terça-feira, 6 de março de 2012
Tributo ao fiofó
Companheiro inseparável de todas as horas, o nosso fiofó tem sido ultrajado desde que o homem é homem e o boiola é boiola. Não há no mundo quem não esteja disposto a meter o pau nele a todo momento.
Por toda parte, querem cutucá-lo com vara curta e também, o que é pior, com vara longa. Ele é, acima de tudo, ou melhor, abaixo de tudo, um injustiçado. Pergunta-se: por que será que não o deixam em paz, por que é afinal que não tiram o olho dele?
Preconceito! Sim, certamente fazem tudo isso apenas porque o infeliz é escurinho. Ou será porque, de tão antigo, já está todo enrugado, cheio de estrias?
Talvez o repreendam porque é humilde, porque vive escondidinho, quase nunca aparece... Outros dizem que quando aparece é pra fazer merda. E há ainda os que alegam que ele só gosta de nos ver pelas costas...
Mas não é verdade! É certo que ele não é dos mais asseados, que não se depila com regularidade... Mas, quem já imaginou a nossa vida sem o fiofó?
Quem já se imaginou privado do prazer de sentar na privada enquanto lê o jornal?
Quem alegará em sã consciência que jamais se sentiu aliviado ao apertar a descarga, com a sensação de dever cumprido?
E mais: se não fosse o nosso querido fiofó seríamos como balões flutuando na atmosfera com a barriga cheia de pum!
Antes de criticá-lo, é preciso que se saiba que não há no universo quem nos conheça mais a fundo do que o nosso fiofó!
Que esse pequeno e obscuro amigo está conosco e não abre!
E, se abre, a culpa não é de todo sua, mas de seu dono.
Portanto, basta! Chega de desprezo e de calúnia! É hora de redimirmos aquele que está sempre por baixo e nunca reclama!
É tempo de render uma homenagem àquele furo fraterno que segura nossa barra, ou melhor, nosso barro nos momentos mais difíceis, quando não há um banheiro por perto!
Viva o fiofó, viva o operário mais reto de todos! Viva, viva esse obreiro incansável, que trabalha por um salário de merda! Viva o fiofó, nosso infatigável buraquinho, que está conosco, juntinho, há muitos e muitos ânus!
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