ILEGÍTIMOS
(filhos) – Em verdade poderia estar na letra B de
bastardo, mas quando lembrei-me dele já estava na letra “I”. O
filho ilegítimo é aquele produzido fora do casamento, também
conhecido pelos mais grossos (e verdadeiros filhos da puta) como
filhos das putas.
Hoje em dia qualquer garotinha que decida ter um
filho não pensa duas vezes: faz e carrega pra casa dos pais que,
moderrninhos, tomam conta do garoto enquanto a menina, muitas vezes
continua badalando por aí.
Assim como na época do progresso “o
revólver teve ingresso pra acabar com a valentia”, o ingresso da
pílula anticoncepcional serviu pra provar que muita garota não
prezava tanto assim a virgindade e nem muita senhora casada prezava
tanto assim a testa do marido. Nos países escandinavos, porém,
atitude liberal e progressista em relação ao sexo vem de muito
antes da pílula.
Lembro
que eu não tinha ainda trinta anos e uma colega (professora) da
Universidade de Copenhague me convidou a passar a noite com ela. Fui
e, ao chegarmos à sua casa, ela pediu que eu não fizesse barulho
para não acordar os pais e os irmãos menores.
Na
manhã seguinte a mãe nos despertou e fui apresentado à família na
mesa do café, tudo muito natural.
Depois
me habituei com a mentalidade e até achei estranho que um arquiteto,
amigo meu, me dissesse: “Minha filha tem dezoito anos e está
trepando com o namorado. Até aí tudo bem, mas na minha casa, não!
Disse isso a ela e ela me chamou de troglodita reacionário”. “E
o que é que você fez?” “Informei que ela estava invadindo a
minha privacidade. Afinal de contas, a casa é minha, eu pago as
contas, dou-lhe uma mesada e não me parece justo que, ao acordar,
tenha que dar de cara com um namorado dela que pode ser hoje um e
outro amanhã. Ela entendeu, mas a verdade mesmo é que no fundo ia
ser muito duro saber que minha filhinha estava sendo comida por um
merda qualquer no quarto ao lado do meu.”
Mas,
apesar do arquiteto, a Escandinávia sempre foi conhecida por ser
tolerante em relação às relações sexuais pré-maritais. O preço:
na Suécia, por exemplo, de cada seis crianças, uma é bastarda. No
Brasil, também, mas aqui, como se sabe, o povo não entra nas
estatísticas.
IMPOTÊNCIA
– Negócio chato este. Eu, quase, pulo por cima deste verbete, mas
como já havia pulado pelo verbete da broxura (*), resolvi enfrentar
o drama. A palavra “drama” vem do grego e quer dizer ação. No
caso específico da broxura ou impotência, o que causa o drama é a
falta de ação. Mas vamos falar logo deste assunto desagradável
esperando não ter que sofrê-lo muito na vida real.
A
impotência é a prova definitiva de que Deus caprichou mais na
mulher do que no homem. Enquanto o homem tem que provar, através da
ereção contínua até a hora da ejaculação, que realmente deseja
sua companheira, ela pode se limitar a abrir as pernas, suspirar um
pouco mais alto e tudo bem, pois é muito difícil, a não ser em
casos anatômicos excepcionais, verificar a ereção clitorídea
(clitoriana? clitoriense?).
Com
a exceção de alguns colunistas sociais, qualquer débil mental sabe
que a impotência é a incapacidade masculina de manter relações
sexuais, embora o impotente eventualmente possa bater punheta. O que
tem de gente chutando a este respeito faria inveja ao ministro
Bresser Pereira.
A
verdade mesmo é que, cedo ou tarde, todo mundo dá a sua broxada,
principalmente depois de derrubar duas garrafas de uísque ou fumar
um chaminé da chamada erva maldita ou cheirar aquele pozinho que
custa 10 dólares a grama.
Tem
nego, porém, que nunca conseguiu manter uma ereção.
Um
taradão americano chamado Kinsey descobriu em suas pesquisas que
0,4% da população masculina americana já não levantava aos 25
anos; 6,7% aos 55 anos e 25% aos 65. A maioria tira o time depois dos
75 anos.
Eu
disse maioria e não grande maioria e nem todos.
De
qualquer forma, os filhos de Picasso e de Chaplin estão aí mesmo
para provar que tem muito velhinho que dá uma sem tirar de dentro
com a maior facilidade.
Master
e Johnson (ver verbete), um casal que ficou milionário ouvindo
histórias de sacanagem, trataram trinta e dois casos de impotência
primária (freguês que nunca deu sequer uma levantadinha pra ver o
que havia por trás do muro) e 213 casos de impotência secundária,
ou seja, sujeitos que demonstraram interesse pelo menos uma vez.
Problema de cuca.
O
cérebro manda a ordem, há o desejo, mas o palhação do andar de
baixo não obedece e insiste em manter uma timidez que faria inveja a
qualquer ninfa neoclássica.
Há,
é claro, o caso dos mastruços que se mostram indiferentes às
mulheres peladas porque só se assanham à vista de outros mastruços.
Esses, porém, são viados e não broxas.
Mas
passemos a algumas das causas mais corriqueiras da impotência:
1)
experiência traumátíca com prostituta. É o caso do pai imbecil
que leva o filho prum puteiro porque se considera modeminho, sem
saber que está fabricando um belo Antônio;
2)
brincar de ficar invisível atrás da moita com um amiguinho durante
a adolescência;
3)
educação hipócrita e puritana da mãe burra (e do pai
indiferente), que durante anos ensina ao filho que sexo é sujeira.
Na hora em que o garoto se apaixona por uma namorada, o brucutu do
andar inferior se nega a “fazer aquela 'porcaria' com ela”;
4)
psicanalista babaca ou grosso ou as duas coisas (eita profissãozinha
que se omitiu completamente de qualquer engajamento político durante
a redentora brasileira), que informa ao paciente que ele broxou por
ser um homossexual latente.
Tem
ainda muito médico cretino que diagnostica impotência num sujeito
de quarenta e cinco anos sem investigar as causas.
O
problema central é o medo do homem de falhar e o que o médico (que
é também um humanista) deve fazer é remover as causas dessa
ansiedade.
Num
tratamento de duas semanas com casais, Master e Johnson conseguiram
sucesso cm 59 % dos casos de impotência primária e 73% em casos de
impotência secundária.
Eu,
pessoalmente, quando acontece comigo, dou uma gargalhada e procuro
esquecer o assunto, ou seja, esculhambo a broxura.
Alguns
minutos depois, meu pau, envergonhado, está pronto para entrar em
ação. Ou isso ou esperar pela tesão de mijo matinal.
(*)
Aparentemente não há grandes diferenças entre o broxa com “x”
e o brocha com “ch”, exceto o fato do último também servir para
pintar paredes. Já a brochura, quando com “ch”, ela é o
contrário de encadernação. Quanto à impotência, ela vem do latim
impotentia, ou seja, ausência de poder. Finalmente, cuidado
com os charlatães. Nego acha que está broxa e corre pro primeiro
vigarista. Está assim de vagabundo enriquecendo às custas dos BB
(Broxas Burros), como o famoso Dr. John Brinldey, que punha anúncios
nos jornais por onde passava: “Você ê um homem macho e cheio de
vigor?...” Quem achava que não era, mediante 25 dólares recebia
uma injeção de água colorida. O sacana ganhou mais de 12 milhões
de dólares em vinte anos e não foi preso porque muitos broxas
ficavam curados depois de receber a injeção de água. O que é a
cuca, né? Esses não acreditavam no próprio pau, mas acreditavam na
água do doutor.
INCESTO
– Prática muito comum nas favelas do Brasil inteiro e entre o high
society. Já na infeliz classe média... Trata-se da relação
sexual entre parentes próximos: um homem e sua neta, filha, irmã,
mãe ou avó ou uma mulher e seu neto, filho, irmã, pai ou avô.
Embora pouca gente seja condenada por incesto (e a vergonha de dizer
“mamãe me comeu”?), a maioria dos assistentes sociais acredita
que a incidência é bem maior do que dizem as estatísticas.
Há
alguns anos, em Chicago, descobriram que de setenta meninas
delinquentes trinta e duas havia tido relações sexuais com o papai.
Vocês
têm dúvida de que se alguém se der ao trabalho de fazer essa
pesquisa no Rio de Janeiro descobrirá um número maior?
O
famoso Dr. Kinsey (que já foi apresentado a quem está lendo este
livro como ele deve ser lido – do começo ao fim – e não como um
dicionário, apenas para consultas) descobriu que 16% dos casos de
iniciação sexual em jovens pré-adolescentes foram provocados pelo
titio.
Eu
estou aqui brincando, mas o negócio é sério.
Atenção,
portanto, senhoras e senhores chegados a um incesto: o Instituto de
Saúde Infantil, de Londres, examinou treze crianças nascidas de
relações incestuosas e descobriu que apenas cinco eram física e
mentalmente normais.
Mas
o incesto tem quem o defenda. Em 1967, um membro do Parlamento sueco
apresentou uma lei permitindo o casamento entre irmãos.
Segundo
ele, de pois da pílula, desde que eles não fizessem filhos, podiam
casare trepar à vontade.
Não
passou. Não se quebra um dos maiores tabus da humanidade (Lot e suas
filhas; Jocasta e Édipo) com uma penada, pois virtualmente todas as
civilizações sempre se protegeram com leis contra o incesto, com
exceções ocasionais para as famílias reais.
Viram
a cara de cavalo tuberculoso do príncipe Charles? Muitos casamentos
na mesma família.
O
faraó Ramsés II (é a cara do pianista Artur Rubinstein , não é
mesmo?) teve cinquenta filhas e casou com uma porção delas. Os mais
inteligentezinhos já compreenderam o porquê do incesto real, não é
mesmo? Manter a coroa (e a grana) em casa, bicho!
Há,
porém, algumas tribos na Africa entre as quais a prática do
papai-filhinha e do mamãe-filhinho não tem nada a ver com poder e
dinheiro mas com prazer e experiência.
O
pai, antes de entregar a filha ao pretendente, ensina lhe na prática
tudo o que sabe e a mãe faz o mesmo com o filho antes de entregá-lo
à nora. “Afinal, tivemos tanto trabalho para criar as crianças
que merecemos uma compensação.”
E,
subitamente, alguém inventou a pílula e – podem crer – a moda
do incesto ganhou novo alento. Tanto que se Jocasta tivesse comido
Édipo hoje em dia não teria filhos e os nossos Sófocles
escreveriam, no máximo, um draminha para a telenovela das oito em
vez da maior tragédia do Ocidente.
Leram
até aqui? Vocês acreditam que, originalmente, este verbete foi
publicado no Pasquim em 1980, muito antes de Dias Gomes
escrever a sua novela em cima do Édipo, de Sófocles? E na
novela o casal XX não tem filhos.
Em
Roma, embora houvesse leis condenando os incestuosos à morte, a
coisa não valia para a classe dominante: Calígula cansou de comer a
irmã Agripina que, posteriormente, como esposa de Cláudio, trepou
com seu filho Nero. Gostava, o que se podia fazer?
Nenhum comentário:
Postar um comentário