sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

ABC do Fausto Wolff (Parte 43)


LEEUWENHOEK, Antoine van (1632-1723) O nome pode ser difícil para vocês pronunciarem, mas para qualquer holandês é mais fácil que Oliveira. Pois o nosso Antônio era holandês e fabricava microscópios. Um dia, depois de bater uma punheta, meteu o microscópio em cima da porra e descobriu os espermatozóides, que já existiam, seus chinchorros, apenas ninguém havia posto os olhos neles.
O que foi que o Antônio viu? Uns bichinhos que nadavam movendo a cauda como uma serpente.
Olhem o que o sacana escreveu: “O que eu passo a descrever não foi obtido por nenhum modo pecaminoso, mas sim pelo excesso que a natureza me privilegiou”.
Como todo sujeito que enxerga mais do que seu tempo quer que ele enxergue, o mundo científico riu das criaturinhas do Antônio. “Se houver alguma coisa são parasitas”, disseram os intelectuais da época,
Um cientista calabrês stronzo, aproveitando a deixa de Leeuwenhoek, disse; “Eu vi cavalinhos minúsculos dentro do esperma de um garanhão”.
Só se voltaria a falar do assunto no século XIX.

LEGMAN, Gershon (1917- ) Sacana. Escritor americano não especializado em folclore sexual, mas um senhor profissional. Antes de começar a escrever sobre o assunto, me digam onde foi que ele foi pedir emprego? Acertou quem disse “No Instituto de Pesquisas Sexuais”, mais conhecido como “lnstituto Kinsey”, na Universidade de Indiana. E onde foi que o sacana foi trabalhar? Na biblioteca, é clarol Com mais de 20 mil histórias de sacanagem devidamente arquivadas e detalhadas em micronagens, logo logo ele começou a publicar um livro atrás do outro: Love and Death, A Study in Censorship, The Horn Book, Studies in the Erotic Folklore, Rational of the Dirty Joke.
Em 1969 eu morava em Roma quando Jeffrey Gates, um amigo meu que também pesquisa o ramo, enviou-me de New York o mais recente livro de Legman: um estudo sobre oragenitalismo que é o trabalho mais completo sobre tudo o que se faz e se pode fazer com sexo.
Realmente, nada escapou ao pente-fino dele, que descobriu coisas que fariam campeões como Sade e Jorginho Guinle corarem de vergonha.
Exemplos: se o leitor costuma fazer amor com um pedaço de carne, a experiência aconselha o fígado de boi fresco e levemente morno, a uma temperatura de 30 graus. Hábito muito caro, principalmente no Brasil.
Por uma questão de higiene, aconselha-se que o fígado seja comido apenas uma vez metaforicamente e nenhuma literalmente.
Outra dica: se o amigo tem uma parceira masoquista, convém tomar cuidado e não agir precipitadamente.
Às vezes vale a pena passar o cinto muito levemente entre as suas coxas ou sobre os seus mamilos por mais de uma hora, até que ela mesma suplique um pouco mais de força.
As vergastadas devem ir se tornando mais fortes gradativamente e sempre a pedido da partner, Iembre-se.
Finalmente, esta jóia: “Se o leitor possui um bigode encerado e pontudo deve abster-se da prática do cunnilingus para evitar ferir suas companheiras. O cunilinguista profissional não deve usar bigode e deve manter sua língua em boas condições. Se ela estiver vermelha, é sinal de falta de vitamina B”.
Legman, tremendo chutador, calculou que existem 14.288.400 posições possíveis de serem praticadas na cama entre um homem e uma mulher.
Pessoalmente, acho que não cheguei nem perto das 5 milhões.

LESBIANISMO Poderia escrever um livro do tamanho do Dom Quixote sobre o assunto, mas não quero me alongar, pois escrevo no Brasil e aqui as peças teatro têm que ter três atores no máximo, e os livros, no máximo trezentas páginas, porque empresários e editores têm medo de gastar muito dinheiro.
O lesbianismo, como os íncrevos entre vocês devem saber, é o desejo homossexual e, evidentemente, atividade sexual entre duas mulheres.
Se elas forem boas, pode haver cena mais bonita de se ver, mas eu pessoalmente desconheço.
Só é de mau gosto quando uma delas tem fartos bigodes e é metida a jogar queda de braço nos botequins da vida, além de insistir em que você a chame de Peixoto.
Quando duas belas mulheres estão numa cama, o máximo que pode acontecer é aumentar a femininidade delas.
Agora imaginem dois homens juntos, um enfiando o pepino na bunda do outro, que se vira e diz: “Agora me dá um beijo, Euclides".
Querem troço mais ridículo?
O lesbianismo, portanto, é natural pois aumenta a femiinide da mulher.
O homossexualismo masculino, entretanto, é um troço grotesco, pois acaba com a masculinidade inerente ao homem.
Em matéria de lesbianismo, minha cara cliente, temos aqui no mostruário os sapatões, também conhecidas como açougueiros, que embora imitem os homens gostariam de fazer abajures com as nossas neatherlands.
Temos também os sapatos, que se divertem quer com homens quer com mulheres, de preferência com um homem e uma mulher, e finalmente temos as sapatilhas. Elas são afetadamente femininas. Concorrem com as bichas loucas e geralmente são as namoradas dos sapatões.
O nome lesbianismo é uma homenagem poética à ilha de Lesbos, onde Sapho, a poetisa saphada (em verdade não sei de onde veio o adjetivo, pois as mulheres que a Sapho comia é que deviam ser as saphadas e não ela), produzia odes, muito boas por sinal, ao amor entre mulheres. Lesbos,digamos, era a Pelotas feminina da antiguidade.
Até pouco tempo falava-se que o lesbianismo era menos comum que o homossexualismo masculino. Mas isso foi no tempo do Relatório Kinsey, quando as moças eram mais reservadas.
Hoje em dia, em qualquer grande cidade do mundo, pelo menos uma mulher em cada dez, de mais de dezoito anos, já foi pra cama com outra mulher. É que ao contrário da baitolagem, que não consegue ficar mais de cinco minutos sem dobrar a munheca, é bem mais difícil descobrir uma adepta da luta aranhal.
Duas moças podem dividir um apartamento sem acordar suspeitas adormecidas. Já dois malandros que recebem muitas visitas dos colegas do escritório...
Quando levaram à rainha Vitória a lei que condenava o homossexualismo masculino e o feminino, a gordinha ficou uma arara e com uma penada riscou a última cláusula: “Mulheres não fazem essas coisas”. E fim de papo. Com a palavra as moças do Pizzaiolo e do Mezzo Fanciona, da Zona Sul do Rio.
Ainda não se descobriu uma explicação satisfatória para essa tendência das moças gostarem de se esfregar nas moças. Sabe-se até agora apenas o óbvio: lésbicas ortodoxas têm mais irmãs que as heterossexuais e tiveram graves problemas de relacionamento com os pais.
Cientificamente provado só um fato: as mulheres nascidas no dia 25 de julho de 1950 em Indaiá do Ratão são todas fanchonas. Não é muito, como vocês podem ver.

Enquanto não prescindirem de mim, louvo-lhes o bom gosto. E louvo tanto que, sempre que solicitado a arbitrar uma luta aranhal, atendo con gusto.

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