CLITÓRIS
– Se alguma feminista, dessas que fazem a barba duas
vezes por dia, chegar para você, leitor amigo, ou você, leitora
amiga, e botar banca dizendo que usa o clitóris de lado, não
acredite. As feministas que me perdoem, mas clitóris é uma peça
delicada que foi bolada para ser pequena.
Trata-se
de um pênis rudimentar (aliás, não sei por que estou dizendo esta
bobagem, pois é muito mais sensível que qualquer pênis) e algumas
mulheres têm até dificuldade em encontrá-lo. O que também não
deve preocupar a gentil leitora.
Preocupe-se
antes se o seu marido não conseguir encontrar o pau entre os
pentelhos.
Mas,
voltemos ao clitóris: imaginem que o maior do mundo – o da baleia
– não chega a ter oito centímetros.
Realmente
não é muito, se levarmos em conta que a sua vagina agasalha a
trolha do baleio: nada menos de três metros em estado semi-ereto, o
que torna ridículo a jeba de metro e meio do elefante africano.
Graças
à hipocrisia e à ignorância humanas, até quarenta anos atrás
muitas mulheres nem sabiam que possuíam um clitóris e as que sabiam
não sabiam o que fazer com ele.
Era
o caso da imperatriz Maria Teresa, da Áustria, que, preocupada com a
sua esterilidade, foi procurar seu médico, van Sweiten.
Ela
confessou: “Eu tenho certeza, doutor, que se pudesse ter um único
orgasmo, eu teria filhos!”
Depois
de muitos rodeios, van Sweiten ousou dar um palpite: “Eu arriscaria
dizer que o clitóris de sua mais sagrada majestade deveria ser
titilado por algum tempo antes do coito propriamente dito”.
É
verdade que o orgasmo não tem nada a ver com a mulher ficar grávida
ou não, mas o fato é que Maria Teresa foi mãe de dezesseis
príncipes.
COITO
– Instado a responder sobre qual o seu tipo de coito preferido, o
português não titubeou: “Prefiro o coito anal”. “E por quê?”,
perguntou a jovem repórter da TV Globo. “Porque o coito oral é
puramente teórico. Fala-se muito e não se faz nada. O vaginal não
é pro meu bico. É coisa pra quem pode comer Gina Lollobrigida e
outras estrelas do cinema. O anal é apenas uma vez por ano, mas é
melhor do que nada”.
Se
você está como o português da anedota, meu irmão, tire o cavalo
da chuva porque não sou eu que vou explicar-lhe o que é coito.
Para
dizer a verdade você está fudido, ou melhor, você está coitado.
Quem sabe é isso? Os pais praticam o coito e nascemos nós, os
coitados.
Para
que um verbete especial para o coito se eu não falo de outra coisa
neste livrinho? Apenas para chamar a atenção para o louva-a-
deus, para a colônia Oneida e para o gokuraku-ojo.
O
louva-a-deus, este bicho parecido com um gafanhoto, mas bem mais
feroz, deve gostar muito de fuder.
Saibam
que há quem garanta que ele só pode trepar satisfatoriamente depois
que a fêmea tiver devorado metade de sua cabeça. Parece que tem
alguma coisa a ver com liberar inibições.
Depois
de comida metaforicamente, a louva-a-deus come literalmente o que
restou do seu marido.
O
pessoal da colônia Oneida (Estado de New York) pratica o
coitusreservatus, tradição que trouxeram com eles da índia
para os Estados Unidos no século XIX.
A
coisa é aparentemente muito simples: trata-se de introduzir o
chamado membro viril dentro da vagina mas não gozar,
deliberadamente.
Tanto
hindus, como chineses e árabes, praticam o método. Dão-se ao luxo
de receber clientes, discutir negócios, etc. e tal, sempre dentro de
suas concubinas. Ao chegar em casa à noite, finalmente, gozam com as
respectivas mulheres.
O
gokuraku- ojo significa, simplesmente, morrer de tanto fuder.
O casal de amantes se encontra e trepa até um deles morrer.
Geralmente,
morre o homem e a mulher-louva-a-deus sai atrás de outra vítima,
quase sempre, como no filme O Império dos Sentidos, com o pau
do amante na bolsa.
Quem
morreu de gokuraku-ojo sem ter nunca ouvido falar de gokuraku-
ojo foi o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Nelson
Rockefeller. Morreu em cima da secretária. No Japão seria
considerado um herói.
Existem
123.414 posições em que o coito pode ser praticado. Ou seriam
123.415? Ih, agora, eu me compliquei todo.
COLETTE,
Sidonie Gabrielle Claudine (1873-1954) – Filha da
burguesia rural francesa, Colette até que era bem jeitosinha quando,
aos vinte anos, se casou com um escritor medíocre – amigo da
família – chamado Henry Gauthier Villars.
Willy
– como era conhecido o marido – tinha trinta e cinco anos e logo
percebeu que sua mulherinha possuía, além de dotes sexuais, dotes
literários.
Foi
por isso que a incentivou a escrever romances contando as aventuras e
fantasias eróticas de uma jovem colegial. Ela escrevia, ele assinava
e embolsava o dinheiro.
Depois
de algum tempo ela encheu de dar boa-vida ao malandro e em 1906 se
separou dele e começou a assinar seus livros.
Nesta
época, também, passou a se interessar por teatro. Acabou fazendo
turnês de razoável sucesso por toda a França. Troço meio erótico
no qual uma bailarina solitária apaixona-se por uma cenoura ou
vice-versa.
Casou
mais duas vezes e seu sucesso literário veio mesmo em 1920, quando
publicou Chérie.
Isto
tudo que escrevi aí em cima (com exceção da cenoura) é verbete
para qualquer dicionário bem-comportado como o de Ambrose Bierce,
por exemplo.
A
verdade é que Colette gostava mesmo era de fuder com qualquer coisa
que se movesse.
Willy
era um mau-caráter e um dia Colette o flagrou comendo uma anã
desdentada. Se continuou com o marido foi porque gostava de ir para a
cama com as secretárias dele.
Só
lhe deu um pé na bunda quando passou a não aguentar mais ver a sua
cara bochechuda. Costumava chamá-lo de rainha Vitória.
Colette
apareceu dançando com os seios de fora no palco de um famoso
music-hall parisiense.
Na
plateia estava Missy, nada menos que a marquesa de Balbeuf,
descendente de Napoleão. (Não tem nada a ver com o assunto, mas aí
vai: a família de Napoleão, até ele tornar-se imperador, era toda
certinha. Com o poder começaram a aparecer todas as sacanagens.)
Pois
a Missy gostava daquilo que eu gosto e que Alfred de Musset,
Apollinaire e a própria Colette chamavam de monte de vênus. Xota,
se me entendem.
Enfim,
Missy tomou conta de Colette e se tornou não só sua amante como sua
empresária e coreógrafa.
Num
número que ficou famoso, Colette aparecia no palco vestida de múmia
e aos poucos se desfazia das ataduras até que, completamente nua,
dançava com o seu príncipe encantado que era nada menos que a
própria Missy vestida de homem.
Colette
não era exatamente lésbica. Tanto que depois de se divorciar de
Willy se casou com Henry de Jouvenel, editor do jornal Le Matin, onde
escrevia, e com ele teve sua única filha.
Não
se pode dizer que Colette lhe fosse infiel, pois só ia para cama com
mulheres e às vezes o convidava para ser juiz da luta aranhal.
Foi
amante de Missy durante todo o seu casamento com Jouvenel. Era o
maior barato ver as duas aparecerem em bacanais femininas vestindo
smoking.
As
festas acabavam invariavelmente com dezenas de mulheres nuas,
exaustas depois de passarem a noite toda brincando de mamãe-mamãe.
Colette
usava no tornozelo uma pulseira onde estava gravada a frase “Pertenço
à Missy”, o que – é claro – era chute, pois muitas outras
lésbicas andaram com a boca entre as suas coxas.
Uma
delas foi Natalie Barney, uma milionária americana, amiga de
Hemingway. Numa carta enviada a Natalie, Colette finalizou dizendo:
“Natalie, meu marido beija as suas mãos e eu o resto”.
Depois
de se divorciar de Jouvenel, teve um caso com o filho dele, Bertrand,
de apenas dezenove anos.
Só
sossegou o pito – em parte – aos cinquenta e dois anos, quando
conheceu o jornalista Maurice Goudeket, que tinha trinta e cinco anos
e muita tesão, tanto que comeu Colette até o dia da sua morte
(dela, naturalmente) aos setenta e dois anos, em Saint Tropez. Faziam
amor para uma plateia de mais de vinte gatos.
Escritora
menor, foi uma mulher bem maior que sua obra.
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