BICHA
– Substantivo feminino. Nome comum a todos os vermes e répteis de
forma alongada: lombriga, sanguessuga; fila, fileira de pessoas;
divisa ou galão em mangas de uniforme; certo brinquedo infantil
(fam.); mulher muito irritada (bras.); canudinho de papelão cheio de
pólvora, que estala quando se lhe põe fogo; (gír.) febre amarela.
Embora o Dicionário de Língua Portuguesa, de J. Carvalho e
Vicente Peixoto, não registre, há ainda bichas que tomam no rabo e
chupam pau.
BIZARRIA
– Segundo G. L. Simon, autor do Simon’s Book of Sexual
Records, a palavra é extremamente subjetiva, pois quem pratica
um ato bizarro às vezes não se considera bizarro. Por
exemplo: vocês acham que o júri do Sílvio Santos, que compõe o
Museu do Bizarro, se considera bizarro?
Vocês
acham que a turma do poire do Dr. Ulysses considera bizarro o
fato de termos esperado vinte e cinco anos para ver eles encherem a
cara com aguardente de pera importado enquanto 75 milhões de
brasileiros vivem abaixo de cu de cachorro?
De
qualquer forma, o Simon se referia à bizarrice no ato sexual.
Tem
gente que só consegue gozar enterrado na lama até o umbigo.
Outros
– havia um milionário alemão famoso que morava no Rio de Janeiro
– têm mania de pedir para a mulher fazer cocô no peito dele.
Existem
homens e mulheres que só conseguem gozar comendo a meleca do nariz
do parceiro e outros que ainda precisam ser mijados dos pés à
cabeça.
Falar
nisso, não sei se eles gostam, mas sempre que vocês encontrarem
alguém da seita Moon ou da Tradição, Família e Propriedade
enchendo o saco dos transeuntes, dêem uma mijada nas pernas deles.
Não servem para mais nada.
Mas,
enfim, Krafft-Ebing, um sexólogo taradão, passou a vida inteira
colecionando bizarrices sexuais.
Pessoalmente,
creio que os políticos brasileiros que defendem o arrocho salarial e
o descongelamento de preços são todos muito bizarros.
Bebem
pipi e comem cocô.
Sério:
é que teriam que ser super-homens para aguentarem tanto horror.
Fazem
uma sacanagem com o povão e em seguida vão até o bordel onde pagam
uma moça ou um rapaz para fazer cocô e pipi na cara deles, além de
xingá-los de “ladrão”, “corrupto”, “canalha”.
O
bizarro, todo mijado e cagado, goza ao ouvir esses insultos, chora um
pouco e, completamente purgado, sai para a rua pronto para sacanear o
povão novamente.
BOCCACCIO,
Giovanni (1313-1375) – Filho da puta. Na época, um
troço sério. Não como hoje em dia, quando qualquer garotinho xinga
outro com este epíteto. Realmente,
o Brasil moderno está cheio de filhos da puta, principalmente entre
a classe dominante. As
mães deles, embora incluídas no insulto (e as mais insultadas) não
têm nada a ver com a filha da putice dos filhos.
Deu
pra entender? Não? Então eu tento de novo: chamar um cara de filho
da puta hoje em dia não significa necessariamente que você tenha
alguma coisa contra a mãe dele.
Virou
um insulto isolado, independente da mãe, sentiram?
É
um troço tão maluco que, em certos casos, vira até adjetivo
carinhoso: “Dá cá um abraço, seu filho da puta”.
Eu
disse que o Boccaccio era um filho da puta não para insultá-lo, que
eu estou muito velho pra me iniciar na profissão de dedo-duro.
Além
disso, admiro o cara.
É
que o pai dele – um mercador da Toscana – sempre que ia à
Florença visitava uma certa casa dentro da qual o esperava uma certa
senhora e que ele certamente tascava.
Depois
de certo tempo a mulher deu à luz o nosso Bocca e foi logo dizendo
pro velho toscano: “Toma que o filho é teu”.
Apesar
de casado com a sra. Boccaccio, ele enfrentou a barra e levou o guri
para casa.
Não
sei se como filho da puta, como diplomata, como professor ou como
amigo de Petrarca, o jovem não levou muito tempo para fazer sucesso.
A
verdade é que foi o melhor escritor da sua época.
Ou
tem aí algum membro da tribo dos analphas que nunca ouviu
falar no Decameron?
Pois
foi ele quem escreveu.
Aliás,
não escreveu só o Decameron que o Pasolini homossexualizou
demais na sua versão cinematográfica.
Quando
jovem escreveu contos, pastorais e poemas, entre eles Filostrato,
a história de amor entre Troilus e Cressida que mais tarde foi
devidamente chupada por Chaucer e Shakespeare, respectivamente.
Mas
façamos justiça aos ingleses: a versão deles é melhor que a do
italiano.
Il
Decamerone, que foi escrito em 1358, é uma coleção de cem
histórias supostamente narradas por dez aristocratas que se refugiam
numa casa de campo para escapar de uma peste braba que havia atacado
Florença.
As
sacanas e os sacanas passavam o tempo contando histórias de
sacanagem uns para os outros.
O
tema favorito: estratagemas usados por jovens esposas para cornear
velhos maridos.
Recentemente,
jovem senhora, casada com industrial ancião, rico, ladrão e filho
da puta (no sentido que expliquei pra vocês no início deste
verbete), me confessou que até hoje o velho Decameron lhe
fornece excelentes ideias.
Muito
anticlericarismo apresentando freiras ninfomaníacas perseguindo o
jardineiro do convento e padres sacaníssimos fantasiados de anjos
visitando senhoras “religiosas”, casadas com senhores
ciumentíssimos.
Depois
da Bíblia, o Decameron é o livro mais lido e mais proibido
em todos os conventos da Itália.
Recentemente
foi excluído do index porque simancol não se receita só pra
paisano.
Proibir
Boccaccio morto e permitir Marcinkus vivo seria uma heresia, pois
não?
Chaucer
bebeu muito nas águas de Boccaccio ao escrever The Canterbury
Teles, também enviadados por Pasolini no cinema, mas com maior
fidelidade à época.
Nas
tetas generosas de Boccaccio mamaram ainda Dryden, Keats, Tennyson e
Swinburne, entre outros.
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