terça-feira, 6 de janeiro de 2015

ABC do Fausto Wolff


Publicado pela L&PM Editores, em 1988, este livro do saudoso Fausto Wolff é quase um fetiche para os inúmeros fãs do escritor.
Por algum motivo obscuro jamais explicitado, o livro nunca mais foi reeditado e os poucos exemplares oferecidos nos sebos custam os olhos da cara.
Entre outras bossas, cada letra dos verbetes era ilustrada por um de nossos gênios do cartum.
Logo na página de rosto, o velho lobo faz um agradecimento especial:
“A fim de não ficar no fogo sozinho e ter companhia no banco dos réus quero agradecer a colaboração de meus amigos Agner, Borjalo, Chico Caruso, Duayer, Edgar Vasques, Ferdy Carneiro, Guidacci, Hubert, Ique, Jaguar, Lan, Millôr Fernandes, Nássara, Otelo Caçador, Paulo Caruso, Reinaldo Batista Figueiredo, Jorge de Salles, Uberti, Verissimo, Ziraldo e Robert P. Gwin, chairman do Board of Directors da Encyclopaedia Britannica Inc., que colaboraram para a amblyopia deste volume. Um agradecimento especial, um copo d’água e uma rosa a Marcia Braga, a única mulher do bando, que encarregou-se das letras W, X e Y e que, certamente, nunca mais será a mesma.”


Simão Pessoa, Fausto Wolff e Mário Adolfo, na casa do radialista Joaquim Marinho, em 1996
Nas duas orelhas do livro, algumas opiniões abalizadas sobre o trabalho do escritor:
“Culturalmente, Fausto Wolff é um homem de uma extraordinária base de leitura. O mais importante, porém, a partir deste instrumento indispensável, é sua profunda e sincera indignação social – aquela que não tem nada a ver com posições ou ideologias ocasionais – e sua capacidade de trabalho, clareza de visão e, qualidade nunca desprezível em qualquer luta, coragem.” (Millôr Fernandes)
“Fausto Wolff é um bicho em extinção na nossa espécie. Ele junta a ousadia de furar o sistema de segurança de um Arafat para conseguir uma entrevista com a sensibilidade dos bons repórteres na hora de escrevê-la. A isto soma-se outra virtude rara: o fato de ter sobrevivido este tempo todo sem ser um jornalista de aluguel.” (Fernando Moraes)
“Além da contundência, uma grande compaixão. A marca do verdadeiro escritor.” (Rubem Fonseca)
“Fausto Wolff é um desses magníficos marginais e outsiders criados pela intolerância dos vários poderes que mandam no país.” (Alberto Dias)
“Eu considero a prosa de Fausto Wolff a de maior elasticidade de todo o jornalismo do Brasil. Ele tem uma virtude incomum – sabe dizer o que quer dizer.” (Joel Silveira)
“Um dos profissionais mais competentes deste país, Fausto Wolff é autor de frases tão lapidares que deveria usar cinzel e martelo.” (Jaguar, na revista Status)
“Fausto Wolff é o nosso lobo da estepe. No jornalismo e na literatura. Lobo bom (às vezes), lobo maus (muitas vezes) e, principalmente, um teimoso lobo solitário, cujos uivos questionam permanentemente o nosso desânimo e a nossa deserção.” (Jorge Leão Teixeira, na revista Visão)
“Tem louco que pensa que é Deus. Fausto Wolff é um louco que pensa que é o melhor jornalista do Brasil. Tem uma coisa: estou cansado de ver o Fausto fazer milagres. E agora?” (Ziraldo, no jornal O Pasquim)
“Fausto Wolff é aquele que mata a cobra e mostra o pau para que ninguém alegue ignorância. E, por mais que doa, exibe a ferida, tira as vendas e as mordaças de tantos quantos queiram ignorar a falência desta zorra toda como está e como anda.” (Ary Pararraios, no jornal Correio Brasiliense)
“A eterna postura marginal e maldita não exclui o jornalista informado e atento, disposto o tempo todo a apontar e analisar a política e os demais costumes pelo filtro de uma inteligência aguda e irreverente.” (Beth Brait, no jornal O Estado de São Paulo)
“Fausto Wolff é um dos jornalistas mais importantes do seu tempo, e de sua geração nem se fala. Um dos poucos que sabe que o único meio de aprender a usar a liberdade é possui-la.” (Hélio Fernandes, no jornal Tribuna da Imprensa)

Pelas próximas semanas, estaremos publicando aqui, na íntegra, todos os verbetes do “ABC do Fausto Wolff”. Curtam.

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