quinta-feira, 8 de março de 2012

Beijo grego pode ser abolido na Zona do Euro


por Cezário Camelo, de Atenas

Considerado o maior puteiro monetário da atualidade (“Um tsunami de perversões sadomasoquistas contra as incautas economias moçoilas dos países emergentes”, segundo a presidente Dilma Rousseff), a Zona do Euro faz sua grande prova de fogo neste Dia Internacional da Mulher: a fogosa Grécia vai aguentar ou não mais um nabo gigantesco no seu buraco negro?

O primeiro-ministro grego Lucas Papademos já garantiu que a Grécia está de joelhos, mas quer que os investidores privados coloquem só a cabecinha.

Os credores privados que já se pronunciaram a favor de participar na operação de reestruturação da dívida grega, também conhecida como “bacanal na Casa de Noca”, estão determinados a enfiar até o talo.


A data limite para anunciar o papel de cada participante na suruba franciscana que pretende perdoar 107 bilhões dos 350 bilhões da dívida grega é nesta quinta-feira, às 17h (de Brasília).

O troca-troca, que afeta 206 bilhões de euros de títulos de dívida em mãos dos credores privados (bancos, fundos de investimento, empresas de seguro etc), está sendo visto pela população como um estupro consentido e sem vaselina.

Ou seja, o povo grego inteiro está com o cu na mão.


A fogosa Grécia assegurou que suspenderá a suruba caso a taxa de participação seja inferior aos 75% da massa de credores privados.

O problema é que a Grécia gastou bem mais do que podia na última década, pedindo empréstimos pesados a gigolôs financeiros e deixando sua economia-bunda cada vez mais refém da crescente, palpitante e avantajada dívida externa.


Nesse período, os gastos públicos foram às alturas, os salários do funcionalismo praticamente dobraram, o beijo grego virou item de primeira necessidade, o swing se transformou em esporte nacional e todo mundo acreditava que a farra jamais iria acabar.

Enquanto os cofres públicos eram esvaziados pelos gastos, a receita era afetada pela evasão de impostos – deixando o país totalmente vulnerável quando o mundo foi afetado pela crise de crédito de 2008.


O montante da dívida deixou investidores relutantes em emprestar mais dinheiro ao país, mesmo com a Grécia topando fazer barba, cabelo e bigode.

Se o país não fosse membro da Zona do Euro (“Um tsunami de aberrações sadomasoquistas contra as jovens economias do terceiro mundo em fase de crescimento”, segundo a presidenta Cristina Kirchiner), talvez fosse tentador declarar a moratória, o que significaria deixar de pagar os juros das dívidas ou pressionar os credores a aceitar pagamentos menores e perdoar parte da dívida, no clássico “quem comeu, comeu, quem não comeu não come mais”.


Contudo, uma moratória grega, além de estimular países como Irlanda e Portugal a fazerem o mesmo, significaria um aumento de custos para empréstimos tomados pelos países menores da União Europeia e pagadores de boquete, sendo que alguns deles já sofrem para manter seus pagamentos em dia – como é o caso da Polônia, que está vendendo o almoço para comprar o jantar.

A Espanha, por exemplo, já colocou a bunda de molho.

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