ORGASMO
– Vocês lembra que no fim dos anos 70,
princípio dos anos 80, os gorilas da direita (hoje a coisa está
mais confusa) se divertiam jogando bombas em bancas de jornais, a
OAB, na Assembleia Legislativa e no Riocentro? Isso se explica, pois
só conseguiam chegar ao êxtase através do terror. Pra quem ainda
não entendeu: um bando de broxas que só conseguia gozar jogando
bombas nos outros.
Para
as pessoas normais, entretanto, muito melhor que jogar bombas é ter
um orgasmo, que é como se chama o clímax feminino e masculino,
embora este último seja mais conhecido como ejaculação.
E
você, leitorinha, não precisa nem fumar maconha, nem ser ninfômana
para ter um orgasmo.
O
melhor mesmo é ir para a cama como o seu hominho. Mas, na falta de
um, já conheci moças que tiveram orgasmo com o auxílio do dedo
médio da mão direita, com auxílio do chuveirinho do bidê e até
mesmo espirrando, andando de bicicleta, andando a cavalo e jogando
tênis. E note que qualquer um desses esportes é mais saudável que
jogar bombas por aí.
Eu,
que manjo razoavelmente deste verbete, posso informar aos leitores
mais ignorantes que seja qual for o estímulo, os sinais de que o
orgasmo está para fazer sua entrada em cena são sempre os mesmos:
1) mamilos eretos; 2) lubrificação vaginal; 3) aumento da pulsação,
da pressão sanguínea e da respiração.
Se
você surpreender qualquer mulher nessas condições, não tenha
dúvida de que ela está tendo um orgasmo.
O
orgasmo normal dura entre dez e quinze segundos e se caracteriza por
contrações vaginais que vão de três a doze, mais ou menos.
Embora
algumas se contentem com dois ou três orgasmos no capricho, há
mulheres que podem ter dezenas deles.
O
recorde cientificamente provado pelo casal de tarados Masters &
Johnson é de 106.
Apesar
desse incrível potencial energético, 65% das mulheres só atingem o
orgasmo com o auxílio do amigo dedo médio e outras nem sabem se têm
ou não orgasmo.
Estas
últimas têm os chamados orgasmos suaves, que não podem ser
comparados com os orgasmos fortes, que fazem lembrar –
segundo expressão de uma amiga minha de cama e mesa –
as ondas batendo contra os rochedos.
É
isso aí, amiguinha: quando sentir uma vontade irresistível de
sacanear alguém: tenha um orgasmo. Há quem diga que ele tem a cara
de Robert Morley.
P.S.:
Ia esquecendo, o primeiro orgasmo feminino cientificamente comprovado
ocorreu nos Estados Unidos em 1872.
O
ginecologista Joseph Beck, de Indiana, estava examinando uma mulher
que lhe disse: “Tome cuidado, doutor, que sou extremamente sensível
e posso gozar de repente”.
Beck
não esperou mais. Enfiou o dedo na buceta da mulher, rapidamente,
três vezes seguidas, tendo o cuidado de passá-lo pelo clitóris.
A
mulher gozou na hora e, posteriormente, o bom médico escreveu um
ensaio sobre a experiência.
ORGIA
–
Naturalmente não sou muito chegado por ter a participação de
outros homens além do locutor que vos fala e homem nu é troço
extremamente desagradável. As orgias a que fui convidado aqui no Rio
têm sempre duas gatas pingadas e uma porção de barbados. O dono da
casa fatalmente se desculpa com ar de idiota: “Não sei onde se
meteram essas mulheres.Você deveria ter pintado a semana passada”.
Comigo é sempre assim: a festa boa foi invariavelmente na semana
passada, quando eu não estava presente.
Orgias
a sério mesmo eram as patrocinadas pelos imperadores romanos.
Ninguém era de ninguém e, além de comerem metaforicamente tudo o
que pintava pela frente, ainda comiam literalmente clitóris de
lagosta, vulvas de colibri, cérebros de macaco, línguas de
flamingos, ovas de enguia, cuzinhos de pavões e outras
especialidades.
A
classe dominante que se divertia desse modo, uma vez de bucho cheio,
vomitava sobre os escravos e recomeçava a comer. Aliás, os escravos
seguravam as jebas dos sacanas para que eles pudessem mijar.
Entre
os vikings, os escravos esperavam pacientemente com um vaso na mão a
hora dos guerreiros mijarem para poderem beber o mijo. É que a
cerveja dos vikings tinha mais de vinte graus de álcool, e mesmo
depois de transformada em mijo ainda dava porre.
Esses
escravos de primeira depois mijavam num jarro para que os escravos de
segunda pudessem tomar seu porrinho. Troço desagradável pacas.
Segundo
Sêneca, Nero, uma vez, no meio de uma orgia castrou seu namorado, um
tal de Sporos.
Heliogábalo,
outro imperador viado e maluquete, por quem Gore Vidal, escritor
americano que trabalha no ramo, nutre profunda admiração, chegou a
pensar em cortar fora suas próprias ferramentas mas acabou
desistindo da ideia. Limitou-se a servir de prostituta para mais de
cem convidados.
Sabe-se
que Deus, quando botou o cu no homem, não foi para que ele enfiasse
objetos contundentes nele. E o povo pagava impostos para essas
sacanagens.
As
orgias só voltaram à moda oficialmente com a Renascença, graças à
família Bórgia, liderada pelo próprio papa Alexandre VI.
Uma
vez César e Lucrécia Bórgia deram uma festa e convidaram o povão.
Nesta festa cinquenta prostitutas foram comidas por cinquenta
convidados escolhidos a dedo. O povão premiou com aplaudos as
melhores duplas.
Os
Bórgias eram melhores que os Ulysses, Sarneys, Rafaéis e Fernandos
Henriques, que jamais convidaram o povão para vê-los beber poir.
As
orgias europeias, segundo Giacomo Casanova (que não entrou nesta
minha enciclopédia por ser figurinha por demais manjada),
atravessaram o barroco e só pararam, pelo menos oficialmente, com a
subida ao trono da rainha Vitória, baixinha, gordinha, feinha, que
amava muito o marido alemão, mas não desprezava uma manga
carlotinha de vez em quando.
Atualmente,
uma boa orgia pede principalmente muita grana e é um luxo exclusivo
da grã-finada.
Às
vezes em que fui convidado, por engano, a uma dessas festas, achei
tudo muito deprimente, pois estava na cara que a grande maioria das
mulheres era composta de profissionais, pagas para encenar orgasmos.
Essas
coisas são boas quando acontecem espontaneamente, como aconteceu na
suite de conhecida atriz americana em Madri, em 1969.
Éramos
quatro homens e sete mulheres. Eu estava comendo uma namoradinha
italiana que fora à Espanha comigo e ela começou –
sei lá se por show-off ou porque estava gozando mesmo –
a radiofonizar seus múltiplos orgasmos.
A
atriz em questão a cutucou e perguntou: “Desculpa, mas você está
gozando mesmo ou está querendo impressionar?” “Estou gozando
mesmo”, respondeu a moça.
E
a coroa de Hollywood: “Então deixa eu ficar no teu lugar um
pouquinho”.
Já
disseram também que aqui no Rio, de madrugada, no Arpoador, a
exemplo do que ocorria no Parc aux Cerfs, em Paris, casais
motorizados se encontram em determinadas noites de lua cheia para
organizarem partouses (orgias). Eu duvido. Não creio que a
nova geração tenha tanta imaginação.
Para
quem quiser tentar, porém, um último aviso: camisa-de-vênus no pau
e cu contra a parede.
PARAFILIA
– Qualquer troço feito na cama que
ultrapasse o papai-mamãe. Por outro lado (da cama), há quem
assegure que anormal mesmo é o papai-mamãe. Parafilia é, portanto,
um desvio sexual (no sentido de desviar-se do caminho preestabelecido
pela ética moral majoritária), mas tem muito parafilista que moita
sobre as suas parafilias. Alguém conhece alguma senhora com menos de
sessenta e mais de quinze que já não tenha se imaginado num filme
como a mocinha, ou seja, a principal felatriz? Troço perigoso porque
mexe com hipocrisia.
A
maioria dos parafilistas não faz mal a ninguém. Meu falecido amigo
Ronald de Chevalier, grande matemático e poeta gongórico, comentou
comigo há alguns anos sobre um seu vizinho que pagava as moças da
boate Bolero, da avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, para se
vestirem de freiras e lerem em voz alta as atas da Academia
Brasileira de Letras enquanto ele descabelava o palhaço. Ele
fornecia os hábitos, as atas, o chá com torradas e os cachês.
Tem
parafilistas que gostam de cortar pedaços de vestidos de mulher em
lugares cheios de gente. Outros roubam calcinhas (aí já entramos no
ramo do fetichismo – ver verbete –,
que é uma forma de parafilia das mais comuns) estendidas nos varais
dos quintais de subúrbio.
A
cleptomania é, talvez, a forma mais popular de parafilia e –
vejam vocês, leitorinhas que me honram com os olhos cheios de
lascívia – 90% dos cleptomaníacos são
cleptomaníacas. Mulheres às vezes ricas, que se arriscam a sofrer
os maiores vexames roubando besteiras como tesourinhas, batons,
vidros de esmalte nas Sears, Mesblas e C&A da vida.
Duas
atrizes famosas dos anos 30-40, Verônica Lake (amor da minha vida) e
Hedy Lammar, foram apanhadas em flagrante roubando bijuterias. Coisa
mais triste: segundo a maioria dos sexólogos, depois do roubo, em
casa, se masturbavam, pensando no risco que haviam corrido. Chato,
né?
Mesmo
velhinhas, na época em que isto aconteceu, quinze anos atrás, elas
poderiam ter apelado para o ardoroso fã que ora escreve estas mal
bolinadas letras.
Com
o objeto roubado nas mãos, elas se masturbam. Atingido o orgasmo, a
quinquilharia é jogada fora e a paz volta à região da vulva como o
arco-íris depois de uma tempestade.
A
parafilia é uma árvore cheia de ramos. Um dos ramos mais habitados
é o que trata dos malucos chegados à uma deformidade física. Eu
disse malucos? Besteira minha. O que seria dos manetas, das pernetas,
dos caolhos e das berruguentas sem esses heróis e heroínas?
Em
Amsterdam, há cinco anos, meu primo Johann von Wolffenbüttel me
disse que vem aumentando na cidade os bordéis para parafilistas.
Neles as profissionais, mais do que trepar, têm que demonstrar
talento histriônico.
Tem
a moça especializada em jogar tortas na cara do freguês até ele
gozar. Tem a outra que, com os seios ao ar livre, corta as unhas do
cliente. E tem até mesmo uma professora de latim, que toma os verbos
de um banqueiro que erra propositalmente para ser posto de castigo:
nu com um boné em forma de cone na cabeça, onde se pode ler a
palavra “burro”.
Daqui
a algum tempo, parafílico mesmo será o ato sexual responsável
praticado por mim que vos escrevo e por vós, maníacos sexuais que
me lêem.
Uma
parafilia que está virando moda entre escritores menores é a de
tratar os leitores na segunda pessoa do plural, como adoram fazer os
maus tradutores de Shakespeare, Johnson, Marlowe e outros menos
votados.
Calma,
esperem um pouquinho... não digam nada... gozei!
Nenhum comentário:
Postar um comentário