JUDAS
(?-cerca de 30 d.C) – Talvez uma das personalidades mais
injustamente sacaneadas da humanidade. Segundo o Novo Testamento,
Judas teria indicado Jesus Cristo aos guardas romanos, beijando-o na
face. Por esta traição teria recebido trinta denários de Caifás,
o líder religioso judeu. Arrependido, depois de ver Cristo condenado
a morrer na cruz, na versão de João, ele se enforcou, e na de
Mateus, se jogou de um precipício. Seu nome, há quase 2 mil anos, é
símbolo de traição e as crianças católicas e protestantes
aprendem a odiá-lo desde cedo. Uma história muito mal contada.
Se
realmente aconteceu o que diz a versão oficial, então teria que
acontecer de qualquer modo, independentemente da vontade de Judas,
pois dizia a profecia que um dos apóstolos trairia Jesus.
Segundo
Danillo Nunes em seu excelente livro (pouca gente faz pesquisa com
tanto zelo em nosso país) Judas, Traidor ou Traído?, ele era
membro do partido nacionalista zelota e acompanhava Jesus pois vira
nele todas as qualidades de um líder revolucionário capaz de levar
o povo a rebelar-se contra o império romano.
A
expulsão dos vendilhões do templo não teria sido apenas um ato
isolado, mas um verdadeiro quebra-quebra popular.
Os
mercadores vendiam suas mercadorias em cima de bancos em frente às
sinagogas. Estes bancos Jesus quebrou.
Daí
a palavra bancarrota, que resistiu até os nossos dias e continuará
resistindo enquanto tivermos ministros da Fazenda como Simonsen,
Delfim, Bulhões, Dornelles, Funaro, Bresser Pereira e Maílson da
Nóbrega.
Enfim,
o que houve na cidade foi um princípio de revolução.
Judas
teria instigado Jesus a liderá-la e ele teria dito: “A César o
que é de César e a Deus o que é de Deus”.
Talvez,
neste momento, Judas, que era o único alfabetizado do bando, tivesse
dito: “Vais ver o que é bom para a tosse”.
Eu,
porém, duvido. Acho que pegaram o Judas pra Cristo.
JÚLIA LA MAYOR (39 a.C-14 d.C.) – Antigona, mas quem a viu deixou
registrado: “Extremamente bonita e extremamente galinha”. A
antigona aí de cima não é para ser confundida com a Antígona,
personagem da tragédia grega que foi devida mente esquilada,
soflocada e euripidiada e era, por sinal, bem mais
antigona que a Júlia.
Disse
que era antigona porque nasceu antes de Cristo e quando morreu JC
devia ter uns dez anos.
Digo
isso porque, como sabem os mais chegados à História, Cristo nasceu,
realmente, no ano 4 d.C. ou seja, quatro anos depois dele mesmo.
Milagre puro!
Vêem
como eu estou confuso, hoje? Fico pensando na moça que estuda letras
na Santa Úrsula e me perco.
Daqui
a pouco tenho que tomar um avião para Vitória onde darei uma
conferência para uma plateia da qual já sinto pena.
Mas
voltemos à Júlia. Parágrafo para ver se o estilo melhora.
Júlia
era filha do imperador Augusto, que fez com que ela se casasse aos
quatorze anos com seu primo Marcelo. Dizem que ele morreu um ano
depois de tanto trepar.
Augusto
então a forçou a casar com o chefe do seu ministério, um tal de
Agripa, que já estava beirando os cinquenta anos. Ele, porém, como
se viu logo, não dava para o excessivo gasto de sua jovem mulher.
Ela
não se apertou. Arranjou logo uma porrada de amantes.
Agripa,
por sua vez, não tinha coragem de se queixar ao imperador, pois ele
afinal tinha direito de vida e morte sobre todo mundo.
Já
imaginaram o bom Agripa dizendo: “Divino Augusto, tua única
filhinha é uma putona”? Seria muito chato pra saúde dele.
Engraçado
é que Júlia teve cinco filhos. Todos com a mesma carinha de bunda
enrugada do Agripa.
Quando
alguém, surpreso, comentava a semelhança, Júlia, rindo, dizia:
“Mamãe aqui só apanha passageiros quando o barco já está
cheio”. Era chegada a mastruços e metáforas.
Agripa
morreu corno depois de dez anos de casamento, no ano 12 d.C.
Augusto
imediatamente casou-a com o seu enteado Tibério, filho de sua
mulher, Lívia Drusilla.
Tibério
já era casado, mas foi forçado a se divorciar para casar com Júlia.
Diz
a História (logo, duvidem) que Tibério ficou tão puto dentro dos
saiotes (as calças ainda não haviam sido inventadas) que se recusou
a dormir na mesma cama que Júlia.
Mas
a coisa não foi bem assim. O negócio de Tibério era outro,
conforme ele se encarregou de propagar depois da morte do padrasto.
Gostava mesmo era de ser comido por vegetais, minerais e,
principalmente, animais, o baitolão.
Vocês
já viram que ao perceber que o marido era mágico, aí mesmo que
Júlia se largou e passou a ser comida por atacado.
Segundo
Sêneca, tremenda bichona, deixou de ser adúltera para se
transformar em prostituta. Apanhava homens em frente do fórum onde
seu pai havia promulgado uma lei contra o adultério. Mas apanhava
aos lotes.
Finalmente
Augusto descobriu e informou-a: “Nunca mais voltarás a introduzir
qualquer sésamo na tua caverna” ou um troço parecido com este.
Foi
banida para a ilha de Pandataria, onde só havia pedras e mulheres.
Morreu
dezesseis anos depois saudada por suas damas de companhia como campeã
suprema da luta aranhal.
Júlia
trabalhava no ramo. Mais puta mesmo, só Messalina.
JUNG,
Carl Gustav (1875-1961) – Gênio especializado em tudo.
Uma das três glórias Suíça. As outras duas são o queijo e o
relógio-cuco. Psiquiatra, estudou medicina na Basileia e praticou
psiquiatria em Zurique. Provavelmente, se houvesse topado com o Joyce
por lá, acabaria por analisá-lo e inutilizá-lo para a literatura
pelo resto da sua miserável vida. De 1907 a 1913, foi grande amigo e
discípulo de Sigmund Freud. Vaidosíssimos, acabaram brigando.
Os
dois, como se sabe, são acusados de serem os responsáveis por esta
praga que assola os países subdesenvolvidos. Estou falando dos
psicanalistas que durante vinte anos no Brasil e em outros países,
enquanto anestesiavam a consciência dos tubarões (fardados ou não),
ainda faziam hora extra dando psicoterapia de apoio aos torturadores
do DOI, do CODI e da puta que os pariu.
Jung
era o peixinho preferido de Freud e com ele se correspondeu durante
anos na base do “Lieber herr professor doktor” pra cá e
pra lá, terminando com recomendações às fraus Freud e
Jung.
Entre
as saudações e as despedidas comentavam as sacanagens que se
passavam nas mentes doentias lá deles.
Estranhamente,
Freud, que – dizem – não comia ninguém além da frau
Freud, dava ênfase ao sexo como mola propulsora do comportamento
subconsciente, enquanto Jung que, tirando padres, escoceses e a Maria
da Conceição Tavares, não perdoava ninguém que usasse saias,
achava que havia algo mais.
Tremendo
gozador e boa-pinta, o suíço teria dito depois de romper com o
mestre: “Afinal, o pau não passa de um símbolo fálico”.
De
qualquer modo, a briga com Freud deixou Jung meio maluco.
Mas
ele reagiu e se analisou entre 1914 e 1918 enquanto a Europa fazia a
guerra para acabar com todas as guerras, enriquecer definitivamente a
indústria bélica e matar alguns milhões de soldados.
Depois
que se deu alta, Jung desenvolveu a sua teoria da psicologia
analítica, da psicoterapia e passou o resto da vida clinicando,
escrevendo (e como!) e dando palestras a preços módicos.
Foi
ele o criador dos conceitos de extroversão e introversão e o
postulador do inconsciente coletivo.
Um
dos cérebros mais prodigiosos do século XX, interessava-se por tudo
que fosse humano e até desumano: dos discos voadores ao I Ching,
passando por grafologia, fantasmas, alquimia e outros modos de trocar
de tédio.
Estranhamente,
além de Freud, seu outro guru foi Ridder Haggard, um escritor
prolífico de romances de aventuras sobre quem Robert Louis
Stevenson, autor de Dr. Jeckill and Mr. Hide, teria dito:
“Grande romancista, mas como escreve mal”. Estava certo.
Se
pelo menos os psicanalistas que infestam Ipanema e arredores se
dessem ao trabalho de ler Jung talvez ficassem mais humildes e,
envergonhados, acabassem mudando de profissão.
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