PORTO, Sérgio (1924-1968)
– Um dos sujeitos mais decentes que conheci. Secretamente, sempre
desejei ser um jornalista, um escritor, um cronista, um humorista,um
ser humano tão bom quanto ele. Talento, porém, não é para quem
quer.
Não,
não estou sendo modesto. Acho que poucas pessoas escrevem tão bem
quanto eu neste país, mas estou longe do estilo do Bolão. Morreu
antes de ser apanhado pelo AI-5 em 1968.
Começou
no Diário Carioca, gozando os cronistas sociais, muito em
moda na época.
Sob
o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, criou dezenas de personagens
(Primo Altamirando, Rosamundo, Tia Zulmira, etc.) e centenas de
neologismos e expressões, como “cocoroca”, “febeapá”
(festival de besteira que assola o país), para denunciar as
cocorocagens da ditadura militar, “mulher para cem talhares”,
etc.
Não
havia pulha, cheio de pompa e empáfia, que escapasse impune das suas
gozações.
Misturou
sexo e humor como ninguém e todos os anos, no jornal Última
Hora, apresentava a sua lista das mais certinhas: as garotas do
teatro rebolado e dos shows noturnos que mais haviam se destacado.
Um
ano saiu da Última Hora e foi para o Diário da Noite
– em 1961, se não me engano –, mas seu arquivo de mulheres ficou
no jornal antigo.
Com
um fotógrafo, eu, que na época não tinha mais de vinte e um anos,
saí para visitar as certinhas do Lalau.
De
cara descobri que a maioria não o conhecia pessoalmente.
Levei
pouco tempo para assumir a sua identidade e as vantagens da sua
identidade.
É
claro que nem todas davam, mas muitas davam, pois ele era adorado
pelo mulherio que disputava um lugar na sua fototeca.
Uma
noite, me encontrou na boate Secha's e foi logo dizendo:
–
Alemão, se eu souber que brochei, você vai se ver comigo!
Sérgio
era de se apaixonar e tinha um coração enorme, mas bom demais para
aguentar o que os vampiros verde-oliva-burocratas fizeram com este
país.
Já
imaginaram o que seria de Sir Ney se, além de Millôr, ainda tivesse
que ler toda as manhãs o Sérgio Porto?
POSIÇÕES
– Este “posições” aí do lado está para “posições de
fuder”. Tem uns malucos que anotam posições. As mais comuns,
naturalmente, são o homem por cima, o homem por baixo, o homem ao
lado da mulher.
Segundo
Havelock Ellis, o mais antigo manual de posições de foda é um
papiro egípcio que data de 1.300 anos a.C.
Quem
duvidar que o procure na livraria municipal de Turim. Posteriormente,
descobriram manuais chineses ainda mais antigos.
Os
chineses pré-Mao eram chegados a grandes firulas poéticas e falavam
das posições da “lagosta preguiçosa”, do “dragão nadador”,
do “colibri enforcado”, do “unicórnio na chuva” e assim por
diante.
O
sexologista F. K. Forberg garante que não existem mais de noventa
posições. Me parece frescura. Homem de pé, mulher enganchada
fazendo figa é uma posição? Sei lá!
De
qualquer modo, a posição que sempre me intrigou é a do sacerdote.
Onde entra o sacerdote? O que é que ele tem a fazer na cama com um
casal? Que sacerdote sacana! Ou será que a posição é a popular
papai-mamãe recomendada pelo sacerdote, ou seja, pela Igreja?
Enfim,
segundo a dupla Master & Johnson, casais casados tendem a ter
mais imaginação. Mais tesão? Mais tédio?
Pessoalmente,
a posição mais complicada me foi ensinada por uma aeromoça dentro
daquele W.C. de avião. Quando a aeronave entrava em zona de
turbulência, então, era de lascar.
Dizem,
mas não provam, que num daqueles bares gays que o Al Pacino andou
visitando durante as filmagens de Parceiros da Noite, dois
viados executavam uma posição sui-generis.
O
que ia ser enrabado levantava a bunda e o que ia enrabar dizia: “Vou
botar só a cabecinha”. E botava. Mas era a cabecinha de cima.
Ambos morriam no fim da performance. Chama-se Headfuck Act. Haja cu!
PRECOCE,
Ejaculação – É quando o cara goza antes do tempo. Um
amigo meu, que chamarei de Daniel J. porque ainda está vivo, se
considera campeão mundial da ejaculação precoce. Costuma telefonar
para as moças – amadoras ou profissionais – e as convida para
dar um pulo no seu apê. Quando elas ainda estão tirando as
calcinhas, ele diz, muito deprimido: “Pode botar as calcinhas de
novo que eu já gozei”. Dizem que isso se deve a muita ansiedade ou
a pouca foda.
Outro
dia encontrei o Daniel e perguntei:
–
Como é que é? Continuas campeão?
E
ele:
–
Agora, antes de telefonar, bato duas punhetas.
–
E daí?
–
Daí que quando a mulher chega, eu já estou broxão.
Com
os leitores deixo a questão: “É melhor ser um ejaculador precoce
ou broxa?”
PROMISCUIDADE
– Promíscuo é o (a) heterossexual ou homossexual que trepa com
qualquer um. Antes da AIDS fazer sua entrada em cena ao som da Marcha
Fúnebre, era moda. Não é mais.
PSICANÁLISE
– Deixo de comentar o assunto em especial deferência à minha
concunhada, a psicanalista Maria da Conceição Fernandes Breier.
PUBERDADE
– Período na vida de uma pessoa na qual os órgãos genitais se
tornam capazes de reproduzir. Outras mudanças: pentelhos e seios.
Depois da puberdade – pelo menos no meu tempo – é que vinha o
período mais chato da história do homem: a adolescência e suas
espinhas assanhadas. Sobra tesão mas falta mulher e dinheiro.
PUNHETA
–
Masturbação praticada por manetas.
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