quarta-feira, 18 de março de 2015

ABC do Fausto Wolff (Parte 71)


TOLSTOI, Leon (1828-1910) – Um dos maiores escritores de ficção de todos os tempos – Guerra e Paz, Ana Karenina, Sonata a Kreutzer, etc. –, este russo aristocrata e moralista foi também um dos maiores fudedores da sua época, embora fosse feio, desdentado, fedorento, enfim, parecia um daqueles monstros que fazem figuração nos quadros de Bosch. Se Tchaikovsky, seu contemporâneo, odiava ser homossexual, Tolstoi odiava ser heterossexual.
Peraí, não é isso que vocês estão pensando. Ele começou comendo uma prostituta aos dezesseis anos e chorou muito depois da trepada. Apesar disso, só parou de comer mulheres aos oitenta e dois anos de idade, quando a iguaba passou a não dar mais sinais de vida.
Rico e famoso, se casou aos trinta e quatro anos com Sonya Behrs, com quem teve treze filhos. Considerava-se um canalha por ter um apetite sexual insaciável e chegou a pensar em se suicidar em 1870, quando se tornou cristão e “descobri que a fé em Deus pode dar um sentido à existência do homem e unir as pessoas numa irmandade de justiça e amor universal”.
Seu credo pessoal era o Sermão da Montanha e vivia citando ele para seus camponeses: “Parem de fuder, seus pecadores”.
Passou a usar roupas de camponês, a fazer trabalhos braçais, e chegou a pensar em abrir mão de suas propriedades, que eram muitas, e a passar os direitos de suas obras para o domínio público.
Quando Sonya, sua mulher, que era uma santa e chegou a copiar Guerra e Paz treze vezes, soube das suas intenções, acusou-o de ser homossexual aos oitenta e um anos de idade.
Isso não era verdade. A verdade é que Tolstoi, que era considerado um santo pelos seus inúmeros seguidores, nunca praticou o que advogava: uma vida casta.
Além de comer a mulher, comeu todas as parentas, as admiradoras, as criadas e as camponesas que apareceram na sua frente e teve dezenas de filhos ilegítimos.
Sentia uma culpa terrível e costumava dizer: “Olho a companhia das mulheres como um mal social necessário, mas procuro evitá-las o mais possível”.
Não procurava tanto, pois quando não estava escrevendo, estava fudendo o que quer que usasse saias: fudia e sofria, fudia e chorava, fudia e se penitenciava, fudia e se arrependia, mas não parava de fuder, o sacana.

TOPLESS – À la galega quer dizer “nada em cima”. Bottomless quer dizer “nada em baixo”, mas vocês já viram que quem tirou as calcinhas não vai fazer muito doce para tirar o sutiã. Desde os tempos pré-históricos que, em havendo oportunidade e motivo, a mulher mostra os peitos: Babilônia, Egito, Grécia, Roma, etc.
Só os escondem quando sentem que as chamadas glândulas mamárias, de tão vistas, perdem o interesse.
É, aliás, o que as mocinhas de Ipanema, Leblon e adjacências já deveriam estar pensando.
Às vezes passo pela praia e vejo mulheres boérrimas com os peitos de fora batendo papo com uma porrada de rapazes que parecem não estar absolutamente interessados no topless.
Mulher que vier conversar comigo de topless está me insultando: tiro as calças na hora e então sim podemos conversar.
Aliás, garotinhas ricas da Zona Sul adoram passear de topless na frente dos porteiros. Os paraíbas, que não comem mulheres há anos – só na luta dos cinco contra um –, endoidam!
Em Veneza, na época de Giordano Bruno, um dos maiores humanistas de todos os tempos que não dispensava uma mulherinha, o governo decidiu que as prostitutas deviam andar com os peitos de fora para serem diferenciadas das moças de família.
Em verdade, achavam que com o mulherio meio pelado os rapazes de boa família parariam de dar o rabo. Não pararam.
Quando Nixon decidiu invadir o Camboja, esperou para fazê-lo no dia em que dois babaconautas do Apolo (não sei se 11, 12 ou 13) se perderam no espaço. Enquanto o mundo rezava para que eles encontrassem o caminho de casa, as tropas americanas desembarcavam no Camboja sem que ninguém desse importância.
No Brasil, sempre que há uma crise caracu, onde o governo entra com a crise e o povão com o cu, aparecem umas maluquinhas de topless na praia, o que faz com que as senhoras marchadeiras se escandalizem e os jornalões coniventes com o governo editorializem pedindo o fim da falta de vergonha.
Hoje em dia o topless no Brasil é lugar-comum. Logo, logo, porém, pintará o bottomless e já estou imaginando as grã-finas em frente ao Country, grandes lábios ao sol: – Você está divina, amor! Quem foi o gênio que tingiu os teus pentelhos de azul-turquesa?

TRÁFICO de Escravas Brancas – Não sei se com a presença da AIDS fantasiada de morte, que fez a sua aparição nada sutil no baile da vida há alguns anos, a coisa recrudesceu. De qualquer forma, o tráfico de mulheres existe desde tempos imemoriais.
Nos últimos trezentos anos os patrocinadores deste esporte foram os milhares de sheiks espalhados pela África do Norte e parte da Ásia. Mandavam seus correios para a Europa, onde eram escolhidas as “esposas”. Claro que se tratava de putaria, mas muito bem paga.
As moças escolhidas assinavam um contrato, geralmente de seis meses, para fazerem parte do harém do sheik. Se o potentado árabe gostasse da moça, o contrato era renovado. Caso contrário, ela voltava para casa cheia de dólares e se casava em Paris, Londres, Copenhague, onde quer que morasse, enfim.
O verdadeiro tráfico, a cafiolagem, exploração do lenocínio, porém, nunca tem um final tão feliz.
De um modo geral, os cafiolas se instalam num bom hotel em qualquer lugar do mundo, sob as mais diversas capas. As mais comuns são: empresários de dançarinas e cantoras ou agentes matrimoniais.
As moças, de um modo geral, ingênuas e pobres, acreditam que há um marido esperando por elas na Suíça, na Alemanha, na Inglaterra, ou que será bailarina de algum grupo de danças sempre num país remoto.
Ao chegarem ao país remoto, sem falar a língua e sem dinheiro, se tornam rapidamente dependentes de drogas e são postas na rua rodando a bolsinha. Dificilmente conseguem escapar da difícil vida fácil.
Há, entretanto, casos de sujeitos burgueses europeus de classe média que realmente querem casar com moças bolivianas, colombianas, cariocas.
Gordinhos, feios, carecas, encheram o saco com as exigências das mulheres europeias economicamente independentes, politizadas e feministas.
Mandam buscar, portanto, através de um agente, depois de troca de correspondência e fotos, alguma moça pobre de um país subdesenvolvido.
Casam com ela que, em verdade, fica sendo uma espécie de escrava do filho da puta, uma vez que não conhece a língua do país, não tem dinheiro para comprar a passagem de volta. O cara a mantém simplesmente como uma prostituta particular.
Conheci um dinamarquês que, cansado de ser corneado por suas inúmeras amantes, se casou com uma semiprostituta do Piauí e a levou para Copenhague. Lá ela não aprendeu o dinamarquês e rapidamente esqueceu o mau português.
Fala com o marido uma língua mista que só eles entendem. Depende dele para tudo, mas vive confortavelmente e come três vezes por dia.
Na França, até 1975, mais de 30% dos estúdios de dança eram antros de cafiolagem.
Em dezembro de 1949, a assembleia das Nações Unidas adotou a Convenção para a supressão do tráfico de pessoas e da exploração de prostitutas, que penaliza qualquer um que lucre com paixões alheias. Eis os dois artigos da lei:
1) É passível de pena de prisão todo aquele que incentivar ou organizar, com o propósito de prostituição, viagens de outras pessoas, mesmo com o consentimento delas;
2) E passível de pena de prisão todo aquele que explorar a prostituição, mesmo com o consentimento da prostituta.

Vocês acham que a lei pegou? Claro que não. Pegou só na Dinamarca, mas, para tanto, o próprio Estado se tornou gigolô. As prostitutas são classificadas como assistentes sociais, têm assistência médica gratuita e obrigatória de quinze em quinze dias e pagam imposto de renda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário