FELLATIO
e CUNNILINGUS – O primeiro vem do latim, verbo fellare,
ou seja, chupar. Prática de se obter satisfação sexual através da
estimulação oral do pênis. Cunnilingus vem do latim
igualmente, de cunnus, que quer dizer vuIva, e de linctus,
ato de lamber. Trata-se do estímulo sexual da vulva (ou do clitóris)
com os lábios e a língua.
Espero
que muito semi-alfa que julgava que cunnilingus era a prática
de lamber cu tenha aprendido definitivamente o que é que deve
lamber.
O
fellatio geralmente é praticado por mulheres em homens. Há,
porém, alguns rapazes de péssimo gosto que preferem performá-lo
também.
Nataniel
Jebão, nefando cronista do jet set carioca, garante que ouviu
um dia este papo de dois executivos cariocas no banheiro do bar do
Country Club, do Rio. “Engoles ou cospes?” Ao que respondeu o que
estava mamando o caceta do outro: “Engulo porque te amo".
Diálogo singelo, digno da novel a das oito da TV Globo.
Quanto
ao cunnilingus, é praticado geralmente por homens em mulhes.
Há, entretanto, moças de extremo bom gosto que também praticam o
esporte, o que, aliás, só aumenta a feminilidade lá delas.
Tanto
o fellatio como o cunnilingus são igualmente
conhecidos entre a patuleia como Bouchet e Minette.
Belos nomes para um casal de gêmeos nascidos de pais francófilos.
Se
as feministas tivessem me consultado eu teria sugerido uma gurua
para a imperatriz chinesa Wu Hu, que conseguiu algumas vitórias na
luta do fellatio com o cunnilingus ou do Bouchet
com a Minette.
Para
ela, o fellatio era a prova da superioridade e da dominação
masculina. Para elevar a condição feminina e diminuir a masculina,
ela decretou que “lamber o estame da flor de lótus” era, de
todas as manobras sexuais precoito, a mais importante.
Para
simbolizar o advento da dominação feminina, Wu Hu baixou uma ordem
informando que todos os servidores da corte e todos os dignitários
que visitassem o palácio deveriam cunnilinguá-la.
Existem
antigas gravuras em que Wu Hu aparece com o seu manto levantado
enquanto um homem, de joelhos, presta sua homenagem e uma fila de
outros espera a vez.
FÊMEA
– Do latim femma, porque em grego é gineka, daí
ginecologia ser o estudo da mulher. Se a gentil leitora não tiver
pênis e nem for eunuco, pode ter certeza de que é uma fêmea.
Nas
sociedades primitivas da África, Ásia, América do Sul e Austrália,
descobriu-se que o que os homens mais admiram nas mulheres são seios
enormes e grandes lábios (os inferiores) grandes mesmo.
O
que menos gostam: bunda pequena e clitóris grande. Em verdade, os
clitóris grandes, principalmente quando ficam duros, podem ser
perigosos.
Até
hoje se considera o Cântico dos Cânticos, de Salomão, que
deve ter sido escrito por volta de 400 a.C., o mais belo poema em
louvor do corpo feminino.
Alguns puritanos tentaram interpretar o
poema metaforicamente, mas não houve jeito: Salomão não fala em
Deus e diz que não há nada melhor no mundo do que fazer amor com a
mulherinha amada.
FETICHISMO
– Dois fenômenos completamente diversos: 1) uso da magia, no caso
do Brasil, despacho, para a realização de algum desejo; 2) uma
forma de desvio sexual envolvendo apego erótico a um objeto
inanimado ou a uma parte do corpo humano geralmente considerada sem
atrativo sexual, como os pés, por exemplo.
Fedor
Dostoievski, o torturado autor de Crime e Castigo, gostava de
lamber os pés, dedo por dedo, das mulheres com quem ia para a cama.
Aliás,
é este o fenômeno que nos interessa, mas, antes de começar a falar
nele, é bom dizer que a palavra vem mesmo do português feitiço,
que é como os navegadores lusos (cujos descendentes são donos de
alguns dos melhores botequins do Rio de Janeiro, como o Veloso, por
exemplo, na esquina da Montenegro com Prudente de Morais) chamavam os
rituais mágicos dos índios brasileiros e dos negros da África do
Sul.
A
palavra foi importada pela França, onde virou fetiche, e
Freud (conhecido maníaco sexual, primeiro cacique da tribo dos
psicanalistas – a única que, infelizmente, não está em
extinção), colou-lhe um ismo e deu-lhe uma conotação
psicossexual.
O
verdadeiro fetichista só consegue atingir o orgasmo com o auxílio
do objeto que produz a sua excitação. Qualquer troço pode ser um
fetiche, mas os mais comuns são lenços, sapatos, luvas, calcinhas,
meias. Em matéria de corpo humano, os fetichistas se amarram em pés,
cabelos e pentelhos, principalmente.
Freud
bobeou ao tentar associar o fetichismo ao complexo de Édipo ou de
castração.
O
fetichista é, antes de tudo, um simbolista (não do gênero Cruze
Souza e Alphonsus de Guimarães, que eram simbolistas sem serem
fetichistas): o objeto simboliza a mulher desejada enquanto eles, no
caso delas estarem ausentes, debelam os respectivos palhaços
pensando nelas.
Segundo
Desmond Morris – O Zoológico Humano –, muitos fetichistas
ficam corados diante de um par de sapatos como se estivessem diante
de uma mulher nua. Acho que o Desmond está chutando. Outros são,
ainda, classificados como discípulos do Dr. Masoch (ver verbete),
pois adoram ser dominados pelo sexo oposto.
Krafff-Ebing
(ver verbete), taradão enrustido, conta um caso engraçado de um
sujeito que só conseguia ter uma ereção se a mulher tocasse o seu
pau com a pontta do sapato. Mais tarde se casou com uma moça de boa
família e impotentou. A mulher foi ao médico e ele aconselhou-a a
pendurar seus sapatos em cima da cama. O falso broxa passou a dar
três sem tirar de dentro.
Há
ainda o caso do garoto que praticava o esporte dos cinco contra um no
chão do seu quarto quando sua prima de vinte anos pisou
acidentalmente nele com seus sapatos de salto alto. Até hoje, com
mais de cinquenta anos, ele comparece ao bordelão da Rua Alice, em
Laranjeiras, no Rio, com uma pasta cheia de sapatos de salto alto que
vão do número 34 ao 40 que a profissional escolhida deve calçar
antes de passear sobre ele. Parodiando Drummond: “Este sapato
solto pela cama a pisotear o peito de quem ama”.
É
estranho pacas, mas tem muito mais nego do que se imagina cujos
países baixos não sobem se a mulher não estiver usando determinado
tipo Iuva, colar, sapato, etc. Os fetichistas, de um modo geral, são
gente fina.
Alguns,
porém, sofrem mais que torcedor do Botafogo, como eu. É o caso do
jovem de 13 anos que ejaculou pela primeira vez ao ver uma mulher que
carregava uma árvore de Natal cheia de penduricalhos.
Até hoje ele
só faz amor na base do ménage a trois: ele, a mulher e a
árvore de Natal.
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