D’ANNUNZIO,
Gabriele (1863-1938) – Como escritor e autor de teatro,
definitivamente datado. Quando eu era criança costumava folhear seus
livros só para ler as passagens sacanas, ricas em eufemismos como
“monte de vênus”, “dardo do amor”, “globos de carne” e
outras besteiras.
Este
careca baixinho (tinha 1,65 m) não foi flor que se cheirasse, mas
devo dizer uma coisa a seu favor: não foi hipócrita e era um cara
corajoso.
Filho
do prefeito da cidade de Pescara, desde a adolescência era conhecido
(e admirado) como grande comedor de mulheres.
Com
vinte anos, contra a vontade do pai da moça, se casou com Maria
Gállese, filha do duque de Gallese, que não sabia que ela estava
grávida.
Aos
vinte anos ele já tinha reputação de galinha, mas ainda assim
Maria ignorou as ameaças do pai.
Não
deu outra: D’Annunzio, em quatro anos, lhe fez três filhos, a
corneou com dezenas de mulheres e gastou quase toda a sua fortuna.
Maria,
porém, declarou certa vez que, apesar do trabalho extra fora de
casa, ele não descuidava dela, comendo-a sempre que requisitado.
Já
outras línguas ressaltam que Maria gostava mesmo era de viados.
Não
os de quatro patas, mas os de duas pernas.
Morreu
em 1887, aos vinte e seis anos, conhecida como a Rainha das Bichas,
ou, como diziam os italianos da época, La Regina dei Finocchi.
Viúvo,
D'Annunzio continuou gastando com empregados e mulheres o dinheiro da
herança da mulher (que deveria ir para os filhos) até que em 1910
teve que fugir dos credores e foi parar na França, onde continuou
comendo tudo que usasse saia e não fosse nem escocês nem padre.
Quando
estourou a Primeira Guerra Mundial, voltou para a Itália para se
transformar no maior herói e piloto de guerra italiano e chegou a
ficar cego de um olho em ação. Era rara a mulher, depois disso, que
não quisesse ir para a cama com o baixinho careca.
A
verdade é que ele fez a fama, deitou na cama e ficou esperando o
mulherio, que arriscava fortuna e reputação para ser comido por
ele.
Feministas,
atenção: tratava mal as mulheres, jamais aceitou a possibilidade
delas terem um cérebro e, entretanto, parece ser verdadeira a
afirmação de que foi para a cama com mais de mil delas.
Na
condessa Mancini, com quem teve um romance, ele conseguiu desenvolver
um complexo de culpa tão grande que a mulher pirou.
A
marquesa Alessandra de Rudini Carlotti, filha do primeiro-ministro
italiano, depois de abandonada por ele, entrou para um convento.
Da
bela Bárbara Leoni levava alguns pentelhos dentro de um medalhão.
Depois que trepavam, enquanto ela dormia, ele anotava detalhes da
foda, que posteriormente utilizava em romances que se tornariam muito
populares.
A
condessa Maria Anguisina gastou uma fortuna para manter o amor do
romancista. O marido dela acabou botando os dois em cana por
adultério. Em compensação, ficou conhecido como il grande
cornuto d’Italia.
D'Annunzio
fez dois filhos na condessa e se mandou para a cama da atriz Eleonora
Duse, onde ficou durante nove anos, só saindo para comer outras
mulheres e escrever novos romances e peças de teatro.
Ela
também era maluca, pois bebia com ele durante o jantar estranhas
misturas afrodisíacas servidas no crânio de uma virgem.
Nem
isso fez com que ele deixasse de escrever um romance dizendo que
havia se cansado dela (quatro anos e meio mais velha que ele) pois
“aos quarenta e dois anos seus seios começaram a cair, uma coisa
inconcebível”.
Malucão,
disse que podia comunicar-se com a Duse (depois que ela morreu, é
claro) sempre que comia uma romã em frente a uma estátua de Buda.
Dizia ainda que depois de morto, queria ser disparado por um canhão
ou desintegrado em ácido.
Fascista,
como mais da metade da Itália na época, D'Annunzio morreu aos
setenta e cinco anos escrevendo em sua elegante mansão no lago Gada,
cercado por mais de cem empregados.
Um
cara que leva uma vida como a que ele levou não precisa ser bom
escritor, não é mesmo? Só não convenceu a atriz Sarah Bernhardt:
“Aquele baixinho careca tem olhinhos de bosta”.
DASHWOOD,
sir Francis (1708-1781) - Além de sacanólogo, um dos
maiores sacanólogos do mundo, fundador de um clube de
sacanas-satanistas chamado Clube do Fogo do Inferno. Comparados com
os sócios do Hellfire Club (fica mais chique em inglês, não é
mesmo?), os adoradores do bebê de Rosemary não passavam de
pudicíssimas donzelas.
Aos
dezesseis anos, por ocasião da morte dos seus pais, ele entrou numa
grana pretíssima e partiu para...? Acertou quem pensou sacanagem.
Aos
vinte e um anos já havia comido a imperatriz Ana da Rússia,
fingindo ser o rei Carlos XII da Suécia.
Por
que a imperatriz russa podia ser comida pelo rei sueco e por mais
ninguém é um mistério quase tão impenetrável como alguém querer
entrar para a Academia Brasileira de Letras e tomar chá com o José
Sarney e o Eduardo Portella.
Não
contente com isso, num domingo romano, armado de um longo chicote,
entrou na capela Sixtina e lategou com saudável vigor a bunda dos
penitentes que rezavam.
De
volta à Inglaterra, fundou, juntamente com outros sacanólogos (o
membro do parlamento John Wilkes e o escritor Lawrence Steme) o seu
Hellfire Club, cuja sede era na abadia de Medmenham, em Londres.
Felizmente,
Freud ainda não havia nascido para informar que uma vez que as
coisas que agradavam a Dashwood não agradavam a Deus, ele sentiu-se
na obrigação de adorar o Diabo. (E eu me pergunto: por que esta
necessidade idiota de adorar algum troço?)
Vai
daí que ele e sua patota, vestidos de monges, além de praticarem
magia negra, ainda tinham sob seu domínio mais de cinquenta moças
da melhor sociedade inglesa, que não devia ser das melhores.
Eram
todas metaforicamente comidas enquanto se compraziam em imitar a
madre Joana dos Anjos que foi, posteriormente, homenageada em grandes
descabelamentos palhaçais por Aldous Huxley, Kavalerowsky e um
diretor de cinema nervosinho chamado Ken Russell.
Além
de sacana, Dashwood era também um pintor de razoáveis méritos.
Decorou as paredes da abadia com afrescos eróticos onde abundavam
velas em forma de trolha, crucifixos de cabeça para baixo, vitrais
expondo os doze apóstolos em posições pouco ortodoxas... para
dizer pouco, quase nada.
Na
capela eram celebradas missas negras sobre o corpo de jovens peladas
em cujos umbigos os sacanas bebiam vinho. Como bebiam galões todas
as noites em que tinha missa, vocês bem podem imaginar quantos
umbigos eram necessários pura matar a sede da rapaziada.
Quem
duvidar do que eu estou dizendo, dê um pulo a Londres e visite a
igreja, mediante uma módica contribuição. Ela está aberta à
visitação pública.
Aparentemente,
as sacanagens privadas de Dashwood não interferiram na sua vida
pública, pois ele acabou sendo nomeado diretor-geral dos Correios
Ingleses, cargo que exerceu com dedicação e honestidade até o dia
da sua morte.
Acredita-se
que não tenha ido para o céu e que os cornos do diabo aumentaram
alguns centímetros desde que ele pintou no inferno.
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