GENITAIS
– Quem disse “são os órgãos reprodutores”
acertou. Especialmente os que ficam de fora. Nos homens mais
pendurados que nas mulheres, cuja decoração é interna. Na fachada
apenas os pentelhos que, geralmente, escondem o clitóris. No caso
masculino, os genitais são os testículos, ovos, bagos, culhões,
que ficam se movendo dentro do escroto.
Ao
contrário da classe dominante brasileira, que possui centenas de
milhares de escrotos, cada homem possui apenas um escroto e dentro
dele dois testículos.
O
outro genital masculino é o pênis, que tem representantes nos três
reinos, como ferro (mineral), ganso (animal), quiabo (vegetal).
Exemplos: “Fulaninha, se engraçou, levou ferro e agora está
grávida”; “Rapaz, tô a periguete: há três semanas que não
afogo o ganso”; “Sei não, mas o Reginaldo tem pinta de quem
escorrega no quiabo”.
Os
genitais femininos, apesar de serem apenas um, são mais. Às
ignorantezinhas que me honram com seus olhos apresento agora a
vulva.
Eu
falei que os genitais, embora dois, eram mais porque a vulva se
compõe do romântico monte de vênus (aquele triângulo
inchadinho que, depois dos doze, treze anos, se cobre de pentelhos
louros, castanhos, pretos, ruivos, lisos ou sararás, dependendo da
etnia); do clitóris, labia magiora (aqueles lábios
grandes parecidos com roast-beafs, ou seja, bifes grelhados,
mas que em verdade são rose-lips, lábios rosados), labia
minora, uretra, vagina, períneo e ânus. Este último não deve
ser confundido com uma porção de anus pretos em louca revoada.
Quando
eu chegar na letra “V”, de vulva, explicarei tudo aquilo que as
moças têm e que lhes (nos) dá tanto prazer e elas não sabem.
Por
enquanto direi apenas às minhas leitoras que se quiserem ser
apresentadas às respectivas vulvas em sua totalidade, devem
deitar-se em frente a um espelho de tamanho razoável com as pernas
bem abertas e a cabeça levantada. Dizem, mas não provam, que na
Bahia tem uma jovem que não precisa deitar e abrir as pernas para
ver o clitóris. Fica de pé e olha pra baixo. No lo creo.
Muito
antes de Homero narrar as sacanagens entre deuses, semideuses,
mortais, aristocratas, seres humanos em geral e militares e
políticos, o homem já tentava criar um paralelo entre o tamanho da
manjuba e outras características físicas. Aquele negócio: nariz
grande = pau grande; boca grande = xota grande. (Aproveito para
esclarecer que as xotas que conheci jamais se incomodaram em serem
escritas também com “ch”); clitóris grandes = muita siririca ou
masturbação.
O
que há de certo no ramo é o seguinte:
1)
ectomorfos, ou seja, homens altos e ossudos tendem a ter palhações
maiores que os endomorfos, senhores troncudos e baixinhos;
2)
os americanos aterrorizavam suas mulheres e filhas, logo após a
chegada dos escravos à América, com o tamanho das jebas crioulas,
que seria descomunal. Cientistas que se dedicam a esta desagradável
pesquisa informam que a mala negra só é maior que a caucasiana ou
branca quando em posição de descanso;
3)
os japoneses que me lêem, por favor, me perdoem, mas vou dedar: o
deles é menor, como bem prova o herói (que acaba sem o dele) do
filme O Império dos Sentidos. Em compensação, como trepa o
pequeninho: no filme dá, pelo menos, umas vinte bimbadas, sem contar
os ensaios feitos atrás das câmeras;
4)
as vaginas tornam-se, realmente, mais largas com o exercício da
maternidade;
5)
o tamanho dos órgãos sexuais do homem não tem nada a ver com
potência, maior ou menor prazer. Mas uma amiga minha me confidenciou
ao ouvido outro dia: “Pode não ter, mas eu prefiro um visual bem
visível”.
GESTAÇÃO
– O período em que a fêmea carrega a criatura do momento da
concepção até o parto. Pode também ser usada como metáfora:
“Imaginem que o Ibrahim ficou com este livro em gestação durante
trinta anos e saiu esta merda”. Mas a gestação que nos interessa
é a primeira.
Na
grande maioria dos mamíferos há uma definitiva relação entre o
tempo de gestação e o tamanho e peso com que nascerá o rebento. A
mulher carrega o feto por nove meses, a égua por onze, as camelas
por doze, as girafas por quatorze, os rinocerontes por dezoito e as
elefantas (eu sou chato: elefoas) por vinte e dois meses.
Surpreendentemente,
o bebê da baleia azul se desenvolve no mesmo período que o bebê do
golfinho: dez meses. Já um porquinho-da-índia se desenvolve
plenamente em apenas uma semana. Se trepasse o tempo todo, poderia
ter ninhadas a cada dezoito dias e teoricamente ter quase 100 mil
filhotes em um ano.
GOETHE,
Johann Wolfgang von (1749-1832) – Entra aqui por ter
escrito o Fausto e, de lambuja, As Tristezas do Jovem
Werther, quatorze livros científicos e outros tantos de poesia,
além de peças teatrais. Foi ainda o fundador da morfologia e seu
trabalho sobre botânica é anterior ao de Darwin. Considerado o
Shakespeare da Alemanha, foi, sem dúvida, o homem mais brilhante do
seu tempo.
Curioso:
era artista, rico e não se sabe de nenhum momento em sua vida que
tenha tomado uma atitude canalha. Comeu muitas mulheres ricas,
pobres, aristocratas, plebeias, camponesas, urbanas – Charlotee
Buff, Katchen Schõnkopf (que, literalmente, quer dizer cabeça
bonita), Friederike Brion, Lili Schõneman (que quer dizer homens
bonitos), Christiane Vulpius – mas sempre com a maior discrição.
Vivia
o tempo todo envolvido com mais de uma, pois aparentemente uma era
para adoração e a outra para fuder. Eventualmente compreendeu que
podia fazer as duas coisas com a mesma mulher.
Já
viúvo aos setenta e quatro anos, propôs casamento a Ultrike von
Lewetzov, que ainda não tinha vinte anos. Ela não topou, embora ele
garantisse que “cabelos brancos ou não, ainda posso fazer amor”.
Todas
as traduções de Fausto que passaram por mim, com exceção da
inglesa, de Ralph Tenner, são ilegíveis. Fiquem com este verso de
Augusto de Lima:
“Ó
Fausto, sonhador Quixote da Ciência/ Quando buscavas ler no livro do
futuro/ nos antros da Matéria, o verbo da Existência/ mais absurdo
que tu, mais sibilino e escuro/ talvez no seu jardim a mais bela das
mulheres/ entre os risos azuis da natureza nua/ regasse a Margarida
os brancos malmequeres/ que depois desfolhou por ti, à luz da lua”.
Só
para vocês não dizerem que este verbete está bem-comportado
demais: uma das muitas amantes de Goethe – Christiane Vulpius –
chamava o pau dele de Herr Schönfuss, ou seja, Sr. do Pé
Bonito. O motivo do apelido, o velho J. W. v. G. levou para o
túmulo.
Finalmente,
o verdadeiro Fausto existiu sim.
Chamava-se Johann Faustus, um
mágico, alquimista e astrólogo alemão do século XVI que,
desesperado com os limites do conhecimento humano, teria vendido a
alma a Mefistófeles em troca da imortalidade.
Depois de virar peça
de Marlowe, virou poema dramático de Goethe.
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