EWEN
III (845-901) – Já houve uma época em que os reis eram
reis por serem os mais inteligentes, os mais corajosos e os mais
fortes. Eram respeitados pelo povo, pois estavam à frente dos
soldados nos campos de batalha. Nos últimos quinhentos anos, general
só morre em guerra por excesso de álcool. Rei, então, nem falar.
Posteriormente
inventaram que eram monarcas por graça divina, mas, por via das
dúvidas, mantinham-se protegidos por fortes exércitos.
O
rei escocês Ewen III era inteligente, forte, corajoso, e,
principalmente, sacana.
Como não havia um escocês que não se
mijasse de medo dele, por volta de 875 ele instituiu “o direito da
primeira noite”, o que em síntese é o seguinte: um dos seus
súditos queria casar com uma súdita, apresentava-a ao rei e se ele
a achasse o suficientemente apurada para o seu paladar, a comia
(eufemisticamente, é claro) na noite do dia do casamento.
Só depois
o súdito recebia de volta a mulher, geralmente com comentários do
rei: “Muito pentelhuda mas boa de rabo”, por exemplo.
Este
esporte iniciado pelo bom Ewen foi logo praticado por todos os reis
europeus e até mesmo por alguns barõesinhos de merda, até o
princípio da Idade Média.
Nota importante: ir para a cama com uma
virgem dava ao rei a certeza de que não pegaria uma gonorréia real.
EXIBICIONISMO
– Não confundir com exposição indecente, que é, por exemplo, um
ministro da Fazenda explicar na televisão por que não passa de mera
ilusão a impressão que temos de que estamos todos os dias gastando
mais para comer menos.
São
chegadas a um exibicionismo desde a mocinha que tira a roupa em
frente à janela aberta, passa pelas strip-teasers e vai até
os caras que, profissional ou amadoristicamente, adoram ser vistos
nus ou trepando.
Segundo
o escritor carcamericano Gay Talese (um especialista no assunto), a
principal motivação dos casais que fazem sexo grupal não é a foda
em si, mas a oportunidade de se exibirem pelados diante de outras
pessoas.
E
o que tem de exibicionistas, irmãos! Há mais donas-de-casa na
Escandinávia, Alemanha, Holanda, Inglaterra, França, Itália,
Espanha, Portugal loucas para serem fotografadas nuas ou posando aos
beijos com cachorros, porcos e cavalos que fotógrafos para
fotografá-las.
Atrizes
de filmes pornográficos como Linda Lovelace (ganhou muito dinheiro
dando aulas para mulheres de executivos ensinando como podiam engolir
25 centímetros de piroca), Georgina Spelvin, Seka e outras
declararam muitas vezes que só conseguem gozar diante de uma câmera.
Além
de José Sarney, Antônio Carlos Magalhães, João Figueiredo, Newton
Cruz, Ulysses Guimarães, Ronaldo Caiado, Amaral Netto e outros menos
votados falando na televisão, também é expositor indecente (nada a
ver com exibicionismo puro e simples) o marmanjo que fica pelado com
a intenção de insultar uma mulher.
Engraçado:
a mulher ficar pelada com a intenção de insultar um homem não é
considerado contravenção, mesmo porque até agora ninguém foi se
queixar disso à polícia.
É
claro que para o expositor indecente ir em cana é necessário que a
parte ofendida, no caso a mulher para quem o taradão mostrou os
documentos, prove que o cara tinha intenção de ofendê-la. Caso
contrário, qualquer sujeito que esquecesse a janela do quarto aberta
podia ser preso.
Também
não é considerada exposição indecente o chamado membro viril em
estado vítreo desde que coberto por calças ou calções. Cueca não
vale. Se jeba dura à vista (mas coberta) fosse crime, metade dos
frequentadores de Copacabana, Ipanema e Leblon estariam apanhando sol
no pátio da penitenciária Lemos de Brito.
O
clássico expositor indecente, segundo Leon Radnizowiks em sua
pesquisa sobre ofensas sexuais, tem entre vinte e cinco e cinquenta
anos, é casado, bom pai de família, classe média e dono de uma
bimbinha de proporções ridículas.
Ao
contrário do que muita gente pensa, ele não se excita com a ofensa
que pratica, mas com a vergonha e a culpa que sente ao praticá-la.
Depois
de exibir a pecinha em público, ele foge do local e se tranca num
quarto onde ataca de cinco contra um, se é que me entendem.
De
um modo geral o expositor indecente é um cara que tem medo de ser
broxa e que, caminhando pela rua, surpreende uma ereção espontânea.
Sente, então, a necessidade de mostrar a miniatura para o distinto
público.
Como
geralmente atacam na mesma área (parques, de tardezinha), é fácil
para a polícia patolá-los. Tão fácil que mais da metade da
população carcerária condenada por delitos sexuais na Inglaterra e
nos Estados Unidos é composta de expositores. Eles podem ser chatos,
mas são os mais inofensivos dos tarados.
FALLOPIO,
Gabriello (1523-1562) – Tem muito sujeito que acha que
manja de buceta ou de vagina, como prefere o pessoal do Tijuca Tênis
Club, pois é mais fino. Manjam nada. O pinta que mais manjou deste
assunto no mundo foi o velho Fallopio. Tem muito nego que manja do
lado de fora. Mas, e do lado de dentro? A mulher tem uma decoração
interna das mais complicadas.
Pois
o Fallopio, que foi, provavelmente, o mais importante professor de
anatomia do século XVI, foi quem descobriu e deu nome às coisas.
Ele não só descobriu os tubos que ligam os ovários ao útero (hoje
conhecidos como tubos de Falópio, seus idiotas!), como ainda batizou
a vagina de vagina, a placenta de placenta e o clitóris de clitóris.
Reitor
da universidade de Pádua, de lambuja foi o grande especialista em
ouvidos, manjava de botânica (sei do cacófato) como ninguém mesmo
e – last but not least – foi o inventor da
camisa-de-vênus.
Uma
camisona bem grosseira, que parecia mais uma bainha de faca, mas que,
em compensação, era impermeável. Salvou muitas vidas durante a
primeira epidemia de sífilis.
Sobre
este preservativo pioneiro mme. de Sevigné, que era chegada ao
esporte, declarou: “Bom para combater infecções; péssimo para
fazer amor”.
Uma
quarta parte da humanidade está viva hoje graças ao Fallopio e uma
outra quarta graças ao velho Alexander Flemming (1881-1955),
inventor da penicilina.
Apesar disso ainda não encontrei ninguém
chamado Falópio da Silva.
Gabriel,
muitos, mas em homenagem ao anjo que, suspeito, nunca existiu.
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