BOORDE,
Andrew (1512-1553) – Um idiota. Se não fosse tão
idiota eu provavelmente não estaria falando dele. Em 1542 este galês
metido a conselheiro sexual publicou um livro chamado A Dyetary of
Helth (quem manja inglês vê que a grafia é antiga) ou O
Livro Onde os Bons Maridos Aprendem.
Nesta
obra, Boorde solenemente previne os leitores: “Cuidado com a
alface. Ela mata o desejo sexual”.
Para
quem havia marcado a bobeira de já haver comido muita alface, Boorde
dava o antídoto: “Muito figo para redobrar o vigor sexual”.
Pois
o sacana do Boorde acabou entrando para a carreira religiosa e chegou
a ser bispo de Chichester.
Deve
ter comido muito figo durante o tempo em que esteve à frente da
igreja, pois acabou sendo expulso quando descobriram que mantinha
três prostitutas escondidas em sua casa.
BORDEL
– Também conhecido como prostíbulo, puteiro, rendez-vous ou
lupanar, como preferia Nelson Rodrigues. Estabelecimentos bem mais
antigos que butiques, açougues, consultórios médicos, estrebarias,
etc.
O
mais velhinho do Rio de Janeiro fica na Rua Alice, em Laranjeiras, e
resistiu à onda de termas e call-girls.
Ali
na Rua Alice ainda se pode jogar biriba com as putas, que contam
histórias muito interessantes.
As
mais antigas insistem que Boneca Cobiçada, famoso samba de
Adelino Moreira cantado por Nelson Gonçalves, é a vida delas.
As
mais novas, me diz N.C., velho frequentador, não sabem mais contar
histórias: são jovens estudantes de jornalismo, enfermeiras,
advogadas desempregadas, donas-de-casa que, eventualmente, aparecem
lá para fazer um extra.
Segundo
N.C., como não se pode conversar, nem dançar, nem jogar cartas com
as mais novas, o negócio é comê-las e ir embora.
Provavelmente
o bordel mais antigo de que se tem notícia existiu em Atenas e era
administrado pelo Estado, por volta de 550 a. C., segundo o
legislador Sólon.
Na
Inglaterra do século XIX, a sociedade mais puritana da Europa, havia
mais bordéis que em qualquer outro país do mundo.
E
bordéis para todos os gostos: para sádicos, masoquistas,
fetichistas e bestialistas, especializados em meninos e meninas com
menos de quatorze anos, etc, etc.
Desses
bordéis todos o mais interessante talvez não tenha sido um bordel
mas um clube, o Love Club, de Londres, que inaugurou no fim do século
XVIII e sobreviveu até a terceira década do século XIX.
O
clube dava aos sócios – homens e mulheres –, mediante uma taxa
mensal de cem libras, o direito de comer quem aparecesse por lá.
E
eram centenas de sócios.
Recentemente
foi leiloado o diário de uma sócia do Love Club.
Nele
ela apresenta a lista de 4.959 homens com os quais havia ido para a
cama num período de vinte anos: 272 príncipes, 93 rabinos, 439
monges, 288 cidadãos comuns, 2 tios, 119 músicos, 929 oficiais
militares, 342 financistas, 420 cavalheiros da sociedade, 117garçons,
12 primos, 47 negros e 1.614 estrangeiros.
BRUXARIA
– Prática de satanismo, e aproveito para aconselhar aqueles que
ainda acreditam em Satã que não deixem de ler a obra-prima de
Stephen Barr chamada The Devil to Pay, bem melhor que 98% dos
contos mineiros produzidos desde a Inconfidência Neoclássica
contra a Poesia.
Hoje
em dia, bruxarias e satanismos são muito apreciados em Los Angeles e
San Francisco.
Nos
casos amenos pode-se sempre comer a mulher de algum diretor de cinema
barrigudinho.
Nos
casos mais graves, o freguês acaba tomando Fanta Uva com cianureto
em companhia do pastor Jim Jones na Guiana Inglesa.
Mas
o negócio já foi mais sério.
Nos
séculos XV, XVI e XVII, principalmente, nego se coçava dum jeito
meio engraçado e já era considerado bruxo.
Neurótico
(sei do cacófato, pombas!) com crise de depressão ou histeria
ciclotímica acabava curando essas frescuras na fogueira.
Durante
mais de três séculos se espalhou por toda a Europa o culto pagão a
Cernanus, o Deus Cornudo.
Aliás,
há menos de trinta anos, foi descoberto, debaixo da nave da catedral
de Notre Dame, um altar para este tal de Cernanus, que seria o
próprio diabo.
Cornudo
ou não, comia mulheres pacas, pois era nisto que se resumia a sua
“religião”.
Antes
da “missa negra” para Cernanus começar, os satanistas se
beijavam nas respectivas bundas como forma de cumprimento.
Em
seguida o diabo comia todas as mulheres presentes, que descreviam o
seu pênis como “enorme e muito gelado”.
Devia
ser mais ou menos uma mortadela da Sadia recém-saída do freezer.
Já
outros registros dizem que o monjolo satânico era coberto de escamas
como um peixe.
Outras
vezes o manjubão aparece em forma de forquilha, o que permitia a
penetração vagi-anal ao mesmo tempo.
O
que eu acho dessas histórias: o sumo sacerdote, malandro, se vestia
de diabo e, com a ajuda de um consolador ou dildo tamanho família,
comia as maluquetes todas.
Quando
acabava, deixava que os demais vagabundos pertencentes à sua seita
ficassem com as sobras.
O
Malleus Malleficarum, manual do século XV sobre o esporte de
caçar bruxas. É incisivo como um dente: “A Bruxaria nasce do
desejo carnal que, na mulher é insaciável”.
As
bruxas eram ainda responsáveis por todos os casos de impotência,
falsa gravidez, onanismo, sodomia, et caterva.
Resultado
desta filosofia moderna nascida 1.800 anos depois da morte de
Sócrates: entre 1.400 e 1500 nada menos que 80 mil pessoas viraram
churrasco nas fogueiras europeias.
A
histeria (hister quer dizer útero, em grego)se alastrou até
a América do Norte, onde, principalmente na cidade de Salem,
queimaram muita gente boa, como Arthur Miller conta direitinho na sua
melhor peça, The Crucible, que foi apresentada no Rio de Janeiro no
Teatro Copacabana sob a direção de João Bethencourt que, como
todos sabem, tem um pacto com o diabo, caso contrário suas peças
não fariam tanto sucesso.
A
prática do satanismo diminuiu bastante no fim do século XVII, mas
reviveu estranhamente no Brasil durante a segunda metade do século
XX, onde as bruxas foram confundidas com jornalistas, cantores
populares, deputados de oposição e qualquer ser humano que ousasse
dizer que militar não é bonito.
Essas
pessoas durante algum tempo foram caçadas em redações, bancas de
jornais, riocentros e oabês da vida. Caçados à bomba,
naturalmente.
Depois,
o PFL e o Centrão tomaram o poder e as coisas ficaram piores.
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