sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

ABC do Fausto Wolff (Parte 53)


OBSCENIDADE Para mim obsceno é dono de supermercado, que paga salário mínimo para as caixas, explicar na televisão por que precisa aumentar o preço dos gêneros de primeira necessidade. Mas a definição mais razoável, embora longe de ser exata, é a seguinte: tudo aquilo que é ofensivo à decência e capaz de corromper pessoas que entrem em contato com a matéria quer lendo, vendo ou ouvindo.
Troço tão hipócrita que O Poço da Solidão, clássico do lesbianismo de Radcliff Hall, foi proibido por causa da frase “E aquela noite elas não se separaram”.
Em 1933, pela primeira vez desde o princípio da era industrial, o juiz norte-americano Augustus Hand acabou com esta bobagem de julgar frases fora do seu contexto e disse: “Maníaco sexual é quem tem paciência de procurar obscenidades em Ulysses, gigantesca obra de Joyce”.
O célebre professor Samuel Johnson (1709-1784), logo após a publicação do seu Dicionário da Língua Inglesa, teve que ouvir de duas velhas: “Como foi que o senhor pôde publicar tantos palavrões?” E ele: “Como foi que as senhoras foram correndo procurá-los?”
Em verdade eu vos digo, leitores, não tem nada mais sujo que a cabeça de um puritano.
Pessoalmente, como vocês estão carecas de saber, sou favorável à pornografia ao alcance do povo, privilégio até alguns anos atrás acessível somente à classe dominante.
Nego compra uma revista dessas que tem aos montes em qualquer banca, bate uma punheta num W.C. qualquer e não pensa mais em matar o presidente da UDR, por exemplo.
Cedo, porém, o povão não vai ter mais grana pra comprar revistas de sacanagem: fome de comida, bebida e sexo, terá que explodir de algum modo lá pela avenida Vieira Souto, de preferência.
Se sacanagem transformasse alguém em tarado, aquela dona Solange que foi presidente da Censura Federal estaria maluquinha, pois passou anos vendo pornochanchadas nacionais e estrangeiras...
Mas agora, falando sério: é óbvio que muito malucão lê literatura pornográfica, mas muita senhora do society também lê, e como! Apesar disso, o único crime que essas damas cometeram até agora foi não aumentar o salário dos seus serviçais.
E os maníacos sexuais? Terão sido os livros, filmes, revistinhas de sacanagem que os piraram?
Os americanos realizaram uma pesquisa para saber quais os livros que o público considerava sexualmente excitantes.
Uma senhora teria respondido: A Ascensão da República Holandesa, troço que também não entendi, pois a Holanda ainda é uma monarquia.
Nego ou nega a perigo se assanha até lendo catálogo telefônico.
O Dr. Murilo Pereira Gomes, que foi um dos melhores psiquiatras deste país (morreu, naturalmente), me contou que uma vez mostrou a um paciente as fotos de um Volkswagen, de uma manicure, de uma bandeira do Brasil e de um prato de tomates em rápida sucessão e pediu-lhe que lhe dissesse o que elas sugeriam. O paciente não teve dúvidas: “Sexo, sexo, sexo, sexo”.
Quando Murilo sugeriu delicadamente que ele estava obcecado com sexo, o cara quis virar a mesa:
– Então o senhor me mostra essas fotos de sacanagem e eu é que sou tarado?...

ONANISMO Onan não era onanista, mas esta bobagem pegou. Personagem bíblico, ele teria nascido uns 1.700 anos a.C. Mal havia completado vinte anos e seu pai, Judah, o obrigou a casar com Tamar, mulher do seu falecido irmão Er. Esta porra de Onan, Judah, Tamar e Er está parecendo palavra cruzada. Mas voltando ao boi quente: como Er não tivera filhos com Tamar, Onan teria que fazer filhos nela. Eles, porém, seriam considerados filhos de Er e receberiam o seu patrimônio. 
Eu também não entendi bem a história, mas parece que Onan estava gastando a grana de Er e se tivesse filhos com a viúva dele, esta grana passaria para eles. Pode não ser verdade, mas faz sentido.
Verdade é que todas as noites Onan comia Tamar, que era boa pacas, mas na hora de gozar tirava o paranaguá da caravalha e gozava no chão. 
Isso, qualquer idiota sabe, não é masturbação, mas coitus interruptus
Apesar disso até hoje os masturbadores (a humanidade inteira, com exceção de uns poucos maníacos sexuais) são considerados membros do fã-clube de Onan.
Onanismo virou masturbação e masturbação é qualquer forma de auto-estímulo com o objetivo de atingir o orgasmo.
Durante séculos se acreditou que punheta causava cegueira, loucura, impotência e outros males. Posso garantir a vocês que isto é uma mentira: William Shakespeare, Marilyn Monroe, Coufúcio, Jaguar, Homero, Mercedes Benz, Napoleão, Ziraldo, a rainha Vitória e aquela moça que está passando agora eram e são chegados a uma bronha.
O máximo que aconteceu com eles foi verem nascer pêlos nas palmas das mãos. Digo mãos porque tem muito malandro que também vai de canhota.
O que tem de cafumango que vive trancado no dejetório botando os cinco a lutar contra um, não está na revista Letras em Marcha.
Gostam tanto do esporte que chegam a ponto de apresentar a mão direita lá deles como “minha patroa” e esporadicamente a esquerda como “a filial”.
Sobre este diálogo manual ainda escreverei uma peça de teatro em cujo final a mão direita, irritada com as traições do marido, acaba por cortar a esquerda. Desesperado com a morte da amante, o marido pede a um amigo que lhe decepe a mão direita, ou seja, que mate a esposa. Finalmente, ele, de acordo com a origem semântica da palavra, pode bater uma punheta (de punhos) sem ser aporrinhado pelas mãos.
Mas agora falando sério: deixem seus filhos se masturbarem que não faz mal algum, pelo contrário. Segundo Kinsey (ver verbete) há crianças que se masturbam já aos cinco, seis meses de idade. Aliás, o leitor que não sabe como socar uma bronha não deveria estar lendo o meu ABC.
Mas talvez os marmanjos devessem saber que a mulher atinge o orgasmo estimulando a área ao redor do clitóris, pois este, na maioria das vezes, é tão sensível que um contato direto e contínuo com o dedo pode causar mais irritação que prazer. Não vai à la louca, portanto, ô bucéfalo!
Dizem que as mulheres se masturbam menos que os homens. Chute puro! E que muitas não consideram autogratificação o chuveirinho do bidê, o travesseiro entre as pernas, o esfregar uma coxa contra a outra.
Já homem, tem muito principiante que não gosta da punheta tradicional e enfia o pau em gargalo de garrafa. Troço burro e perigoso, pois pode parar a circulação do sangue.
Melhor e mais seguro é fazer um buraco num melão, numa melancia, num quilo de fígado (pra quem é rico), num mamão, sempre que haver mamão-fêmea.
Existem uns caras bem-dotados ou contorcionistas que conseguem autofelaciar-se. Não acredito que o trabalho compense.
Conheci muitas mulheres que se consideravam frias até conhecerem o orgasmo através do noivo.
Do noivo de matéria-plástica, com baterias por dentro, chamado Vibrador da Silva, é supérfluo esclarecer.

ONASSIS, Aristóteles (1906-1975) Do filósofo só tinha o primeiro nome. Nunca se interessou, realmente, pelas letras. Conhecia algumas óperas e isto apenas porque durante muitos anos comeu a famosa soprano, grega como ele, Maria Callas. Em verdade, preferia os números, aqueles que aparecem nas notas de dólar.
Um dos seus biógrafos biografia escrita quando o armador ainda vivia disse que ele era bonito quando rapaz. Chute: sempre foi baixinho, gordo e meio vesgo.
Outro chute: teria nascido pobre. Conversa fiada, seu pai era um próspero negociante grego em Esmirnia, na Turquia. Negociava com cigarros.
Em 1922, porém, os turcos acharam que havia muitos gregos em seu país e expulsaram entre outros a família de Onassis.
Foi assim que ele deu com seu 1,55m de altura em Buenos Aires, onde deve ter pensado: “Tenho um pau grande e muito tesão, mas com esta cara não vou muito longe”.
Roubou pacas e com vinte e cinco anos já era um milionário, graças aos seus investimentos, principalmente em petroleiros.
Dizem, mas não provam, que comeu sua professora de francês, quando ainda adolescente. Provavelmente seu pai tratou de pagar a francesinha para iniciar o filho nas artes fodais.
Com muita grana no bolso acabou em New York nos anos 40, ocasião em que fudeu tudo que tinha saia, livrando apenas a cara de padres e escoceses.
Mas fudeu, principalmente, sua amante de 1,85m, a louríssima Ingeborg Dedichen, jantar para mais de cem talheres, como diria o Sergio Porto.
Com Ingeborg fez de tudo, chupava-lhe os dedos dos pés, aplicava-lhes surras incríveis e um dia chegou a peidar na sua cara enquanto ela examinava o seu rabo para ver se ele tinha hemorróidas.
Como sempre teve um amor puro e desinteressado por dinheiro, se casou aos quarenta anos com uma menina de dezessete mas... atenção para o detalhe: ela era Tina, filha de Livanos, juntamente com Onassis, o maior armador do mundo na época.
Juntaram a grana, fez dois filhos em Tina: Alexandre e Cristina, mas nem por isso deixou a cama da Callas.
Em 65 se divorciou da mulher e casou em 68 com nada menos que Jacqueline, a viúva de John Kennedy.
Como já disse no verbete referente ao ex-presidente americano, Jackie tinha orgasmos quando via grana, e grana era coisa que Onassis tinha demais. Ainda assim ela se precaveu: fez um contrato pré nupcial com o armador que incluía mais de cem itens, entre os quais 1 milhão de dólares mensais para pequenas despesas, quartos separados e nenhuma obrigação de engravidar.
Sempre que queria fuder com Jackie, ela dizia: “Estou com dor de cabeça, Ari”.

Cedo ele encheu o saco e chegou a pensar em se divorciar, mas os deuses já tinham decidido que ele havia fudido o suficiente e o carregaram para o inferno onde seu dinheiro não lhe valeu de nada.

Um comentário:

  1. Eu não me trocaria por ele, nem com toda sua fortuna!!! Baixinho e feio, quanto a outros "atributos" ah! esse eu também tenho...

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