Meu amigo, você ai que anda mais liso que mussum de brejo,
que anda comprando fiado e pedindo o troco, repare na moleza desse emprego: R$
5.700,00 para fazer um menino, engravidar uma fêmea.
Não uma fêmea qualquer,
não uma criatura avulsa e não-sabida, nada de cobaia de pesquisas, nada disso,
meu caro, simplesmente a mulher do vizinho, a gostosona da rua.
Imagine a cena. Certa manhã, você acorda ali sofrido com as
dívidas, olhão arriado de tanta tristeza, ai vem o morador do apartamento ao
lado e diz:
– Costa, meu chapa, estou precisando muito dos seus
préstimos, podemos falar um minutinho?...
Você, que é do ramo, pensa logo em um pedido de grana, a
velha e cordial “facada”, e se antecipa:
– Amigo, no momento estou sem condições, mas quem sabe para
o mês...
– Que que é isso, vizinho, muito pelo contrário. Tenho é uma
proposta para te fazer...
Nisso a mulher do proponente chega na área:
– Deixa que eu mesma falo, Miltinho, pode ser?
O velho Costa estranha o movimento, afinal de contas o nível
de intimidade com o casal do 303 era o mínimo. Nada além de ois, boas noites,
feliz páscoa, etc.
– Sou eu que estou precisando, então eu mesmo desembucho – atalhou
a mulher, impaciente, olho no olho do nosso amigo.
– Tudo bem, tudo bem, não está mais aqui quem estava falando
– diz Miltinho, coitado, um banana com cara de zé ruela.
O velho Costa fica mais encafifado ainda e ensaia um drible
de corpo para pegar o elevador, fingindo algum atraso – como se aquele
desocupado tivesse algum compromisso na vida.
– Preciso que você faça um filho em mim! – desembuchou a
fogosa fêmea, objetiva, sem nove-horas.
O velho Costa até que já havia pisado na bola inúmeras vezes
com o último dos dez mandamentos, mas nada que tivesse ido além da cobiça e do
desejo na mulher do próximo. Nada além do platônico.
– Como assim, gente, não estou entendendo mais nada, que
pegadinha é essa!? – assombrou-se o camarada.
– Isso mesmo que o nosso querido vizinho ouviu: preciso que você
faça um neném em mim, com a máxima urgência possível.
A vizinha não era nada de se jogar fora. Muito pelo
contrário. O velho Costa, amante das mulheres fartas, sempre admirou o seu
latifúndio dorsal.
– E o melhor, querido vizinho, é que estamos dispostos a te
remunerar pelo trabalho, o senhor bem sabe que nessa vida não tem almoço de
graça, não é mesmo?! – declarou o manso corno de resultados.
– Cinco mil e setecentos pela labuta – sorriu a fogosa.
O velho Costa não pegava um galo, como ele sempre chamou a
cédula de 50, havia meses. Imagine a cara de espanto da infeliz criatura.
– E já podemos começar as tentativas hoje mesmo, não é
benhê? – disse a mulher, toda sedutora, sob o olhar resignado e sincero do
esposo.
– Chega de pegadinha, cadê a câmera da tevê?, fala sério! – apelou,
acuado, o velho Costa.
Para mostrar que o movimento era sexy e a proposta à vera, a
fogosa fêmea foi logo puxando o vizinho para o sofá da sua sala.
O maridão foi até o botequim da esquina, tomar um suco com
um sanduíche natural – era um corno saudável! –, enquanto os dois se pegavam
pela primeira vez.
E assim continuou a safadeza. Mas acontece que depois de
quase seis meses, com direito a três tentativas semanais, o velho Costa, assim
como o maridão estéril, não conseguiu emprenhar a maldita. O pior é que o
miserável já havia embolsado quase todo o dinheiro.
Resultado: o casal processou o vizinho por ineficiência e
outras brochuras capitais. O rolo segue na Justiça.
O caso acima, amiga, parece mentira, mas aconteceu de fato e
de direito na Alemanha. Só adaptei a safadeza para o solo pátrio.
É que o velho Costa e este cronista ficamos mesmo morrendo
de inveja da missão do Frank Maus, o vizinho alemão encarregado de embuchar
dona Traute, o nome real da fogosa.
O maridão atende pelo batismo de Demetrius Soupolos.
A informação saiu originalmente no “Bild”, periódico alemão.
Interessa?
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