baixinho tem olhos de bosta”, reagiu a diva, indignada. Uma
injustiça!
4. Faruk I (1920-1965) – Rei do Egito de 38 a 52, seu título
completo era “Sua Majestade Faruk I, pela graça de Deus, Rei do Egito e do
Sudão, Soberano da Núbia, do Curdufam e de Darfur”. O soberano, que pesava 136
quilos, passou nas armas mais de mil mulheres. Tinha 100 automóveis todos
vermelhos. Nobre, proibiu carros dessa cor no país para não ser aporrinhado por
excesso de velocidade. Comia 24 ovos pela manhã, 20 lagostas no almoço e um
leitãozinho no jantar. Nos intervalos, bombons de chocolate. Tinha bom coração,
mas era temperamental. Quando morreu seu coelhinho, esmagou um gato contra a
parede. Ao ser derrubado por seus súditos mal-agradecidos, influenciados pelo
oficial militar Gamal Abdel Nasser, declarou: “Logo só teremos quatro reis e
uma rainha: o de paus, copas, ouros, espadas e Elizabeth”. Além de tudo, poeta.
5. Porfírio Rubirosa (1909-1965) – Exemplo de tenacidade e
trabalho. Nasceu no khu do mundo – República Dominicana –, baixinho, pernas
tortas, nariz achatado, foi o maior gigolô do século e morreu milionário. Tinha
tudo contra ele e só duas coisas a favor: a burrice do mulherio e a pemba de 28
centímetros que obedecia ao comando. Sofisticou-se como contínuo da embaixada
do seu país em Paris. Voltou para casa onde, graças à jeba, casou-se com a
filha do ditador Trujillo, Flor de Oro. Quem mais, numa terra de mortos de
fome? Corneou muito a florzinha e ela pagou na mesma moeda. Separaram-se.
Trujillo não mandou castrá-lo. Disse: “Você é um filho da puta safado, mas fez
nosso país aparecer na mídia mundial”. Foi para Paris durante a guerra e comeu
a atriz Danielle Darrieux, considerada a mulher mais bonita da França. Os
alemães o enjaularam e Danielle, para libertá-lo, deu para meio comando
invasor. Depois disso, casou com a bilionária Betty Hutton e com minha
ex-namorada Odile Rodin. Um gentleman.
6. Mae West (1893-1980) – Não comi a mulher mais comida do
mundo. Ela fazia na tela o que alguns poucos, hoje em dia, ainda fazem em casa.
Em sua biografia declarou que um cidadão chamado Ted a comera durante 15 horas
sem tirar de dentro nem para fumar um cigarro. Mae West costumava dizer que
quando era boa, era muito boa, mas quando era má, era melhor ainda. Na tela,
além de liberal, sensual e sempre independente, parecia um mulherão. Na
verdade, tinha 1,52m de altura, que ela, como boa perua, compensava com um
salto de 18 cm. “Claro que meu amante pode confiar em mim. Eu disse a ele que
centenas já confiaram”, explicava. “Já estive em mais colos do que um
guardanapo”, garantia. “Garotas boas vão para o céu, as más vão para todo
lugar”, filosofava. Mas se Mae foi comida por mais tempo, sua coleguinha Clara
Bow foi comida por mais gente ao mesmo tempo: todo o time de futebol da UCLA,
reservas incluídos. Ao todo, quarenta armários em doze horas. A isso chamo
feminismo e espírito de missão.
7. Ibrahim Sued (1924-1995) – O saudoso “Meio-Dia”, creiam-me,
não aparece na lista porque brasileiro ou cronista social, mas porque sempre
foi meu ídolo. Semi-alfabetizado, é verdade, mais ainda fotógrafo novato de O
Globo, já comia a bela atrizinha Elaine Stewart. No papel de intelectual, criou
pérolas filosóficas como “ademã que eu vou em frente”, “cavalo não desce
escada”, “Sorry periferia” e tantas outras. Entre suas conquistas mais famosas
estava a socialite mineira Ângela Diniz, conhecida como a Pantera de Minas,
depois assassinada pelo playboy Doca Street. Foi amigo dos grandes homens do
seu tempo: Roberto Marinho, Castello Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici,
Ernesto Geisel, Roberto Campos, João Batista Figueiredo, José Sarney, Fernando
Collor e Fernando Henrique. A rainha da Inglaterra lhe beijava as mãos. Querem
mais?
8. Aristóteles Onassis (1906-1975) – Bela alma e portador de
uma jeba de 27 cm, como gostava de alardear, entrou na história por suas duas
obsessões: dinheiro e mulheres. Gostava tanto de ópera que passou 20 anos
comendo Maria Callas. Casou aos 40 anos com Tina, uma menina de 17, que,
atenção para o detalhe, era filha de Livanos, o maior armador do mundo.
Juntaram os trapos, em 1946, e com ela teve seus dois filhos, Alexander e
Christina, mas traía a mulher publicamente com centenas de atrizes
hollywoodianas. Quando descobriu, Tina pediu o divórcio. Onassis se divorciou
em 65 e em 68 casou com Jacqueline Kennedy, dama extraordinária que só gozava à
vista de um diamante. Pagava-lhe um milhão de dólares mensais para pequenas
despesas. Um dia, na hora de comer a Jacqueline, ela alegou dor de cabeça.
Preparava-se para chutá-la quando morreu. Um santo.
9. Idi Amin Dada (1924-2003) – Um pouco temperamental. Está
entre os meus dez por ser um grande poeta e por ser crioulo, pois não sou
racista. Apelidado de “Bug Daddy”, ganhou a reputação de ser uma pessoa
perigosa e imprevisível, que extraiu das humilhações de sua infância a
justificação de seu temperamento megalômano, vingativo e violento. Passou nas
armas mais de mil e quinhentas mulheres. Ordenou assassinatos em massa e
aprisionou os opositores. Dizimou as tribos hostis e instaurou pelotões de
execução. Estima-se que entre 100 mil e 300 mil ugandenses tenham sido
torturados e mortos durante o regime do ex-ditador, que costumava jogar os
corpos no rio Nilo. “Guarde a sua calcinha”, disse para a então
primeira-ministra de Israel, Golda Meir, para provar que não tinha medo de
baranga.
10. Eu, Cesário Camelo, o Cecezinho das Candongas, naturalmente, com mais de 10 mil lebres abatidas no currículo, e last but not
least, Fran Pacheco, o garanhão da rua Morgue. Pelo menos até a década de 30.
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