terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

ABC do Fausto Wolff (Parte 31)


HARÉM – Ainda existem haréns, sim senhores. Não são os mesmos, pois há cinquenta anos emires, sultões e califas apanhavam as moças na marra em qualquer lugar do mundo, até mesmo na Barra da Tijuca. Hoje não. Hoje a coisa é toda legal: contrato com salário, direitos, obrigações, tempo de serviço, etc.
Três mil anos antes de Cristo já havia haréns na Caldeia e ainda agora eles proliferam no mundo afro-asiático.
Sultões tem olheiros mulherais assim como os técnicos de futebol têm olheiros cracais, sério!
Certos sultões da Turquia possuíam haréns com mais de trezentas mulheres guardadas por eunucos incapazes de procriar, mas ainda sexualmente potentes.
Se um deles, porém, fosse descoberto levantando a asa para uma concubina o seu pau ia fazer companhia aos culhões no estômago do gato do califa.
Ainda hoje em dia, como antigamente, as recém-chegadas ao harém são treinadas pelas amantes mais velhas, que já sabem as sacanagens que mais agradam ao patrão.
Aquelas escolhidas por ele desfilam peladas para serem aplaudidas pelas colegas antes de se dirigirem à imensa cama do chefe.
Começa então o show de mão naquilo, aquilo na mão, a boca naquilo, aquilo naquilo e daquilo praquilo e depois pro rabo, voltando pra xota e vice-versa até a hora da satisfação mais completa.
Antigamente as concubinas usavam os véus que Salomé tirou um a um enquanto dançava para Herodes a fim de conseguir a cabeça superior (não estou dizendo que o profeta era inteligente, se me entendem) de João Batista.
Hoje em dia, porém, os Ibrahins, o Muhameds e os Faissais do deserto preferem mesmo é minissaia e meias pretas com cinta liga.
Certas meninas, mais ambiciosas, chegam a exercer uma incrível influência política sobre o patrão. Foi, por exemplo, o caso da francesinha Aimée Dubock de Rivery, que foi raptada na França, quase no fim do século XVIII, e chegou a ser a nº 1 do harém de Abdul Hamid I, da Turquia.
Seu poder sobre o sultão era tamanho que as autoridades francesas não tomavam nenhuma atitude em relação à Turquia sem consultá-la.
Eminência-parda por eminência-parda eu preferiria a Aimée ao falecido Golbery, por exemplo.
Só tem um troço: se mijasse fora do penico (ou seja, se sentasse em outro mastro que não o do sultão) corria o risco de ter a cabeça separada do pescoço bruscamente.
Um sultão chamado Ibrahim (ninguém nasce com este nome impunemente, conforme já provaram as gracinhas de um colunista social e de um ex-ministro da Justiça) chegou a afogar trezentas concubinas numa só noite.
Se o homem foi corneado por todas as trezentas, tinha mesmo que tomar uma atitude pois certamente não havia um só lugarzinho vago na sua testa.
Ainda hoje em dia intriguinhas de salão e fazer doce na hora de dar o doce são punidos com castigos mais leves, como cem varadas na bunda.
O Topkapi – lembram do filme com o Peter Ustinov? –, hoje um museu em Constantinopla, foi o mais famoso de todos os haréns. Construído em 1439, linda é lembrado pelas grandes sacanagens lá cometidas pelos sucessivos sultões e seus mulherios.
E hoje? Bem, hoje em dia, volta e meia os jornais publicam a descoberta de tráfico de escravas brancas. Os sheiks mais moderninhos, porém, preferem mandar seus olheiros para cidades como Copenhague, Estocolmo, Oslo, Helsinki, Reikjavik, onde publicam anúncios nos jornais solicitando “acompanhante para riquíssimo homem de negócios”.
As jovens fazem contratos de seis meses, e até dois anos. Algumas retornam ricas para suas cidades, como uma moça chamada Karen Olsen, que conheci na cidade dinamarquesa de Aarhus. Outras se habituam com a vida do harém.
Nada que possa interessar às nossas feministas, embora as lutas aranhais sejam muito comuns e até mesmo incentivadas no Norte da Europa.
Por quê? Ora, se um cara tem trinta mulheres e elas só podem fuder com ele, é natural que mais cedo ou mais tarde acabem por se divertir entre si.
Perguntei um dia a Jaguar, enquanto derrubávamos algumas dúzias de cerveja no Degrau de Ipanema, se ele gostaria de ter um harém. Respondeu: “Claro que não. Se um dia eu quisesse dar uma trepadinha fora de casa, teria que arranjar trezentas desculpas”.

HARI, Mata (1876-1917) – Gertrude Margareta Zelle, recém-saída de uni convento em Amsterdã, não deveria ter lido o jornal naquela manhã. Mas Ieu e deu de cara com um anúncio mandado publicar, de sacanagem, pelos amigos do capitão Rudolph MacLeod. O anúncio dizia que ele procurava uma esposa.
Ela se apresentou e o que deveria ser uma brincadeira se transformou em casamento mesmo, embora ele tivesse vinte e um anos a mais que ela.
Viveram dois anos na Holanda e tiveram um filho, Normam.
Os passatempos do capitão eram encher a cara, comer a mulher e depois bater nela (na mulher, não na cara).
Em 1896 o oficial foi transferido com a família para a índia, onde Gertrude (que tinha realmente um corpo, uma voz, uma inteligência e olhos dando forma a uma magnética personalidade), quando não estava sendo comida nem apanhando do marido, aproveitava para aprender tudo sobre a Índia: a língua, a religião, a arte, mas, principalmente, as danças exóticas.
Uma babá a quem MacLeod também comera, enciumada, envenenou o filho do casal e foi em seguida estrangulada por Gertrude Margareta.
Ela teve mais um filho do militar – a menina Banda – e em 1900 a família voltou para a Holanda.
Lá, em 1904, ela informou ao marido que havia enchido e uma noite fugiu para Paris.
Saía Gertrude Margareta e entrava em cena Mata Hari, filha de uma dançarina de um templo indiano, criada por monges budistas.
Tomou conta de Paris, literalmente, depois de alguns meses e sem auxílio da TV Globo.
Ela dançava, mas dançava nua. Era puta, sim, mas não uma puta comum: conhecia várias línguas, lera muito, tinha uma voz extremamente agradável e devia chupar uma rola como ninguém, pois cobrava 7.500 dólares por uma trepada.
Entre 1904 e 1917, quem gostasse de mulher e tivesse dinheiro certamente passou pela sua cama. Seu negócio era grana, mas, às vezes, fazia exceções para jovens oficiais, como um russo pelo qual, dizem, teria se apaixonado.
Mata Hari, que em hindu quer dizer “olho do sol”, gostava de fuder, mas não gostava de homens. MacLeod fez com que os odiasse para sempre.
Talvez isso, talvez o fato de já estar perto dos quarenta fez com que em 1913 fosse contatada pelos alemães e topasse ser espiã.
Segundo os franceses, as informações que a bailarina Mata Hari conseguiu na cama e depois repassou para os alemães durante quase toda a guerra custaram a vida de quase 100 mil soldados.
Acabou sendo presa graças aos alemães para os quais, além de custar muito caro, não dava mais informações importantes, pois que os serviços secretos aliados já suspeitavam dela.
Foi condenada à morte. Seus amantes, entretanto, bolavam planos audaciosos para salvá-la do pelotão de fuzilamento.
Um idiota sugeriu que, antes do pelotão disparar, ela deveria abrir o roupão e deixar se ver nua. “Nenhum francês ousará mutilar tão belo corpo.”
Outro, um aviador, prometeu dar voos rasantes e disparar contra o pelotão.
Clunet, o mais famoso advogado de Paris, já com setenta anos, diria que Mata Hari tinha no ventre um filho seu e, como havia uma lei dizendo que mulheres grávidas não podiam ser executadas, ela seria salva.
Um último subornaria os atiradores para usarem em seus rifles apenas pólvora seca.
Nada disso aconteceu. Ela morreu com classe, sorrindo para seus matadores.
Um dia perguntaram a ela, na prisão, por que aceitara ser espia dos alemães. E ela: “Eles me convidaram primeiro”.
Sua filha Banda teve a mesma sorte. Era espiã americana na Coreia do Norte em 1948 e foi fuzilada pelos comunistas.
Pessoalmente, eu não acredito numa só linha deste verbete, mas se 50% for verdade, então ela foi a maior espiã da história da humanidade, desde que a palestina Dalila visitou a cama do judeu Sansão para descobrir de onde vinha a sua força.
Mata Hari merece ser melhor estudada.

HAVELOCK ELLIS, Henrick (1859-1939) – Embora os discípulos de Freud desconversem, a verdade é que ele chupou muito no bom Havelock, apesar de ser mais velho do que ele. Aliás, morreram no mesmo ano. Mas conversaremos depois sobre isso. Médico e psicólogo, ele foi avançado demais para o seu tempo, E pensar que tudo começou com uma inocente mijada da mãe dele.
Foi assim: um dia, aproveitando o fato de que seu marido, um capitão da Marinha estava viajando, a mãe do pequeno Henrique levou-o a passear no jardim zoológico de Londres.
Como o banheiro devia estar longe (pessoalmente, acredito que não houvesse nenhum), ela simplesmente parou de repente, abriu as pernas e fechou os olhos. Quando voltou a caminhar, no lugar onde estivera parada ficara um pequeno lago de mijo.
Ao ver que estava sendo observada pelo garoto de doze anos, disse: “Não era para você ver”. Ainda assim deu mais umas mijadas na frente dele durante o passeio. Devia ser moda na época.
A verdade é que, ao ver a mãe mijar, aconteceram duas coisas com o pequeno Ellis: seu pequeno pau ficou duro e seu interesse sexual cresceu.
Para um cara tão interessado no comportamento sexual em geral, ele teve uma vida sexual de merda, pelo menos até os trinta anos.
Senão vejamos:
1) aos sete anos aprendeu com um garoto da mesma idade como bater punheta mas não gostou;
2) mais ou menos com a mesma idade um garoto adolescente pediu que ele segurasse no pau dele, o que fez, ficando impressionado com o tamanho;
3) quando o pai viajava, vivia com a mãe e mais cinco irmãs maiores em casa. Volta e meia as surpreendia peladas, mas gostava mesmo era de vê-las mijar;
4) esporrava na cama pelo menos umas duas vezes por semana e anotava os sonhos com mulheres mijando;
5) aos dezoitos anos conseguiu ejacular acordado lendo um livro, mas jamais bateu uma punheta;
6) com vinte anos, depois de passar alguns anos ensinando na Austrália, voltou à Inglaterra, onde ficou amigo de uma jovem escritora, Olive Schreiner, que passava os fins de semana com ele. Pelados, os dois examinavam esperma através de um microscópio mas, segundo ele, nunca tiveram uma relação sexual;
7) aos trinta e dois anos se casou com Edith Lees, que era virgem como ele. Tiveram uma vida sexual de bosta, pois ela se achava maníaca depressiva e por isso não queria ter filhos; além disso, se negava a mijar para ele ver. Fora da cama se davam bem, de modo que resolveram encerrar as atividades fodais depois de cinco anos de casamento. A verdade é que a nossa Edith era sapato e arranjava mulheres para ela e para ele;
8) quando Edith morreu em 1919 ele foi viver com a tradutora dos seus livros para o francês, Françoise Delisle, que fudeu com ele durante vinte anos e não se incomodava de mijar para ele ver.
Seu trabalho mais importante foi Studies in the Psychology of Sex, que – podem crer – nunca foi publicado no Brasil. Foi neste livro que Freud chupou muito.
O livro foi proibido na Inglaterra da rainha Vitória, nos Estados Unidos só podia ser adquirido por médicos mas teve larga aceitação na França e na Alemanha.
Eis algumas das suas conclusões: a periodicidade, baseada nas fases da lua e nas estações do ano, é característica do comportamento sexual humano; antes da adolescência, as crianças têm consciência de sua sexualidade; o homem atinge o auge da sua atividade sexual antes da mulher; as mulheres têm desejos sexuais mais fortes do que se supõe e podem ter múltiplos orgasmos; a impotência e a frigidez têm mais causas psicológicas que físicas; as mulheres só são frias porque são mais reprimidas e porque muitos homens não sabem fazer amor propriamente; todos os sentidos são importantes nos atos sexuais.
Finalmente, as feministas deveriam lê-lo um pouco mais, pois já no século XIX ele dizia que qualquer prostituta é mais livre que uma mulher que casa para ser sustentada.
Grande amigo dos três homens mais esclarecidos da Inglaterra do seu tempo – Bernard Shaw, Chesterton e H.G. Wells –, Havelock Ellis cunhou os termos narcisista e auto- erotismo, posteriormente usados por Freud e sua tchurma. Além disso se dava ao luxo de escrever bem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário