quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

ABC do Fausto Wolff (Parte 48)


MENOPAUSA Minha cara leitora, você entrou na menopausa quando começou a menstruar com menos frequência, passou a encher mais o seu marido, filhos, a gritar e chorar sem motivo aparente. Ficou mais chata, não é mesmo? Mas isso vai passar logo que o fluxo menstrual parar totalmente.
Pense nos aspectos positivos: seu apetite sexual não diminuiu por causa da menopausa e nem suas habilidades atléticas na cama foram prejudicadas, certo?
Não tem mais que se preocupar em ficar toda manchada de sangue, de repente, dentro de um ônibus e, finalmente, pode jogar no lixo as pílulas anticoncepcionais.
O quê? Você, cara leitora, só tem dezesseis anos?
Então, desculpe, e volte quando estiver entre os quarenta e cinco e cinquenta.

MENSTRUAÇÃO Bonnie é uma garotinha de quatorze anos que tem um cachorro chamado Trots com quem ela bate grandes papos filosóficos quando não tem ninguém por perto. Papos inteligentes e simples, nada parecido com os dos neoiluministas brasileiros, que escondem sua ignorância atrás de vocábulos cujos significados eles mesmos desconhecem.
Bonnie e Trots são personagens de histórias em quadrinhos que aparecem no National Lampoon. A criadora deles é a talentosa Shary Flenniken, que, em se gozando, goza o mundo.
Bonnie está no sofá da sala da sua casa trocando figurinhas com o Trots quando chega a sua mãe e vai falando:
– Oh, Bonnie, já que você não está fazendo nada, tem uma coisa que eu queria te contar... e ...não vai ser agradável nem para mim nem pra você... Um você vai descobrir... humm... humm... um pouco de sangue... hum... humm... entre as suas pernas. Eu quero que você saiba que isto acontece com todas as meninas quando elas têm treze anos mais ou menos. É, provavelmente, a coisa pior que pode acontecer com uma mulher até o dia em que ela se casa. De qualquer modo... é o fim da infância e o começo de trinta ou quarenta anos de preocupações, de constante medo de ficar grávida. Vem do teu útero... fluido e matéria inútil. Isso tudo vai sair de você por uma semana ou um pouco menos para aparecer de novo no próximo mês e no próximo e no próximo, praticamente pelo resto da sua vida... até você se acostumar. Então um dia pára. Neste dia você estará velha. Toma este livro aqui. Se chama Tornar-se Adulta e Gostar. Ah, eu ia esquecendo: a menstruação pode doer. Obrigada, mamãe.
– Obrigada, mamãe.
Em seguida, Bonnie vira-se para Trots e pergunta:
– Você quer ler esse troço?
– Acho que vou esperar pelo filme, respondeu o cachorro.
Ah, não gostaram da historinha, né? Querem verbete careta, chato como menstruação, né? Então aí vai.
Perda periódica de sangue e secreções do útero de mulheres que não estão grávidas desde os doze-treze anos, até os quarenta e cinco-cinquenta.
O tempo entre o princípio de uma menstruação até o dia anterior ao princípio da próxima chama-se ciclo menstrual. Muda de mulher para mulher, mas em média dura uns vinte e oito dias.
Algumas mulheres sofrem contrações dolorosas, ganham peso, devido à retenção de água, e aumentam a sensibilidade dos seios durante o período.
Finalmente, graças aos estudos feitos por Jean Jacques Bouchard no século XVII, sabe-se, com absoluta certeza, que o sangue menstrual não destrói a grama, não embaça espelhos, não seca sementes de videira, não dissolve o asfalto não produz manchas indeléveis de ferrugem nas facas, como se acreditava até então. Fim da aula.

MESSALINA (22 d.C-44) É preciso evitar a inveja dos deuses para driblar maus destinos. Cláudio, o imperador de Roma que sucedeu à histérica bichinha chamada Calígula, foi o melhor de todos os césares: tinha um senso apuradíssimo de justiça, foi um dos maiores intelectuais do seu tempo e, durante o período em que governou, Roma prosperou como nunca. 
Em compensação, os deuses fizeram com que nascesse manco, gago, feio e tímido, o que não seria nada, não fosse eles também terem lhe dado como esposa aquela que até hoje foi considerada a maior puta da humanidade: Messalina.
Viveu pouco mas fudeu muitíssimo. Poderiam ter dado Messalina para qualquer dos quinze imperadores que antecederam Cláudio, pois, segundo Gibbon (The History of the Decline and Fall of the Roman Empire), o menos tarado só entubava uma brachola vez por outra.
Mas dar-lhe uma mulher decente que o amasse e respeitasse faria com que se aproximasse muito dos deuses. Além de tudo, Cláudio se dava ao luxo de ser ateu secretamente. Mas falemos da jovem putaça.
Começou dando para todos os servidores do palácio real. Embora fosse uma lourinha muito jeitosa, peitos pequenos mas durinhos, os caras, em princípio, recusavam, pois temiam a reação do marido.
Messalina, porém, informava: “Se você não me comer, vou dizer ao imperador que você quis me comer aí em vez de fuderes a imperatriz, serás fudido”.
Cansada dos servidores, passou se interessar pela classe teatral que, já há 2 mil anos atrás, não era conhecida exatamente pelo número de heterossexuais que conglomerava.
Depois de muita pesquisa, entretanto, ela achou o ator Mnester, que aparentemente não era chegado a um arranho.
Era um cara sério que admirava o imperador e se recusava chamar Messalina para as chinchas. Ela então se queixou a Cláudio:
– Meu bem, imagina que um reles atorzinho de merda se recusa a atender um pedido da imperatriz.
Cláudio, um sujeito distraído mas que tinha uma das vocações cornais mais extraordinárias da história do nosso pequeno mundo, chamou Mnester à sua presença e advertiu:
– Sugiro que obedeças a todas as ordens da imperatriz.
Mnester não teve outra saída senão obedecer o imperador, tarefa a que se dedicou con gusto. Tanto gusto que, ao fim de três anos, Messalina mandou exigir uma estátua em sua homenagem.
Roma inteira sabia que ele comia a imperatriz por ordem do próprio imperador. Só quem não sabia era o imperador.
Ela, porém, tinha mais apetite que qualquer puta desta minha modesta enciclopédia. Além de Mnester, trazia homens aos lotes para a sua cama. Quanto mais, melhor.
Quando Cláudio, em 43 d.C. viajou para a Britânia à frente de suas tropas, Messalina realizou uma proeza que ainda não foi igualada: transformou Roma num imenso bordel, do qual era a puta principal.
De cara, dançou pelada no fórum. Em seguida redecorou a sua câmara nupcial, fazendo com que se parecesse com um puteiro. Do lado de fora do quarto, colocou uma tabuleta com o nome da mais célebre prostituta da cidade e, seios de fora, ficou parada na porta convidando quem passasse para comê-la. Cobrava apenas o preço de uma meretriz comum.
Durante semanas só não a comeu quem não quis.
Segundo Plínio e Juvenal, ela desafiou a mais famosa meretriz do império para ver quem conseguia fazer gozar o maior número de homens em vinte e quatro horas. Messalina ganhou: passou na cara vinte e cinco homens em menos de vinte e quatro horas.
Todos achavam que o seu furor uterino se acalmaria com a volta de Cláudio, “mas qual o que, aumentou o seu fuder!”
Passou a dar festas nas quais obrigava as damas da corte a se prostituírem na frente dos maridos que, ou por cagaço de perderem suas fortunas ou por cagaço de perderem suas cabeças, se limitavam a sorrir amarelo e comentar: Esta Messalina tem cada uma! — enquanto suas mulheres tinham todos seus orifícios preenchidos.
A imperatriz gostava de paus . Enfiava na bunda, na buceta, na boca, debaixo dos braços, entre os seios, etc. Apenas eventualmente, quando não havia nem ao menos um corcundinha à mão, chupava uma buceta.
Houve um dia, porém, em que exagerou. Engraçou-se com um cara chamado Gaius Silius.
Obrigou-o a se divorciar da mulher e se casou com ele enquanto Cláudio tomava banhos de água mineral em Óstia.
Convites foram enviados para todo o society da época e depois do casamento o fudeu à vista dos convidados numa cama enorme.
Aparentemente isto foi demais para alguém que informou Cláudio.
De Óstia mesmo ele mandou por mensageiro uma ordem à Messalina:
– Quando eu voltar para Roma, não quero te ver viva.
Ela sentiu que ele falava sério e se suicidou com o último amante.
Dizem que Claudio, ao retornar, perguntou a um dos escravos que lhe serviam o jantar:
– A imperatriz, onde está?
Informado, teria resmungado:

– É verdade, eu tinha esquecido!

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