sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

ABC do Fausto Wolff (Parte 51)


NERO (37-68) Bicha louca. Mas louca de dar nó em pingo d'água. Além disso, foi também imperador romano, aliás, o quinto da linha júlio-claudiana. Era filho de Agripina e de Domício, que comia a própria irmã, hábito, aliás, que embora condenado oficialmente, era o trivial simples da aristocracia romana. Quando Domício morreu, Agripina casou-se com o velho Cláudio (ver verbete de Messalina), que havia mandado matar sua mulher, Messalina.
Para que seu filho pudesse assumir o império aos dezessete anos, Agripina envenenou o marido.
Em público o jovem imperador até que se comportou direitinho durante uns cinco anos, embora na cama fizesse com a mamãe algo mais que o papai-mamãe. Algo como o mamãe-filhinho.
Foi quando conheceu Pompéia que, segundo Tácito, tinha todas as qualidades, menos uma: a virtude. Se a mãe iniciou-o no deboche, dando-lhe a instrução primária, Pompéia, que era alguns anos mais velha que ele deu-lhe a instrução superior.
Em matéria de sexo não houve sacanagem que os dois não bolassem e não botassem em prática.
No Circus Maximus, Nero passou a dar orgias públicas todas as noites.
Mandou construir bordéis às margens do Tevere, tendo damas da sociedade como prostitutas, hábito que, aliás, vocês devem estar lembrados, herdou de Messalina, oficializando o que todo mundo já sabia, ou seja, que as damas da sociedade eram umas boas putas.
Para mudar de tédio, saía à noite com seus assessores de porra nenhuma, dando surras em quem encontrasse pelas ruas.
Foi nesta época que passou a se interessar também por homens e começou comendo o rabo do seu irmão Britânico, a quem envenenou posteriormente.
Fez uma paródia das lutas entre gladiadores e animais selvagens. Se vestia com a pele de um leão e investia contra os países baixos de homens e mulheres amarrados a postes de madeira.
Aos vinte e cinco anos resolveu abrir o jogo e se tornou mulher de um degenerado chamado Pitágoras, cujos números eram bem diversos dos usados pelo matemático grego apaixonado por hipotenusas e catetos.
Depois da paródia pública de cerimônia nupcial, Nero (ou melhor, a esta altura Nera) foi comida pelo noivo diante do povão que se esbaldou pacas... por dentro, pois quem risse, se escandalizasse ou fizesse algum comentário considerado deselegante sobre o homem mais poderoso do mundo estar levando um salamão no brioco, era imediatamente condenado à morte, troço muito chato.
Apesar de dar mais do que chuchu na serra, Nero continuou enfatuado por Pompéia. O problema é que ele ja era casado com Otávia, a quem odiava, e ela também tinha marido. Além de tudo, Agripina era contra.
O que foi que ele fez? Mandou esfaquear a mãe-amante e depois foi olhar as vísceras dela para ver de onde havia saído. Daí a origem da palavra que dá nome à operação cesariana. E dizer que, por muito menos, Édipo arrancou os olhos e foi passear no deserto.
Para se livrar de Otávia, Nero inventou que ela o corneava e se divorciou dela. Em seguinda a baniu da cidade e, secretamente, deu ordens para que a matassem. As ordens foram cumpridas.
Mãe assassinada, esposa assassinada, só faltava assassinar o marido de Pompéia para poder se casar com ela. Foi o que ele fez realmente, sem pestanejar com as longas pestanas.
Depois do incêndio de Roma, que parece não ter sido ele quem ateou, pois estava fora da cidade, a bicha enloqueceu completamente.
Primeiro botou a culpa do fogo nos cristãos e passou a usá-los como tochas humanas para iluminar seus banquetes.
Depois teve um ataque de histeria delirante e matou Pompéia que estava grávida a pontapés.
Passou os últimos três anos de sua vida entregando o imperial anel, em particular e em público, no varejo e no atacado.
Quando não estava sentado num objeto pontiagudo de carne, estava participando de torneios poéticos que vencia sistematicamente, pois juiz nenhum era o suficientemente maluco para dizer que o viado não entendia xongas de poesia.
A esta altura não havia uma só alma no mundo antigo que não quisesse ver os seus culhões pregados nm muro.
Finalmente, ao saber que a sua guarda pretoriana queria lhe enfiar no rabo outras espadas que não as de carne, se suicidou jogando-se contra um objeto perfurocortante de metal.
Bicha louquíssima era a gorda Nera!
Só não teve nenhum amante pianista como conhecido ex-ministro e senador brasileiro porque ainda demorariam quase 1.800 anos para inventar o instrumento.
Mas tocadores de harpa, passou todos na cara.

NIEMEYER, Oscar (1907- ) Arquiteto carioca, trabalhou com Lúcio Costa até 1936 no projeto para o Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, considerado a primeira obra-prima da arquitetura moderna no Brasil. O projeto de Pampulha foi o primeiro solo de Niemeyer, em 1941, encomendado por Juscelino Kubitschek.
Em 1956, JK pediu a Oscar que desenhasse Brasília, a nova capital. Hoje Brasília, apesar dos políticos que insistem em poluíla, é patrimônio universal tombado pela Unesco.
O fato de que, fatalmente, o sonho de Niemeyer será devorado pelas miseráveis favelas que o circundam, não impede dele ser um dos quatro ou cinco gênios que este país já produziu desde que os portugueses apareceram aqui em 1500 para condenar os índios à morte.
Em 1964, quando a ditadura militar deu o golpe com o apoio do Departamento de Estado americano, gorilas de farda questionaram Niemeyer sobre as razões do porquê preferira determinado material em detrimento de outro mais barato.
Cansado de responder a tantas besteiras, quando um general lhe perguntou por que havia mandado construir tais colunas em tais lugares, o sogro do meu amigo e dentista Walter Atademo não titubeou:
– Só de sacanagem!
E foi andando, andando e andando.
Sua personalidade era (e é) tão forte que, embora jamais tenha negado sua filiação ao Partido Comunista Brasileiro, nunca mais ninguém ousou se meter no seu caminho.

NIN, Anaïs (1903-1977) Escritora americana nascida em Paris, embora fosse amiga íntima de cobras como Lawrence Durrell, Henry Miller (que merecia um verbete, por ser um dos cinco melhores escritores deste século, mas fica para uma próxima edição), Edmund Wilson e James Agee, a verdade é que ela só foi reconhecida mundialmente quando começou a publicar os seus diários em 1966. Foda, não é mesmo?
Aliás, fuder era um troço que esta bela escritora (bela em forma e conteúdo) gostava de fazer com qualquer coisa que se movesse e tivesse estilo.
Em seu livro, O Triângulo Delta, relata algumas das suas lutas aranhais. Eis um trecho que traduzi para vocês:
“As três se sentaram no sofá cheio de almofadas. Leila meteu a mão cheia de anéis por baixo da saia de Bijou e se espantou com o contato da sua mão contra as coxas macias, pois esperava encontrar uma combinação de seda. Bijou se deitou de costas e puxou a boca de Elena contra o seus lábios. Leila ficou com ciúme. Cada carícia que fazia em Bijou esta transmitia a Elena. Quando a mão de Leila foi até o fundo por baixo do vestido de Bijou, esta enfiou a mão debaixo do vestido de Elena. Leila ficou de joelhos e levantou o vestido de Bijou, que jogou o corpo para trás. Elena perdeu a timidez e começou a acariciar o corpo de Bijou. Ao passar a mão pelos bicos dos seios dela, notou que os seus também estavam duros. Ao acariciar as nádegas de Bijou, Elena encontrou a mão de Leila. As três tiraram a roupa e uma vez nuas jogaram-se sobre o grande tapete branco. Passaram a ser um só corpo, composto apenas por boca, dedos, línguas e sentidos. Cada boca estava sempre procurando uma outra boca, o bico de um seio, um clitóris. Beijaram-se até que os beijos se tornaram uma tortura que seus corpos não podiam mais suportar. Cada mão encontrava sempre um orifício ansioso por ser penetrado”. Henry Miller diria : “It was a time when the smell of cunt was in the air”. Mas vocês querem mais Anaïs, não é mesmo? Então aí vai:
“ (…) Leila caiu ao lado de Elena e ofereceu a sua buceta para a outra chupar. Quando Elena aproximou a boca, Leila afastou-se:
– Pede, implora, diz o que você quer!
E Elena:
– Deixa eu chupar a tua buceta. Faça qualquer coisa comigo, mas deixa eu enfiar a língua nesta buceta. Eu quero gozar com você sentada na minha cara.”

Acabo de ter uma ereção.

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