REVISTAS
de Sacanagem – Muito antes de Petrônio Arbitrius
escrever o Satiricon já havia muita literatura
erótico-pornográfíca. Revistas de sacanagem, mesmo, só começaram
a aparecer clandestinamente no mundo (e no Brasil de Dom Pedro II) no
século XIX. A mais antiga talvez tenha sido a Rambler's Magazine, de
Londres, que saía uma vez por mês com subtítulos como: “Os anais
da galanteria, do prazer e bom-tom para entreter o mundo sofisticado
e para presentear o homem com o mais delicioso banquete de
bacanália”. Devia ser muito chato.
Foi,
porém, apenas em 1930 que a revista americana Esquire apresentou as
primeiras pin-ups, verdadeiras puritanas no trajar, se comparadas ao
mulherio que Haffner, editor da Playboy, apresentaria nos anos
50 nos Estados Unidos, para ser copiado em seguida na Inglaterra com
revistas como Mayfair, Men Only e Penthouse.
É
claro que antes disso havia revistas de mulheres peladas,
principalmente na França, que, porém, se disfarçavam sobtítulos
como “Sol e Saúde”, “Vida Naturista”, etc. E pensar que
tinha muito nego que batia punheta vendo fotos de um bando de
mulheres e homens em pêlo jogando vôlei na praia.
No
Brasil, lembro que prestei minhas primeiras homenagens a Onan (ver
verbete) folheando as páginas da revista Copacabana, onde Elvira
Pagã e Luz del Fuego apareciam nuinhas lá pelo meio dos anos 40.
Ninguém, porém, ousava mostrar as moças de pentelhos. Eram
cuidadosamente raspados antes das fotos ou retocados a posteriori.
Em
1970, Bob Guccioni, editor da Penthouse, resolveu pagar para
ver e publicou a foto de uma moça acompanhada de seus pentelhos. Não
deu em nada e pouco depois – em verdade, no Brasil, só em 1983,
através das revistas Playboy e Status – os perigosos
pentelhos viraram lugar-comum.
É
verdade que antes de Gueccioni publicar a foto, a pornografia já
havia sido liberada em toda a Escandinávia, Alemanha e Holanda, sem
que ninguém enlouquecesse.
No
meio dos anos 70, surgiram nos Estados Unidos as primeiras revistas
para mulheres, onde apareciam nus masculinos frontais, ou seja,
aqueles sujeitos com caras de idiotas da meia-bomba. As primeiras
revistas esgotaram rapidamente. Rapidamente também os editores
descobriram que eram mais consumidas por homens que gostavam de ver
outros homens pelados que por mulheres. Eram Viva e Playgirl.
No
Brasil, quando apareceram as primeiras revistinhas de sacanagem, o
sucesso foi enorme. Com a queda recorde mundial do poder aquisitivo
do cruzado, elas encalharam. Estão aos milhares nas bancas de
jornais, sem que ninguém as compre.
E
pensar que, no princípio dos anos 80, a voz da burguesia, via Globo
e JB, acusavam as revistas de sacanagem por tudo de ruim – da
corrupção policial às atuações do Botafogo – que acontecia no
país. Não eram.
RICARDO
I, o Coração de Leão (1157-1199) – Rei da Inglaterra,
filho de Henrique II e de Leonor de Aquitânia. Gostava de briga.
Pouco mais que adolescente, tentou tirar o trono do pai. Acabou
perdendo a briga e pediu penico, Seu pai, ao morrer, o amaldiçoou, o
que não impediu que pegasse a coroa, também desejada por seus
irmãos Felipe e João sem Terra. Durante os doze anos do seu
reinado, passou apenas seis meses fora de guerras. Era bom e nunca
perdeu um torneio.
Andou
peleando na França, na Itália, e não fosse o cagaço de seus
aliados franceses e austríacos, teria liberado Jerusalém dos
sarracenos. Acabou fazendo um acordo com o sultão Saladim, que
embora não corresse da raia acabou reconhecendo a coragem de
Ricardo.
Seu
nome se confunde com a lenda de Robin Hood, de quem teria sido grande
amigo. No cerco ao castelo de Limousin, na França, acabou morto por
uma flechada de besta.
Não,
a flecha não foi atirada por nenhum cronista social, vereador ou
animador de auditório.
Besta
é o arco curto, montado como se fosse um revólver, e que voava a
uma velocidade espantosa, capaz de furar armaduras.
O
papa Inocente II classificou esta arma como “odiosa a Deus e
imprópria para cristãos”. Era inocente mesmo.
Valente,
corajoso, leal, casado com Berengária, filha do rei Sancho VI, de
Castela, jamais reclamou dos seus inúmeros ferimentos. Se irritou
apenas uma vez, em 1191, quando ao chegar em Marselha, com destino à
Arábia, descobriu que os soldados que havia mandado na frente haviam
gasto todos os fundos da campanha com prostitutas.
Berengária,
como o próprio nome indica, era uma das mulheres mais feias da
Europa, o que também não preocupava o coração de leão de Ricardo
que, entre uma batalha e outra, gostava mesmo era de sentar num
armanho.
E
ai daquele que se recusasse a agasalhar o armanho entre as suas
nádegas leoninas e reais!
RICHARDS,
Renée (1935- ) –
Até 1972, era um bem-sucedido oftalmologista de New York,
cujo hobby era jogar tênis. Boa pinta, 1,85m, além de bom
médico era um tenista, senão excelente, dos melhores. Em 1972
desapareceu de circulação. Onde foi o doutor? Ninguém sabe,
ninguém viu.
Mais
ou menos nesta época começou a fazer enorme sucesso nas quadras a
tenista Renée Richards, que acabou ganhando uma grana altíssima ao
vencer o terneio feminino de La Jolla, na Califórnia.
Um
repórter – ainda existem repórteres em alguns lugares do mundo –
resolveu levantar a vida da Renée e descobriu que até o ano
anterior ela havia sido o Dr. Richard Raskind, de New York.
Quando
tentou entrar em outro torneio feminino, vinte e cinco competidoras
saltaram fora e as quatro ou cinco que permaneceram foram obrigadas a
fazer testes hormonais.
É
que o braço de Renée era muito forte e se uma bola jogada por ela,
em vez de bater na raquete batesse na cara de uma jogadora ela
certamente cairia desmaiada, para dizer pouco.
Renée
entrou com um processo judicial e durante o julgamento tirou as
calcinhas e provou ao júri que onde deveria haver um pênis havia
uma xota. E o juiz. decretou: “Evidência médica indica que o réu
é agora uma mulher”.
É
que, em 1972, o Dr. Richard Raskind, cansado de não ser campeão
feminino, mandou cortar o cheio de varizes e passou a tomar hormônio
feminino.
Em
pouco tempo perdeu os pêlos, acabou ganhando uma bundinha razoável
e um belo par de seios. Claro, tornou-se campeã feminina. Hoje está
retirada das quadras e cuida apenas do marido.
Pessoalmente,
creio que o gesto de Richard deveria servir de exemplo aos tenistas
brasileiros que tentam furiosamente um lugar entre os trinta
primeiros do ranking mundial, sem sucesso. Uma operaçãozinha à-toa
poderia fazer deles campeãs.
Ao
contrário do que dizia o barão de Coubertin, o importante no
esporte é vencer, com ou sem pau.
ROMANA
Caridade – Eufemismo poético e simpático para o ato de
dar de mamar a um adulto. Em 1968, pouco antes de embarcar para o
Vietnam, fui visitar as ruínas de Pompeia, a alguns minutos de
Nápoles. Fiquei impressionado çom um mural que mostrava uma bela
jovem dando de mamar a um velho. Alguns meses mais tarde – já na
Ásia, vendo os soldados americanos dopados irem para o front móvel
que podia ser a trincheira ou um restaurante elegante no centro de
Saigon – me lembrei do mural.
Na
hora pensei que tudo não passara de alucinação, pois a moça que
tinha me acompanhado a Pompeia havia posto LSD no meu chope, em
Capri.
Um
ano mais tarde, voltei às ruínas e lá estava o velho mamando na
garotinha. Procurei me informar e descobri que se tratava de uma
lenda recontada por vários autores, entre eles Plínio, não sei se
o velho ou o moço, pois ambos foram velhos e moços.
Diz
a lenda que um homem foi feito prisioneiro e condenado a morrer de
fome, como acontece com a grande maioria das crianças brasileiras
que, porém, morrem de fome em liberdade. Afinal, somos uma
democracia.
Sua
filha, que havia acabado de dar à luz (é preciso recuperar
urgentemente o verbo parir ou criar o verbo luzar), ia visitá-lo
secretamente e o alimentava com o seu leite.
No
livro White Hotel, de A.D. Thomas, que chegou a ser
best-seller na Inglaterra uns seis anos atrás, o autor bebe
dos seios de Freud. Para ser mais preciso: ele apanha uma maluquete
paciente de Freud e dá um tratamento literário moderninho à tesão
solitária da moça.
No livro (que é o diário da jovem), ela confessa que, no
restaurante de um hotel, deu de mamar não só ao seu amante – o
filho de Freud – como a um padre já idoso e a um cozinheiro gordo
que, porém, preferiu ordenhá-la e beber o leite num copo.
Guy
de Maupassant também relata o caso de um sujeito que bebia o leite
da mulher amada (Liebfraumilch) num conto chamado Idylle.
Finalmente,
quem leu a melhor coisa que Steinbeck já escreveu, As Vinhas da
Ira, deve se lembrar de episódio semelhante.
Em
matéria de leite, confesso que prefiro leite de mulher: já vem com
açúcar.
A
mãe da minha filha mais nova sempre deixava eu beber um pouco depois
que a menina estava de estômago cheio. Bons tempos!
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