HARÉM
– Ainda existem haréns, sim senhores. Não são os mesmos, pois há
cinquenta anos emires, sultões e califas apanhavam as moças na
marra em qualquer lugar do mundo, até mesmo na Barra da Tijuca. Hoje
não. Hoje a coisa é toda legal: contrato com salário, direitos,
obrigações, tempo de serviço, etc.
Três
mil anos antes de Cristo já havia haréns na Caldeia e ainda agora
eles proliferam no mundo afro-asiático.
Sultões
tem olheiros mulherais assim como os técnicos de futebol têm
olheiros cracais, sério!
Certos
sultões da Turquia possuíam haréns com mais de trezentas mulheres
guardadas por eunucos incapazes de procriar, mas ainda sexualmente
potentes.
Se
um deles, porém, fosse descoberto levantando a asa para uma
concubina o seu pau ia fazer companhia aos culhões no estômago do
gato do califa.
Ainda
hoje em dia, como antigamente, as recém-chegadas ao harém são
treinadas pelas amantes mais velhas, que já sabem as sacanagens que
mais agradam ao patrão.
Aquelas
escolhidas por ele desfilam peladas para serem aplaudidas pelas
colegas antes de se dirigirem à imensa cama do chefe.
Começa
então o show de mão naquilo, aquilo na mão, a boca naquilo, aquilo
naquilo e daquilo praquilo e depois pro rabo, voltando pra xota e
vice-versa até a hora da satisfação mais completa.
Antigamente
as concubinas usavam os véus que Salomé tirou um a um enquanto
dançava para Herodes a fim de conseguir a cabeça superior (não
estou dizendo que o profeta era inteligente, se me entendem) de João
Batista.
Hoje
em dia, porém, os Ibrahins, o Muhameds e os Faissais do deserto
preferem mesmo é minissaia e meias pretas com cinta liga.
Certas
meninas, mais ambiciosas, chegam a exercer uma incrível influência
política sobre o patrão. Foi, por exemplo, o caso da francesinha
Aimée Dubock de Rivery, que foi raptada na França, quase no fim do
século XVIII, e chegou a ser a nº 1 do harém de Abdul Hamid I, da
Turquia.
Seu
poder sobre o sultão era tamanho que as autoridades francesas não
tomavam nenhuma atitude em relação à Turquia sem consultá-la.
Eminência-parda
por eminência-parda eu preferiria a Aimée ao falecido Golbery, por
exemplo.
Só
tem um troço: se mijasse fora do penico (ou seja, se sentasse em
outro mastro que não o do sultão) corria o risco de ter a cabeça
separada do pescoço bruscamente.
Um
sultão chamado Ibrahim (ninguém nasce com este nome impunemente,
conforme já provaram as gracinhas de um colunista social e de um
ex-ministro da Justiça) chegou a afogar trezentas concubinas numa só
noite.
Se
o homem foi corneado por todas as trezentas, tinha mesmo que tomar
uma atitude pois certamente não havia um só lugarzinho vago na sua
testa.
Ainda
hoje em dia intriguinhas de salão e fazer doce na hora de dar o doce
são punidos com castigos mais leves, como cem varadas na bunda.
O
Topkapi – lembram do filme com o Peter Ustinov? –, hoje um museu
em Constantinopla, foi o mais famoso de todos os haréns. Construído
em 1439, linda é lembrado pelas grandes sacanagens lá cometidas
pelos sucessivos sultões e seus mulherios.
E
hoje? Bem, hoje em dia, volta e meia os jornais publicam a descoberta
de tráfico de escravas brancas. Os sheiks mais moderninhos, porém,
preferem mandar seus olheiros para cidades como Copenhague,
Estocolmo, Oslo, Helsinki, Reikjavik, onde publicam anúncios nos
jornais solicitando “acompanhante para riquíssimo homem de
negócios”.
As
jovens fazem contratos de seis meses, e até dois anos. Algumas
retornam ricas para suas cidades, como uma moça chamada Karen Olsen,
que conheci na cidade dinamarquesa de Aarhus. Outras se habituam com
a vida do harém.
Nada
que possa interessar às nossas feministas, embora as lutas aranhais
sejam muito comuns e até mesmo incentivadas no Norte da Europa.
Por
quê? Ora, se um cara tem trinta mulheres e elas só podem fuder com
ele, é natural que mais cedo ou mais tarde acabem por se divertir
entre si.
Perguntei
um dia a Jaguar, enquanto derrubávamos algumas dúzias de cerveja no
Degrau de Ipanema, se ele gostaria de ter um harém. Respondeu:
“Claro que não. Se um dia eu quisesse dar uma trepadinha fora de
casa, teria que arranjar trezentas desculpas”.
HARI,
Mata (1876-1917) – Gertrude Margareta Zelle, recém-saída
de uni convento em Amsterdã, não deveria ter lido o jornal naquela
manhã. Mas Ieu e deu de cara com um anúncio mandado publicar, de
sacanagem, pelos amigos do capitão Rudolph MacLeod. O anúncio dizia
que ele procurava uma esposa.
Ela
se apresentou e o que deveria ser uma brincadeira se transformou em
casamento mesmo, embora ele tivesse vinte e um anos a mais que ela.
Viveram
dois anos na Holanda e tiveram um filho, Normam.
Os
passatempos do capitão eram encher a cara, comer a mulher e depois
bater nela (na mulher, não na cara).
Em
1896 o oficial foi transferido com a família para a índia, onde
Gertrude (que tinha realmente um corpo, uma voz, uma inteligência e
olhos dando forma a uma magnética personalidade), quando não estava
sendo comida nem apanhando do marido, aproveitava para aprender tudo
sobre a Índia: a língua, a religião, a arte, mas, principalmente,
as danças exóticas.
Uma
babá a quem MacLeod também comera, enciumada, envenenou o filho do
casal e foi em seguida estrangulada por Gertrude Margareta.
Ela
teve mais um filho do militar – a menina Banda – e em 1900 a
família voltou para a Holanda.
Lá,
em 1904, ela informou ao marido que havia enchido e uma noite fugiu
para Paris.
Saía
Gertrude Margareta e entrava em cena Mata Hari, filha de uma
dançarina de um templo indiano, criada por monges budistas.
Tomou
conta de Paris, literalmente, depois de alguns meses e sem auxílio
da TV Globo.
Ela
dançava, mas dançava nua. Era puta, sim, mas não uma puta comum:
conhecia várias línguas, lera muito, tinha uma voz extremamente
agradável e devia chupar uma rola como ninguém, pois cobrava 7.500
dólares por uma trepada.
Entre
1904 e 1917, quem gostasse de mulher e tivesse dinheiro certamente
passou pela sua cama. Seu negócio era grana, mas, às vezes, fazia
exceções para jovens oficiais, como um russo pelo qual, dizem,
teria se apaixonado.
Mata
Hari, que em hindu quer dizer “olho do sol”, gostava de fuder,
mas não gostava de homens. MacLeod fez com que os odiasse para
sempre.
Talvez
isso, talvez o fato de já estar perto dos quarenta fez com que em
1913 fosse contatada pelos alemães e topasse ser espiã.
Segundo
os franceses, as informações que a bailarina Mata Hari conseguiu na
cama e depois repassou para os alemães durante quase toda a guerra
custaram a vida de quase 100 mil soldados.
Acabou
sendo presa graças aos alemães para os quais, além de custar muito
caro, não dava mais informações importantes, pois que os serviços
secretos aliados já suspeitavam dela.
Foi
condenada à morte. Seus amantes, entretanto, bolavam planos
audaciosos para salvá-la do pelotão de fuzilamento.
Um
idiota sugeriu que, antes do pelotão disparar, ela deveria abrir o
roupão e deixar se ver nua. “Nenhum francês ousará mutilar tão
belo corpo.”
Outro,
um aviador, prometeu dar voos rasantes e disparar contra o pelotão.
Clunet,
o mais famoso advogado de Paris, já com setenta anos, diria que Mata
Hari tinha no ventre um filho seu e, como havia uma lei dizendo que
mulheres grávidas não podiam ser executadas, ela seria salva.
Um
último subornaria os atiradores para usarem em seus rifles apenas
pólvora seca.
Nada
disso aconteceu. Ela morreu com classe, sorrindo para seus matadores.
Um
dia perguntaram a ela, na prisão, por que aceitara ser espia dos
alemães. E ela: “Eles me convidaram primeiro”.
Sua
filha Banda teve a mesma sorte. Era espiã americana na Coreia do
Norte em 1948 e foi fuzilada pelos comunistas.
Pessoalmente,
eu não acredito numa só linha deste verbete, mas se 50% for
verdade, então ela foi a maior espiã da história da humanidade,
desde que a palestina Dalila visitou a cama do judeu Sansão para
descobrir de onde vinha a sua força.
Mata
Hari merece ser melhor estudada.
HAVELOCK
ELLIS, Henrick (1859-1939) – Embora os discípulos de
Freud desconversem, a verdade é que ele chupou muito no bom
Havelock, apesar de ser mais velho do que ele. Aliás, morreram no
mesmo ano. Mas conversaremos depois sobre isso. Médico e psicólogo,
ele foi avançado demais para o seu tempo, E pensar que tudo começou
com uma inocente mijada da mãe dele.
Foi
assim: um dia, aproveitando o fato de que seu marido, um capitão da
Marinha estava viajando, a mãe do pequeno Henrique levou-o a passear
no jardim zoológico de Londres.
Como
o banheiro devia estar longe (pessoalmente, acredito que não
houvesse nenhum), ela simplesmente parou de repente, abriu as pernas
e fechou os olhos. Quando voltou a caminhar, no lugar onde estivera
parada ficara um pequeno lago de mijo.
Ao
ver que estava sendo observada pelo garoto de doze anos, disse: “Não
era para você ver”. Ainda assim deu mais umas mijadas na frente
dele durante o passeio. Devia ser moda na época.
A
verdade é que, ao ver a mãe mijar, aconteceram duas coisas com o
pequeno Ellis: seu pequeno pau ficou duro e seu interesse sexual
cresceu.
Para
um cara tão interessado no comportamento sexual em geral, ele teve
uma vida sexual de merda, pelo menos até os trinta anos.
Senão
vejamos:
1)
aos sete anos aprendeu com um garoto da mesma idade como bater
punheta mas não gostou;
2)
mais ou menos com a mesma idade um garoto adolescente pediu que ele
segurasse no pau dele, o que fez, ficando impressionado com o
tamanho;
3)
quando o pai viajava, vivia com a mãe e mais cinco irmãs maiores em
casa. Volta e meia as surpreendia peladas, mas gostava mesmo era de
vê-las mijar;
4)
esporrava na cama pelo menos umas duas vezes por semana e anotava os
sonhos com mulheres mijando;
5)
aos dezoitos anos conseguiu ejacular acordado lendo um livro, mas
jamais bateu uma punheta;
6)
com vinte anos, depois de passar alguns anos ensinando na Austrália,
voltou à Inglaterra, onde ficou amigo de uma jovem escritora, Olive
Schreiner, que passava os fins de semana com ele. Pelados, os dois
examinavam esperma através de um microscópio mas, segundo ele,
nunca tiveram uma relação sexual;
7)
aos trinta e dois anos se casou com Edith Lees, que era virgem como
ele. Tiveram uma vida sexual de bosta, pois ela se achava maníaca
depressiva e por isso não queria ter filhos; além disso, se negava
a mijar para ele ver. Fora da cama se davam bem, de modo que
resolveram encerrar as atividades fodais depois de cinco anos de
casamento. A verdade é que a nossa Edith era sapato e arranjava
mulheres para ela e para ele;
8)
quando Edith morreu em 1919 ele foi viver com a tradutora dos seus
livros para o francês, Françoise Delisle, que fudeu com ele durante
vinte anos e não se incomodava de mijar para ele ver.
Seu
trabalho mais importante foi Studies in the Psychology of Sex,
que – podem crer – nunca foi publicado no Brasil. Foi neste livro
que Freud chupou muito.
O
livro foi proibido na Inglaterra da rainha Vitória, nos Estados
Unidos só podia ser adquirido por médicos mas teve larga aceitação
na França e na Alemanha.
Eis
algumas das suas conclusões: a periodicidade, baseada nas fases da
lua e nas estações do ano, é característica do comportamento
sexual humano; antes da adolescência, as crianças têm consciência
de sua sexualidade; o homem atinge o auge da sua atividade sexual
antes da mulher; as mulheres têm desejos sexuais mais fortes do que
se supõe e podem ter múltiplos orgasmos; a impotência e a frigidez
têm mais causas psicológicas que físicas; as mulheres só são
frias porque são mais reprimidas e porque muitos homens não sabem
fazer amor propriamente; todos os sentidos são importantes nos atos
sexuais.
Finalmente,
as feministas deveriam lê-lo um pouco mais, pois já no século XIX
ele dizia que qualquer prostituta é mais livre que uma mulher que
casa para ser sustentada.
Grande
amigo dos três homens mais esclarecidos da Inglaterra do seu tempo –
Bernard Shaw, Chesterton e H.G. Wells –, Havelock Ellis cunhou os
termos narcisista e auto- erotismo, posteriormente usados por Freud e
sua tchurma. Além disso se dava ao luxo de escrever bem.
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