quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

ABC do Fausto Wolff (Parte 23)


FELLATIO e CUNNILINGUS – O primeiro vem do latim, verbo fellare, ou seja, chupar. Prática de se obter satisfação sexual através da estimulação oral do pênis. Cunnilingus vem do latim igualmente, de cunnus, que quer dizer vuIva, e de linctus, ato de lamber. Trata-se do estímulo sexual da vulva (ou do clitóris) com os lábios e a língua.
Espero que muito semi-alfa que julgava que cunnilingus era a prática de lamber cu tenha aprendido definitivamente o que é que deve lamber.
O fellatio geralmente é praticado por mulheres em homens. Há, porém, alguns rapazes de péssimo gosto que preferem performá-lo também.
Nataniel Jebão, nefando cronista do jet set carioca, garante que ouviu um dia este papo de dois executivos cariocas no banheiro do bar do Country Club, do Rio. “Engoles ou cospes?” Ao que respondeu o que estava mamando o caceta do outro: “Engulo porque te amo". Diálogo singelo, digno da novel a das oito da TV Globo.
Quanto ao cunnilingus, é praticado geralmente por homens em mulhes. Há, entretanto, moças de extremo bom gosto que também praticam o esporte, o que, aliás, só aumenta a feminilidade lá delas.
Tanto o fellatio como o cunnilingus são igualmente conhecidos entre a patuleia como Bouchet e Minette. Belos nomes para um casal de gêmeos nascidos de pais francófilos.
Se as feministas tivessem me consultado eu teria sugerido uma gurua para a imperatriz chinesa Wu Hu, que conseguiu algumas vitórias na luta do fellatio com o cunnilingus ou do Bouchet com a Minette.
Para ela, o fellatio era a prova da superioridade e da dominação masculina. Para elevar a condição feminina e diminuir a masculina, ela decretou que “lamber o estame da flor de lótus” era, de todas as manobras sexuais precoito, a mais importante.
Para simbolizar o advento da dominação feminina, Wu Hu baixou uma ordem informando que todos os servidores da corte e todos os dignitários que visitassem o palácio deveriam cunnilinguá-la.
Existem antigas gravuras em que Wu Hu aparece com o seu manto levantado enquanto um homem, de joelhos, presta sua homenagem e uma fila de outros espera a vez.

FÊMEA – Do latim femma, porque em grego é gineka, daí ginecologia ser o estudo da mulher. Se a gentil leitora não tiver pênis e nem for eunuco, pode ter certeza de que é uma fêmea.
Nas sociedades primitivas da África, Ásia, América do Sul e Austrália, descobriu-se que o que os homens mais admiram nas mulheres são seios enormes e grandes lábios (os inferiores) grandes mesmo.
O que menos gostam: bunda pequena e clitóris grande. Em verdade, os clitóris grandes, principalmente quando ficam duros, podem ser perigosos.
Até hoje se considera o Cântico dos Cânticos, de Salomão, que deve ter sido escrito por volta de 400 a.C., o mais belo poema em louvor do corpo feminino. 
Alguns puritanos tentaram interpretar o poema metaforicamente, mas não houve jeito: Salomão não fala em Deus e diz que não há nada melhor no mundo do que fazer amor com a mulherinha amada.

FETICHISMO – Dois fenômenos completamente diversos: 1) uso da magia, no caso do Brasil, despacho, para a realização de algum desejo; 2) uma forma de desvio sexual envolvendo apego erótico a um objeto inanimado ou a uma parte do corpo humano geralmente considerada sem atrativo sexual, como os pés, por exemplo.
Fedor Dostoievski, o torturado autor de Crime e Castigo, gostava de lamber os pés, dedo por dedo, das mulheres com quem ia para a cama.
Aliás, é este o fenômeno que nos interessa, mas, antes de começar a falar nele, é bom dizer que a palavra vem mesmo do português feitiço, que é como os navegadores lusos (cujos descendentes são donos de alguns dos melhores botequins do Rio de Janeiro, como o Veloso, por exemplo, na esquina da Montenegro com Prudente de Morais) chamavam os rituais mágicos dos índios brasileiros e dos negros da África do Sul.
A palavra foi importada pela França, onde virou fetiche, e Freud (conhecido maníaco sexual, primeiro cacique da tribo dos psicanalistas – a única que, infelizmente, não está em extinção), colou-lhe um ismo e deu-lhe uma conotação psicossexual.
O verdadeiro fetichista só consegue atingir o orgasmo com o auxílio do objeto que produz a sua excitação. Qualquer troço pode ser um fetiche, mas os mais comuns são lenços, sapatos, luvas, calcinhas, meias. Em matéria de corpo humano, os fetichistas se amarram em pés, cabelos e pentelhos, principalmente.
Freud bobeou ao tentar associar o fetichismo ao complexo de Édipo ou de castração.
O fetichista é, antes de tudo, um simbolista (não do gênero Cruze Souza e Alphonsus de Guimarães, que eram simbolistas sem serem fetichistas): o objeto simboliza a mulher desejada enquanto eles, no caso delas estarem ausentes, debelam os respectivos palhaços pensando nelas.
Segundo Desmond Morris – O Zoológico Humano –, muitos fetichistas ficam corados diante de um par de sapatos como se estivessem diante de uma mulher nua. Acho que o Desmond está chutando. Outros são, ainda, classificados como discípulos do Dr. Masoch (ver verbete), pois adoram ser dominados pelo sexo oposto.
Krafff-Ebing (ver verbete), taradão enrustido, conta um caso engraçado de um sujeito que só conseguia ter uma ereção se a mulher tocasse o seu pau com a pontta do sapato. Mais tarde se casou com uma moça de boa família e impotentou. A mulher foi ao médico e ele aconselhou-a a pendurar seus sapatos em cima da cama. O falso broxa passou a dar três sem tirar de dentro.
Há ainda o caso do garoto que praticava o esporte dos cinco contra um no chão do seu quarto quando sua prima de vinte anos pisou acidentalmente nele com seus sapatos de salto alto. Até hoje, com mais de cinquenta anos, ele comparece ao bordelão da Rua Alice, em Laranjeiras, no Rio, com uma pasta cheia de sapatos de salto alto que vão do número 34 ao 40 que a profissional escolhida deve calçar antes de passear sobre ele. Parodiando Drummond: “Este sapato solto pela cama a pisotear o peito de quem ama”.
É estranho pacas, mas tem muito mais nego do que se imagina cujos países baixos não sobem se a mulher não estiver usando determinado tipo Iuva, colar, sapato, etc. Os fetichistas, de um modo geral, são gente fina.

Alguns, porém, sofrem mais que torcedor do Botafogo, como eu. É o caso do jovem de 13 anos que ejaculou pela primeira vez ao ver uma mulher que carregava uma árvore de Natal cheia de penduricalhos. 
Até hoje ele só faz amor na base do ménage a trois: ele, a mulher e a árvore de Natal.

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