HERMAFRODITA-HERMAFRODITISMO
– O hermafrodita sofre, naturalmente, de hermafroditismo, uma
anomalia sexual raríssima. O hermafrodita tem características
sexuais de ambos os sexos e mais os cromossomos macho-fêmea XX e XY.
A escolha do sexo deve ser feita logo após o nascimento, geralmente
baseada nas condições externas da genitália, ou seja, qual o sexo
predominante. Depois disso segue-se uma cirurgia para remover os
resquícios do sexo intrometido. A genitália que permanece é,
então, reconstruída de modo a se assemelhar com o sexo escolhido.
Quando
isso acontece em centros urbanos e o hermafrodita tem pais
esclarecidos, a coisa é mais simples. No interior do Brasil, porém,
é muito comum a notícia de homens que dão à luz. “Rapaiz, tu
sabe o Chicão, aquele mulato grande?”. “Manjo”. “Pois tá
prenho.”
A
palavra vem do grego, da junção de Hermes e Afrodite. Há, ainda,
uma versão de que os dois teriam tido um filho, Hermafrodito, que
seria meio-homem, meio-mulher.
Hipócrates,
o primeiro médico da antiguidade grega a fazer anotações, registra
um caso de hermafroditismo.
Em
1955, os Drs. Money e Hamson estudaram 76 casos e chegaram à
conclusão de que, quando os pais não tratam de operar o
filho-filha, ele-ela adotará o sexo que os pais decidiram que é o
dele.
Se
for criado como filho, gostará de esportes, preferirá roupas de
homem e acabará se apaixonando por uma mulher e vice-versa.
Não
acredito, pois nem sempre as características são fifty-fifty e aí
o que predominará será a genitália mais desenvolvida.
Rogéria,
a famosa travesti, sempre jurou que nunca quis ser mulher. Disse ela
uma vez: “Sou hedonista e a melhor coisa da vida para mim é o
prazer. Ser hermafrodita seria o maior barato. Assim, quando alguém
dissesse ‘Vai te fuder’, eu ia.”
HETERA
– Personagem do meu romance Matem o Cantor e Chamem o Garçom,
mas em grego (hetaíra) significa “companhia” e
“prostituta”. Mas não qualquer uma. Eram prostitutas de primeira
classe. As de segunda e terceira eram as peripatéticas, ou seja, as
que caminhavam pela rua rodando as bolsinhas e as dançarinas que,
como as do Brasil Danças e do Escandinávia, estavam lá para dançar
e trepavam – preço a combinar – se quisessem.
O
que havia de tão especial com as heteras, minha senhora? Primeiro,
como as gueixas japonesas, eram extremamente inteligentes, versadas
em todas as formas de arte.
Segundo:
eram extremamente boas e com isso não quero dizer que viviam dando
esmolas para mendigos.
Além
disso, eram especialistas em coito anal. Escolhiam seus clientes e,
às vezes, eram capazes de serem fiéis aos seus amantes por anos,
coisa que não se pode dizer de muita esposinha de papel passado e
tudo.
Seu
status era superior ao da esposa que vivia confinada ao lar e
não participava da vida pública.
Dizem
que foi por culpa de Aspásia, a amante de Péricles, que estourou a
guerra contra Esparta.
Thais,
outra hetera, acompanhou Alexandre, que, eventualmente, praticava o
feio vício de entermar marmotas quase tão grandes como ele, que era
conhecido como “Alexandre, o Grande”.
Depois
de ver as guerras de Alexandre de sua tenda, Thais acabou casando com
o rei Ptolomeu, do Egito, outro entubador.
Frinéia
foi a hetera mais famosa de todas e posou para o escultor Praxíteles,
que cobrou os tubos para fazer sua estátua. Apesar disso, ela achou
o trabalho tão bom que escreveu ao artista: “Agora só falta você
me comer”. Ele comeu e ela não cobrou, troço raríssimo.
Que
Demóstenes era gago qualquer vereador do interior do Nordeste sabe.
E que curou a gagueira falando com a boca cheia de pedrinhas, também.
O
que poucos sabem é que o bicho era mais feio que o Adolfo Bloch e o
César Calls juntos. Está certo, eu exagerei. De qualquer modo o
bicho era quase tão feito quanto os dois.
Um
dia, através de um amigo, ele marcou um encontro com outra hetera
famosa, Laís, que pediu mil dracmas, que hoje pode não ser nada,
mas 2.100 anos atrás era dracma pacas. Mas quando ela viu Demóstenes
em pêlo aumentou o preço para 10 mil dracmas.
Eram
as heteras que posavam para a maioria das estátuas gregas ainda hoje
existentes. Repararam no popô das moças? Aphrodite Callipygos
quer dizer, literalmente, “Vênus boa de bunda” e o número
enorme de estátuas dela parece confirmar a preferência sexual dos
gregos.
HITE,
Shere (1943- ) – Difícil vê-la sem pensar em
performar-lhe um cunnilingus. Dá a impressão de ter acabado de sair
do banho, não importa a hora que você a encontre. Tem a beleza
clássica de Deborah Kerr, por exemplo, mas dá pra se notar que a
menina dos seus olhos está sempre informando: “Por trás dessa
classe toda, eu sou bem sacana”.
A
conheci em Roma, através de T. Grace Atkinsons, cuja irmã era minha
vizinha. Não comi.
Se
você acha que batalhadora feminista tem necessariamente que dar a
impressão de que gostaria de estar coçando os culhões, caso os
tivesse, devia conhecer a Shere.
Depois
de receber o seu diploma de Master of Arts em história das ideias,
da Universidade da Flórida, ela foi para New York e se matriculou na
Universidade de Columbia, onde pretendia ganhar seu PhD em
sociologia. Mas, boa pacas, acabou aceitando um convite para ser
modelo, não só em New York como em Paris, Roma e Milão.
Nesta
época – no meio dos anos 60 – deve ter sido muito mal comida, o
que, talvez, tenha feito com que decidisse descobrir a quantas andava
a sexualidade feminina.
Shere
não gosta de falar sobre seu tempo de modelo. Diz ela: “Quando
digo que fui modelo, todo mundo pensa que sou frívola”.
E
não é para pensar? Conhecem alguma profissão mais idiota do que
desfilar para ricaças e ser cantada por ricaços? O que não impede
que uma modelo, dessas que só tem cocô na cabeça mesmo, um dia
chegue à Presidência dos Estados Unidos.
Reagan,
caso ainda não tenha sido assassinado, é a prova viva de que tudo é
possível.
Para
descobrir a quantas andava a sexualidade feminina, mandou
questionários a 3.019 mulheres perguntando literalmente TUDO sobre a
vida sexual delas.
O
livro – Relatório Hite, como acabou sendo chamado e foi
publicado até em português – saiu em 1976 e, na minha opinião, é
o documento mais honesto e sem reservas que já li sobre o assunto.
Eis
alguns resultados da pesquisa realizada apenas entre as mulheres
americanas:
1)
somente 30% das mulheres obtêm orgasmo através da relação sexual
normal, ou seja, através da entrada e saída do pênis da vagina;
2)
29% nunca tiveram um orgasmo durante o ato sexual, mas gostam de
pratica-lo por causa da intimidade que ele provoca;
3)
82% das entrevistadas se masturbam e 95% declaram que chegam ao
orgasmo deste modo com facilidade;
4)
a maioria também aprecia o cunnilingus e 45% das apreciadoras gozam
deste jeito;
5)
mais da metade acha que os homens não estão interessados em levar a
mulher ao orgasmo e que depois de alguns minutos de bolinação,
ocorre a penetração, a relação, a ejaculação e fim de papo.
(Tem muito idiota aí que diz: “Mas eu comia ela todo o dia. Por
que foi me comear?” Resposta: “Porque você a comia mal, seu
muar”.);
6)
um grande número de mulheres admitiu fingi que gozava e uma,
gozadora, comentou: “A coisa toda acaba quando o homem goza, a não
ser que a mulher tenha a sorte de ter dois deles na cama”.
Não
sei não, mas, pessoalmente, acho que o cara que convida um amigo
para juntos comeram uma mulher, está mesmo a fim de dar o rabo pro
amigo. Pois se ele já tem a mulher, pra que dividi-la?
Finalmente,
o relatório demonstrou que as mulheres, com raras exceções, mais
que orgasmos querem afeto espontâneo e comunicação com menos
ênfase na genitália que nas emoções.
E
a nossa Hite, o que achou? Bem, ela acha que o pênis é uma espécie
de dissolvedor do orgasmo feminino e que a relação sexual não
existe para levar a mulher ao orgasmo.
Shere
Hite não é casada, não se sabe se trepou e, em caso positivo, com
quem e com quais resultados.
Minha
opinião: acho que o dedo médio da mão direita dela está
apaixonado pelo clitóris. Vivem se esfregando e não dão bola pra
mais ninguém.
Além
de muito instrutivo, seu relatório é bem escrito. Certos trechos
valem uma punheta.
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