por Braulio Tavares, de Campina Grande (PB)
A seção Brasil da Real Academia de Sacanagem reuniu os membros e seus membros em assembléia extraordinária, realizada na cidade de Ponta Grossa, para discutir uma questão relevante.
Depois da queda do muro de Berlim e do socialismo de maneira geral, muitas fronteiras mudaram no mundo. E qual a repercussão dessas mudanças no sexo?
Mudaram também as fronteiras do homossexualismo?
Desde o primeiro encontro da Real Academia de Sacanagem, a definição do homossexualismo era aceita como um dogma: o homem que gosta de pau, sente simpatia, acha bonito esteticamente, já pegou no de um amigo ou pensou seriamente no assunto, é homossexual.
Mas os tempos são outros e novas questões foram introduzidas no seio da sociedade (a introdução no seio, inclusive, será discutida em reunião posterior).
O sexólogo Eric Von Bussen, do Instituto de Vaginologia de Massachussets, apresentou um caso a ser estudado.
O homem que se deixa enrabar por uma mulher com um pênis de plástico é homossexual?
O congresso ficou dividido. Os tradicionalistas voltaram a defender a opinião de que, tendo pau no meio e sendo esse meio o meio do homem, não resta dúvida, é viadagem.
A comitiva liberal de Campinas defendeu a tese de que não sendo o parceiro um outro homem e não sendo o pênis de material orgânico, não há homossexualismo na relação.
Com o que a representação japonesa concordou prontamente. Mas ao conhecerem as dimensões de um pênis de plástico ocidental, os japoneses assustados, recuaram da sua posição e encostaram na parede para rediscutir o assunto.
Já os campineiros foram firmes e colocaram um valioso axioma: "Entre quatro paredes, vale tudo entre duas pessoas de sexos diferentes".
Ao que o egrégio professor Von Bussen contestou com mais uma contundente questão:
Um homem que se deixa enrabar por um travesti de pênis de plástico é homossexual?
Os tradicionalistas, irritados, manifestaram surpresa, não conseguindo levar a sério a dúvida do professor.
Eles afirmaram que qualquer encontro entre um homem e um travesti, que não seja para encher o segundo de porrada, só pode ser coisa de viado.
Mas a comitiva de Pelotas observou que, se o travesti tiver se submetido a uma operação no Marrocos, ele perdeu sua condição de homem e, sendo o pênis inorgânico, trata-se de uma relação heterossexual como qualquer outra.
O colombiano Fúlvio Gimenez y Roblades, que até então se manteve calado, pediu a palavra para argüir os liberais gaúchos:
Um homem que se deixa enrabar por um travesti operado, mas usando um pênis confeccionado com material humano é homossexual?
Um bate-boca generalizado se instalou na assembléia. Durante horas não se chegou a nenhuma conclusão.
Até que a alegre delegação de São Francisco argumentou: "Se o material utilizado for derivado do pênis extraído do próprio travesti, não há dúvida, existe um certo grau de boiolismo envolvido nesta relação. Mas, se o pênis em questão foi manufaturado com o material orgânico de um terceiro, não há homossexualismo".
Os tradicionalistas, cada vez mais enfurecidos com os rumos da discussão, propuseram a aprovação imediata de uma moção: "Homem que gosta de chupar pau e dar o oiti é viado".
Entre murmúrios gerais, a reunião ia se encaminhando para um bom termo, uma vez que parecia não haver argumento capaz de derrubar este postulado.
Mas o incansável professor Von Bussen apareceu com mais uma de suas brilhantes ponderações:
O homem que chupa o próprio pênis e enfia no próprio ânus é homossexual?
Os japoneses resolveram se retirar da reunião por considerar a proposição fantasiosa e inexeqüível.
Os tradicionalistas continuaram firmes nas suas suposições anteriores e voltaram a afirmar: "Tem cheiro de cu queimado é baitolice!"
Mas as delegações de Campinas, Pelotas e São Francisco se reuniram para avaliar a questão e chegaram à seguinte conclusão: "Se o sujeito em questão estiver fazendo uso de seu pênis pensando no pênis de outro pode haver uma certa tendência homossexual, mas se o rapaz estiver pensando em outra coisa, é apenas um prazer solitário".
Os tradicionalistas voltaram a tumultuar o ambiente, exigindo que o congresso tomasse uma atitude de macho e definisse de uma vez por todas que: "Quem gosta de pau de homem, não interessa sexo, cor, credo, tamanho, família ou propriedade, é homossexual".
Mais uma vez a mente iluminada do ilustre pensador colombiano Fúlvio Gimenez y Roblades fez-se presente com uma colocação para lá de pertinente:
O sujeito que chupa o pênis de um cachorro é homossexual?
Mais uma vez os debates se acirraram. Alguns grupos tentavam observar que dependeria da raça ou do pedigree do animal.
Ninguém conseguia resolver se o sujeito em questão era ou não era homossexual, mas finalmente o congresso aprovou alguma coisa com unanimidade: "O sujeito que chupa o pênis de uma cachorro pode não ser viado mas, com absoluta certeza, é um porco!"
E assim se encerrou mais um encontro da Real Academia de Sacanagem - Seção Brasil, que se reunirá em breve para discutir as seguintes questões:
A mulher que só transa com travesti é lésbica?
E a mulher que só transa com travesti operado é lésbica?
Um travesti operado arrependido, que reimplantou um pênis de plástico para enrabar uma mulher é lésbico?
Um homem que, depois de umas biritas, chega em casa e transa com um travesti virtual é homossexual ou CD-ROM de bêbado não tem dono?
Um homem que só faz sexo "papai e mamãe" com sua esposa uma vez por ano e, mesmo assim, com finalidades reprodutivas é homossexual? Ou é apenas corno?
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