DIABO
– Era uma vez um tal que atravessava uma ponte de madrugada quando
viu, no meio dela, um sujeito magro, de bigode fino, cabelo bem
preto, pele muito branca. Levou um susto, mas foi logo tranquilizado
pelo cara:
–
Eu sou o Diabo e de mil em mil anos eu subo à terra para satisfazer
três desejos do primeiro mortal que encontrar.
–
E não tem que vender a alma? – perguntou o mortal.
–
Não – respondeu o magro.
–
Então eu quero... – começou o afobadinho, que foi logo
interrompido pelo outro:
–
Eu disse que eu era o Diabo e não Deus. Não tem que vender a alma,
mas tem que dar o rabo.
–
Pô, seu Diabo, dar o rabo é brabeza! Eu não sou chegado a um
trolho, não! O meu negócio é mulher.
–
Mas tu és trouxa mesmo, hein, ó mortal? Se o teu negócio fosse dar
o rabo não tinha graça nenhuma. Tu me davas o brioco sem eu ter que
satisfazer os três pedidos.
O
mortal viu uma certa lógica nas palavras do brancão e disse,
baixando as calças:
–
Tá certo, tu me come, mas moita, hein! Maior discrição! E não
esquece dos três pedidos.
O
Diabo comeu a bunda do sujeito bem comida e, depois de botar o pau
dentro das calças e abotoar a braguilha, foi se afastando dizendo:
–
Boa-noite, rapaz!
–
Que boa-noite, que nada, seu Diabo! E os meus três desejos?
–
Você não está muito crescidinho pra acreditar em Diabo?
E
você, leitor, também acredita em Diabo?...
A
origem da palavra diabo eu confesso que não sei, embora
desconfie.
A
verdade é que não estou com saco para sair por aí pesquisando e o
meu estúdio está a maior zorra.
Mas
a palavra demônio – daemon – vem do grego daimon
e na mitologia era utilizado para denominar um poder sobrenatural.
Homero
usa daimon do mesmo modo que usa Theos, ambos para
enfatizar a personalidade do deus.
Desde
que daimon era usado para designar o autor de qualquer
fenômeno não atribuído a nenhuma divindade em particular, acabou
por se tornar o poder que determinava o destino de cada homem.
Ou
seja: cada ser humano tinha o seu demônio particular.
Segundo
Hesíodo, os mortos da Idade do Ouro se transformavam em demônios.
Posterior
especulação filosófica dava os demônios como superiores aos
mortais, mas inferiores aos deuses.
A
partir daí não é difícil compreender por que os cristãos antigos
atribuíam as ações dos demónios aos anjos caídos, transformando
os que não se revoltaram contra Deus em anjos da guarda e cosi
via...
DILDO
– Em verdade quem chama qualquer objeto (que não seja o pênis) de
enfiar nos orifícios humanos de dildo são os americanos. Nós
chamamos de consolador e – como eles –, mais recentemente, depois
da invenção das pílulas, de vibrador.
Os
franceses, desde o século XIX pelo menos, chamam esses troços
desagradáveis de godomichet.
Só
entra como dildo por aqui porque esqueci de colocá-lo como
consolador na letra “C”, o que também é natural, pois quem
gosta de consolador no “C” é galã de novela.
Enfim,
o dildo é o caralho artificial, desses que existem em lojas de
sacanagens e que vão desde os simples de borracha até os
sofisticadíssimos eletrônicos.
Não
são, porém, coisa modernosa, não!
A
sacanagem existe desde que Adão começou a comer todos os bichos e
bichas do paraíso, até Deus se mancar e fabricar Eva.
Em
certas esculturas da antiga Babilónia, o dildo aparece nas mãos de
uma mulher preparando-se para coloca-lo entre as pernas e a mesma
imagem pode se ver em antigos entalhes hindus e chineses.
Isso
para não falar no consolador mencionado na Bíblia: “Você apanhou
o melhor ouro e a melhor prata que lhe dei e fez deles imagens de
homens que usou para seu prazer”.
Quem
achava que a Bíblia era só “Salve Rainha” – como vê —
equivocou-se. Basta ler Ezequiel, XVI, 17.
Existem
dildos de matéria plástica, com e sem pilha, de cerâmica,
marfim, porcelana, ouro, prata, elétricos, eletrônicos, de
borracha, de todos os tamanhos, enfim, mas os mais populares são,
desde os tempos mais remotos da civilização, bananas, cenouras e
pepinos.
Há
quem prefira garrafas, como um viadinho de Porto Alegre que foi
levado às pressas ao Pronto Socorro com uma Coca-Cola família
entalada no fiofó.
O
médico simplesmente quebrou o fundo da garrafa para que o vá cu
o acabasse e o dildo consentisse em sair.
Pior
sorte teve um perobo de Londres que se masturbava com um dildo
à pilha enfiado na olhota.
Na
hora de gozar o aparelho perdeu-se dentro do moço, que teve que
sofrer anestesia geral para que pudesse ser retirado.
Aparentemente,
dildos também têm simpatias pessoais.
DIVÓRCIO
– Dissolução legal do casamento encontrável nas civilizações
mais antigas, mas que no Brasil só começou a ser praticado
recentemente. Sem muito sucesso – é preciso salientar – porque
caro demais para o proletão e pouco respeitável para os tabus de
boa parte da classe média. Vai daí que, aqui na Casa da Mãe Joana,
divórcio é coisa de rico.
Há
ainda o divórcio mineiro, que se resume, geralmente, na
transformação de um dos cônjuges (impossível resistir à atração
deste substantivo, quase verbo: “vamos dar uma conjugadazinha”)
em cadáver.
Na
Roma pré-cristã, o marido só podia divorciar se da mulher em três
casos: 1) se a flagrasse com outra trolha que não a dele dentro
dela; 2) se ela fosse porrista incorrigível; 3) se se comportasse
mal constantemente.
Vocês
manjam, né? Essas senhoras que depois de duas garrafas de vinho
começam a ficar curiosas sobre o que outros homens, que não os
respectivos maridos, trazem no meio das pernas.
Verdade
é que na antiga Roma, principalmente entre a aristocracia, porres e
cornificações eram o trivial simples. Quando o marido enchia,
apelava para a lei. Mais ou menos como acontece entre a melhor
sociedade paulista e carioca. Só que entre nós o corno não pode
apelar para lei alguma.
Entre
os povos semitas, o divórcio também era prática (sei do cacófato)
comum e, geralmente, quem entrava bem era a mulher, e neste bem aí,
entenda-se mal.
O
marido babilônico, por exemplo, não precisava de justificativa
alguma para mandar a mulher tirar o time. É claro que se ele a
flagrasse com outro cara na cama (não precisava nem ser na cama,
podia ser atrás de uma moita mesmo), o outro cara e ela eram
afogados publicamente sob aplausos generosos da plateia.
Os
judeus, até o século XI, apoiavam-se numa passagem de Deuteronômio
para se divorciarem das respectivas Saras e Raquéis. Bastava que
declarassem que a patroa era suja, o que englobava não só o
adultério como qualquer troço (roncar, mexer nos bolsos à procura
de grana, peidar) que o marido não gostasse.
Até
hoje uma mulher maometana não pode iniciar um caso de divórcio. O
máximo que pode fazer é dizer pro marido: “Benzinho, deixa eu ir
embora que eu deixo você ficar com toda a grana que o papai te deu
como dote quando casamos”. Se ele topar, ela pode partir para
libações independentes. Sempre que praticadas com discrição,
naturalmente.
Apesar
do (mau) exemplo de Henrique VIII, o divórcio nos países anglicanos
até hoje não é moleza.
Antes
de 1885, nego pra se divorciar tinha que pedir permissão ao
Parlamento e desembolsar uma grana equivalente a quase 2 mil libras.
Fudido se divorciar, então, nem pensar.
No
fim do século passado não havia mais de mil casos de divórcio na
Inglaterra, enquanto que nos Estados Unidos o número subia a quase
50 mil.
É
que, ao contrário do marido, a mulher não podia livrar-se dele
alegando adultério simplesmente. Tinha que acrescentar: “Além de
me cornear o sacana ainda me passou uma gonorréia de gancho”.
Estou brincando, gonorréia simples também era motivo sério de
divórcio.
Em
1929, o juiz Abnel Russel recusou o pedido de divórcio de uma mulher
sob a alegação de que o marido a sodomizava, quer dizer trabalhava
no orifício anticoncepcional. Explicação do juiz: “O marido
conseguiu provar que havia informado suas (más) intenções à
mulher antes do casamento”. Será que o cara apresentou uma carta
ao juiz em que dizia à noiva: “Jennifer, meu amor, não vejo a
hora de nos casarmos para poder comer o teu rabo?”
Pessoalmente,
prefiro acreditar que o juiz Russel levou uma grana.
Apesar
disso, até hoje a sodomização da mulher é proibida na Inglaterra.
Lei pouquíssimo usada, mas ainda em vigor.
Em
poucos países não existe o divórcio hoje em dia. Creio que apenas
na Argentina, no Uruguai, no Chile, na Irlanda, na Espanha e em
Andorra.
Nos
Estados Unidos está se tornando um hobby caro demais para os comuns
mortais. Cara que divorcia mais de duas vezes tem que pedir dinheiro
emprestado em bancos para poder pagar as pensões das ex-esposas e
filhos.
Norman
Mailer, que se casou umas cinco vezes, disse que não viu um tostão
do adiantamento que o editor lhe fez para que escrevesse The
Executioner Song, livro tão longo quanto chato. E se tratava de
quase 1 milhão de dólares.
Por
via das dúvidas, meus filhos, não casem. Mas olhem só quem está
falando!
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