sábado, 15 de agosto de 2015

Os Grandes Mestres da AMOAL – John Kennedy (4)


Mas deixemos Simenon de lado. Um dia, alguém disse que se fosse montada uma lona sobre a cidade de Salt Lake City teríamos o maior bordel do mundo. Exagero. O autor da frase provavelmente se referia à seita Mórmon que predomina na cidade e permite a poligamia masculina. Mas a coisa não é feita à louca. O cara tendo grana pode casar com quantas mulheres quiser, mas só tem permissão para comer uma de cada vez.

Brasília extra-oficialmente é bem pior. Se jogarmos uma lona sobre a cidade, teremos o maior covil de ladrões do mundo. Aliás, fica aqui a sugestão: por que não transferir a capital de volta para o Rio de Janeiro e transformar Brasília numa Las Vegas dos trópicos? Os ministérios dariam grandes cassinos e, além disso, a cidade já tem os ladrões, as cortesãs, os cafetões, o dinheiro e o pó.

Devemos Brasília ao bom Juscelino Kubitschek, que foi eleito o estadista brasileiro do século 20. Permito-me discordar. Ele era um sujeito bem-intencionado, bem-humorado e não era ladrão, muito pelo contrário. Além disso, era simpático, comedor de responsa, pé de valsa, boêmio de carteirinha, mecenas das artes e da cultura.

Só que, além de nos dar Brasília, JK acabou com as estradas de ferro e com a possibilidade de transporte fluvial por todo o país. Os engarrafamentos a torto e a direito que vemos em todas as cidades brasileiras são conseqüência direta daquela lambança de fazer o país crescer 50 anos em cinco, tendo como carro-chefe (ops!) a indústria automobilística.

Mas não era sobre este JK que eu ia falar. Era sobre o outro, o americano, o John Kennedy, que não era flor passível de cheiro, mas está em todas as listas, da Lapônia a Patagônia, como uma das maiores personalidades do século 20. Isso prova mais uma vez que a História, além de mentirosa, está sempre do lado dos vencedores. Prova também que Átila, o rei dos hunos, não tinha um bom serviço de comunicação social. Ou de relações públicas, sei lá.

Além da guerra do Vietnam e do fiasco da invasão de Cuba, Kennedy foi em boa parte responsável pelo golpe de 64 no Brasil. Foi dele (ou dos seus intelectuais de bolso) a idéia da “segurança militar interna” na América Latina da qual fomos as maiores vítimas. Mais tarde, o secretário de Defesa, Robert McNamara pôde dizer: “Os militares latino-americanos sabem dos seus deveres e os cumprem graças às missões de treinamento de Kennedy”. JFK foi um bom estadista para os Estados Unidos. Talvez nem isso.

Ele era bonito, inteligente, rico, poderoso e um dos maiores abatedores de lebres do mundo. Como os deuses não gostam de gente muito exibida, mandaram-no dar uma volta de carro por Dallas, no Texas. Quando desfilava pela cidade, JFK foi alvejado por dois tiros – um o atingiu na cabeça e o outro no pescoço. Kennedy estava no banco de trás da Limousine oficial, em companhia da primeira-dama, Jaqueline Kennedy, que desesperadamente tentou socorrê-lo com a pronta ajuda de um segurança.

O governador do Texas, John Connaly, terceiro integrante do automóvel, também foi atingido por disparos. Kennedy e Connaly foram imediatamente socorridos e levados ao Hospital Parkland. A morte de Kennedy foi anunciada 40 minutos após o atentado. Conally já estava fora de perigo. O vice-presidente, Lyndon Johnson, assumiu o governo no dia seguinte, a bordo do avião que transportou o corpo de Keneddy para Washington, DC.

Apontado como principal suspeito, Lee Oswald Harvey, foi preso horas após o crime e acabou assassinado dias depois, antes mesmo de prestar depoimento. Em 1964, a Comissão Warren determinou Lee Oswald como o único autor do atentado. Kennedy tinha 46 anos. Foi o quarto presidente americano assassinado e perfez a saga da família Kennedy, marcada por sucessivas tragédias.

Seu pai, veterano contrabandista, queria que o filho mais velho, Joseph, fosse presidente. Quando este morreu na guerra, a tarefa foi transferida para John, que passou a vida lutando contra o fantasma do irmão. Talvez para o patriarca da família, JFK ser presidente dos Estados Unidos não era o bastante. Para empatar com Joseph, ele teria de morrer. E morreu, como seu irmão Bob em seguida. Theodore, o mais moço, foi esperto. Quando lhe perguntaram se queria ser presidente, declarou: “Do jeito que está, está bom demais”.

Acredite se quiser, mas o irlandês e católico John Fitzgerald Kennedy foi o introdutor – no bom sentido – da Sabedoria Devassa na reacionária América do Norte. Nós, os humildes militantes da AMOAL, o beatificamos e glorificamos porque ele sabia que mulher foi a coisa mais bonita que Deus fez para a gente. JFK gostava do esporte.

O ex-senador George Smathers, que dividiu um abatedouro com ele quando solteiro, disse jamais ter visto libido mais ativa: “Gostava de duas, mas preferia três ou quatro mulheres peladas na cama ao mesmo tempo”.

Certa vez, disse a alguns jornalistas: “Só acabo um caso com uma mulher depois de ter tido relações com ela de três maneiras diferentes”. E não estava falando de cabelo, barba e bigode.

JFK não perdeu o apetite nem deixou de comer fora de casa depois do casamento com Jaqueline Bouvier. Ele teve um caso com a jornalista dinamarquesa Ingá Arvard, injustamente acusada de nazista. Também teve um caso com a dançarina Blaze Starr, que comeu na suíte de um hotel, enquanto o noivo dela, o governador Earl Long – devia se chamar Long Horns –, dava uma festa no quarto ao lado.

Traçou a pintora Mary Pinchot Meyer, que fumava maconha com ele na Casa Branca. Passou a vara em Judith Exner, cujo diário das trepadas desapareceu depois que ela foi assassinada. Fez gato e sapato da atriz Gene Tierney, que depois pirou. Sodomizou, cullininguou e fellaciou Jayne Mansfield, cuja cabeça foi decepada.

Mandou ver em Angie Dickinson, que, embora velhinha, continuou na ativa muitas décadas depois. Passou o rodo em Marilyn Monroe, cujo destino é por demais conhecido. Estima-se que em 40 anos ele tenha abatido por volta de 4 mil lebres. Não é pouca porcaria.

Aparentemente, JFK não impressionava sua mulher Jaqueline. Esta só tinha orgasmo diante de ouro (nada de incenso e mirra), diamante e dinheiro. Ela só não se divorciou do marido durante a campanha presidencial porque o sogro lhe deu um milhão de dólares de presente.

Segundo o mulherio, o problema do dono do “Puteiro Camelot” é que ele era rapidinho. Também pudera! Na folha de pagamento da Casa Branca havia duas secretárias, Fiddle e Faddle. Não sabiam datilografia, taquigrafia, estenografia, mas eram campeãs em felação. Numa reunião, se JFK ajeitasse o zíper, elas já sabiam que teriam de fazer hora extra.

Sim, gafanhoto, como todo verdadeiro militante da AMOAL, o nosso qutub John Kennedy nunca fez nada para esconder o seu instinto de garanhão. Já durante a Segunda Guerra Mundial, quase foi expulso da Marinha ao se apaixonar por uma espiã nazista (apenas a primeira espiã de sua vida). Mais tarde, o fato nem chegou a influenciar sua candidatura e, em campanha para a Casa Branca, seguiu satisfazendo seu insaciável apetite.

Kennedy, além de mulherengo, era supersticioso e usou como amuleto, na corrida presidencial, as call girls (as nossas populares massagistas, que colocam anúncios nos classificados de jornais). A fórmula foi descoberta quase que por acaso. Antes de enfrentar o adversário Richard Nixon, em seu primeiro debate na televisão, ele contratou uma garota para transar. Kennedy se saiu tão bem, na tevê, que nunca mais dissociou os dois atos. Em todos os debates que se seguiram, a tática política foi a mesma: uma call girl antes e, no lugar do cigarro, Richard Nixon.

Eleito, Kennedy voltou a repetir velhas receitas. Seu primeiro ato presidencial foi despachar sua mulher – a bela Jacqueline Kennedy – mais cedo, na noite da posse, e transar com uma moça que chorou quando ele foi embora. O jovem presidente parecia ter, mesmo, gosto pelo risco e, em plena Guerra Fria, teve um romance com uma alemã ocidental.

O romance poderia ser, apenas, mais uma aventura se Ellen Fimmel Rometsch não fosse uma espiã e o caso não houvesse provocado a intervenção do procurador-geral americano. Para sorte de Kennedy, o procurador era um outro Kennedy – seu irmão Robert – que resolveu o que poderia vir a ser uma crise de Estado, expulsando a alemã dos Estados Unidos.

A intensa vida sexual do presidente daria um livro inteiro. Ele se utilizava do cunhado, o ator Peter Lawford, para chegar perto das estrelas de Hollywood. Foi assim que se aproximou de Marilyn Monroe e iniciou um dramático romance. Quando Kennedy se afastou, a atriz se afundou em depressão, álcool e drogas, ameaçando tornar pública a relação dos dois.
Mais uma vez, o irmão Robert entrou em cena. Só que agora com uma deliciosa solução: para acalmar os ânimos da atriz, passou a ter, também, um romance com ela. Mas nada parecia estar errado. Afinal, muito antes deles, e em diferentes pontos geográficos, milhares de poderosos haviam bebericado livremente na taça de Afrodite. Os verdadeiros abatedores de lebres não poupam ninguém.

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